Terminada mais uma edição das Série A e B do Campeonato Brasileiro, Atlético e América têm muito a comemorar na Primeira Divisão, enquanto o Cruzeiro ficou devendo muito pelo segundo ano seguido na Segunda. Levando-se em conta o desempenho dos rivais desde que a competição passou a ser disputada por 20 clubes e por pontos corridos, em 2006, nota-se grande oscilação entre eles, o que deve manter americanos e atleticanos alertas e os cruzeirenses esperançosos.
Começando pelo grande vencedor do futebol nacional este ano, o Galo quebrou jejum de quase 50 anos sem o título do Brasileiro com campanha impecável, terminando 13 pontos à frente do segundo colocado, o Flamengo, com 84 pontos em 114 possíveis, ou 73% de aproveitamento. Teve também o artilheiro, Hulk, ganhador da Bola de Ouro e eleito craque da competição.
Há 15 anos, o time chegou a ter dificuldades antes de chegar ao título da Série B. Voltou a ser ameaçado pelo rebaixamento em 2011, mas reagiu e foi vice em 2012, um ano antes de se sagrar campeão da Copa Libertadores. Repetiu a campanha em 2015, mas fraquejou em 2017 (nono lugar) e 2019 (13º).
No ano passado, deixou o título escapar por três pontos, mas agora tirou peso das costas e espera emendar sequência positiva. E mudou de patamar, segundo o presidente Sérgio Coelho "Estamos trabalhando para que a gente possa ganhar outros títulos. Tenho certeza que o trabalho vai continuar com muito sucesso, absoluta certeza. Nossa proposta é tornar o Atlético protagonista de todos os campeonatos e também ter uma gestão altamente profissional", disse ele ao receber a taça, domingo passado, no Mineirão.
As palavras do dirigente podem começar a se tornar realidade já na próxima quarta-feira, quando fará o jogo de volta da decisão da Copa do Brasil, contra o Athletico-PR, em Curitiba. A ida será neste domingo, às 17h30, no Gigante da Pampulha.
Para atingir os objetivos em 2022, o Galo está se reforçando. Já contratou, por exemplo, o atacante Ademir, destaque do América nos últimos anos, que terminou a Série A com 13 gols, mas que jogadores badalados como os rubro-negros Gabigol (12) e Bruno Henrique (11) ou o colorado Yuri Alberto (12).
Por falar em Coelho, o time não só alcançou o objetivo de não voltar para a Série B, como ocorreu em todas as outras vezes que subiu nos pontos corridos, como ainda garantiu vaga inédita na Copa Libertadores. A expectativa é que isso viabilize a transformação em clube-empresa, com a chegada de investidor estrangeiro, com capacidade financeira para montar um time que continue dando alegria aos americanos.
Tudo muito diferente de 2007, quando não disputou nenhuma competição nacional e ainda foi rebaixado para o Módulo II do Campeonato Mineiro. Depois de ser campeão da Série C do Brasileiro em 2009, voltou à Série B no ano seguinte e já conquistou o acesso, mas em 2011 foi novamente rebaixado. Ficou na Segunda Divisão de 2012 a 2015, quando conseguiu o acesso, mas foi novamente rebaixado no ano seguinte. Em 2017, conquistou o título da Segundona, caindo mais uma vez em 2018. Poderia ter subido em 2019, mas a incrível derrota para o já rebaixado São Bento-SP em pleno Independência adiou os planos para 2020, quando por muito pouco não conquistou o terceiro título.
Agora, trabalha para ser mais forte ainda. "Queremos manter quase todos os jogadores, mas é um elenco que se valorizou, ganhou visibilidade. Vamos perder três,quatro, cinco jogadores. Teremos de ser muito assertivos, criativos, para ir ao mercado buscar jogadores do talento do Ademir, mas não é fácil. Ele é um dos destaques do futebol brasileiro. O mais importante é o perfil América, quem compre a ideia. Como o Ademir fez. Ele não era o jogador que é hoje. Ele se dedicou e o grupo ajudou demais na evolução dele. Então, temos de manter este conceito e tenho certeza que surgirão novos nomes de destaque", disse o técnico Marquinhos Santos.
Reformulação
No Cruzeiro, a ordem é vida nova depois de fracassar por dois anos seguidos na Série B, nos quais não conseguiu nem sequer passar do 10º lugar na tabela, ficando longe da briga pelo acesso. Muito pouco para quem conquistou dois títulos da Série A, em 2013 e 2014, além de ter sido vice em 2010.
Para isso, a diretoria iniciou uma ampla reformulação no grupo, mesmo com dificuldades financeiras e ainda não tendo sanado as dívidas que provocaram punição da Fifa, que proibiu o clube de contratar jogadores. A expectativa é que isso ocorra até o fim do ano, pois precisa registrar os seis jogadores já anunciados, sendo o armador João Paulo, ex-Atlético-GO, o mais recente.
Para o ano que vem, a grande aposta é a chegada de um investidor que compre a empresa criada com base na nova legislação que possibilita a criação da Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Na próxima sexta-feira, haverá votação para alterar o Estatuto, permitindo a aquisição de até 90% das ações pelo interessado.
"Daqui a uma semana o Conselho Deliberativo do Cruzeiro terá a chance de mudar os rumos do clube. Somente com a aprovação da venda do controle da SAF conseguiremos atrair investidores de alto nível. O destino do clube está nas mãos do Conselho", escreveu Pedro Mesquita, sócio da XP, empresa que está assessorando a Raposa na mudança.