Matías Zaracho e Ademir fazem grande temporada por Atlético e América, respectivamente (Foto: Pedro Souza/Atlético e Mourão Panda/América)


Nas primeiras décadas do século passado, duelos marcantes, grandes públicos e decisões de Estaduais mexiam com os imaginários dos torcedores de Atlético e América, apontados como as duas principais equipes de Minas Gerais na época. Hoje, as equipes que protagonizaram o antigo "clássico das multidões" voltam a dividir as atenções no estado e vivem, juntos, seus melhores momentos em décadas de rivalidade, numa época em que o Cruzeiro (outro grande da capital) vive a maior crise da história. Com o Galo perto de conquistar o segundo título nacional e na final da Copa do Brasil e o Coelho com chances de vaga inédita na Copa Libertadores, o clássico deste domingo, às 16h, no Mineirão, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro, tende a ser especial.




As duas equipes têm as melhores campanhas do returno da competição. Enquanto o Galo obteve 66,67% de aproveitamento (seis vitórias, dois empates e duas derrotas), o Coelho conquistou 63,33% dos pontos disputados, com cinco vitórias, quatro empates e uma derrota.

O Atlético chegará ao clássico desta tarde acima de 90% de possibilidade de conquistar o Brasileiro, segundo cálculos do departamento de matemática da UFMG. Ainda que jogadores e o técnico Cuca deixem a euforia para o lado do torcedor, a equipe jamais teve condição tão favorável nesta altura do campeonato para levantar a taça de campeão. Os líderes têm cinco jogos em casa (enfrenta ainda Corinthians, Juventude, Fluminense e Bragantino) e outros quatro fora (Bahia, Athletico-PR, Palmeiras e Grêmio) para tentar confirmar o primeiro lugar.

Apesar disso, o volante Allan prega cautela: "Ainda faltam muitos jogos e o campeonato está em aberto. Por mais que a vantagem é boa, temos que nos privar da ansiedade. Precisamos continuar mantendo a seriedade".




Do lado americano, o momento também é de euforia. Rebaixado por três vezes consecutivas (2011, 2016 e 2018) após acesso à elite, o time alviverde também faz bom trabalho dentro e fora das quatro linhas e pode chegar à Libertadores ou mesmo à Copa Sul-Americana pela primeira vez na história - a probabilidade de vaga nas competições é de 9,8% e 69,7%, respectivamente, segundo a UFMG.

Na última temporada, o Coelho já havia surpreendido ao chegar às semifinais da Copa do Brasil e ter conquistado o acesso à elite após ótimo trabalho do técnico Lisca. O treinador deixou o clube no início da competição e Vagner Mancini foi contratado, mas também pediu demissão ao receber proposta do Grêmio. Coube a Marquinhos Santos dar continuidade ao trabalho.

O América não vence o Atlético desde 2016, quando levantou o título estadual. Nos últimos 17 jogos entre as equipes, 12 triunfos alvinegros e cinco empates.




O volante Juninho admite que a sequência incomoda o grupo: "Ninguém gosta de não vencer, ou só perder, vamos dizer assim. Peso a mais eu acho que o jogo não traz para esse grupo, até porque são situações diferentes. Peso já tem por ser clássico. Quanto mais leve nós entrarmos em um clássico desses, mais próximos nós ficamos da vitória".

O clássico entre Galo e Coelho desta tarde será marcado por um laço de amizade entre dois estrangeiros que atuaram juntos no poderoso Boca Juniors recentemente. Nas temporadas de 2019 e 2020, o zagueiro paraguaio Junior Alonso e o atacante argentino Mauro Zárate se tornaram amigos e ganharam títulos pelo clube xeneize: Superliga Argentina (2019-2020) e Supercopa Argentina (2019).

Hoje, eles estarão em lados opostos e serão importantes para suas equipes dentro de suas funções: o defensor tentará manter os bons números da defesa do Galo (22 gols sofridos em 29 jogos) e o centroavante tenta melhorar os números ofensivos do Coelho, que balançou as redes apenas 24 vezes no Brasileiro.




Alonso chegou por indicação de Jorge Sampaoli no ano passado, formando dupla com Réver. Em boa parte do último Nacional, a parceria foi questionada pelo alto número de gols sofridos (45 em 38 jogos). Em 2021, porém, teve encaixe com o técnico Cuca, sobretudo depois que Nathan Silva retornou ao clube.

Zárate foi contratado para disputar o Brasileiro desta temporada como principal reforço do Coelho. Desde então, conviveu com problemas físicos e só fez um gol em oito jogos.

Despedida


O clássico deste domingo será o último de Ademir com a camisa do Coelho. A partir do ano que vem, ele defenderá as cores do Galo, numa negociação que demorou para ser concluída. Desde o ano passado, o camisa 10 se tornou uma das peças mais fundamentais do América, com 23 gols e seis assistências em 85 jogos. Com isso, chamou a atenção dos grandes clubes do país, entre eles Palmeiras e o próprio alvinegro mineiro.




O Galo pode ter dois desfalques no Mineirão. A ausência do argentino Nacho Fernández já é certa, já que ele recebeu o terceiro cartão amarelo diante do Grêmio. Zaracho será deslocado para o meio e Savarino ou Vargas fará o lado de campo. Já o volante Jair teve incômodo muscular e deve dar lugar a Tchê Tchê. No Coelho, Marquinhos Santos poderá escalar o que tem de melhor no jogo.

ATLÉTICO X AMÉRICA


Atlético
Everson; Mariano, Nathan Silva, Alonso e Arana; Alan, Tchê Tchê (Jair) e Zaracho; Savarino, Hulk e Diego Costa
Técnico:  Cuca

América
Matheus Cavichioli; Patric, Ricardo Silva, Eduardo Bauermann e Marlon; Lucas Kal, Juninho e Alê; Ademir, Zárate e Rodolfo
Técnico:  Marquinhos Santos

Motivo:  30ª rodada do Campeonato Brasileiro
Estádio:  Mineirão
Data:  domingo, 7 de novembro
Horário:  16h

Árbitro:  Wilton Pereira Sampaio (GO)
Assistentes:  Fabrício Vilarinho da Silva e Bruno Raphael Pires (GO)
VAR:  Elmo Alves Resende Cunha (GO)