Nossos irmãos portugueses chamam de pequeno almoço o nosso café da manhã. Talvez a etimologia lusitana seja mais apropriada à importância da refeição que interrompe o jejum. Dois treinadores portugueses que andam de barriga cheia na terra brasilis comandarão as estratégias da primeira pequena decisão do Campeonato Brasileiro.

Palmeiras e Botafogo se encontrarão no duelo mais importante da 12ª rodada, praticamente um terço de um torneio de 38 jogos.

 

Líder e vice-líder estão separados por cinco pontos e três vitórias na classificação. O Bota tem 27 contra 22 do Verdão, além de somar nove vitórias ante seis do rival. Uma vantagem confortável que praticamente obriga o time paulista a encarar a partida como decisão. Por mais que o campeonato esteja longe de seu desfecho, é em capítulos como este que a trama se constrói na direção de um final feliz.

 

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O Botafogo é a surpresa mais agradável da competição. Sem a badalação que envolve Palmeiras, Flamengo e Atlético vai construindo uma campanha que o credencia a não ser mais chamado de surpresa. É justo que seja tratado como candidato. Vencer nove de 11 jogos é uma trajetória musculosa. Os comandados do polido Luís Castro têm saldo positivo de 12 gols. Sem jogadores convocados para seleções, o time não se abala nas Datas-FIFA e segue em sua toada discreta e eficiente. O atacante Tiquinho Soares e o goleiro Lucas Perri se destacam. O novo gramado sintético do estádio Nilton Santos virou arma e proporciona as condições para um jogo de bola no chão e velocidade.

 

 

 

 

O Palmeiras do explosivo Abel Ferreira tem apenas uma derrota no Brasileiro, mas empatou quatro vezes e venceu seis. Empates são dolorosos num torneio de regularidade. As três vitórias a menos em relação ao Botafogo configuram uma pressão extra, ainda que a equipe tenha um gol a mais de saldo que os de General Severiano. Com vários atletas convocados para seleções o Palmeiras perde brilho. Sem Veiga e Rony o Verdão sofre pela falta de capacidade decisiva dos substitutos. Quando não tem Piquerez, o funcionamento tático do time cai consideravelmente, sem a produtividade do lateral uruguaio nas variações em saída de bola com três jogadores e na recomposição defensiva.

 

 

 

 

Com esse quadro, o empate surge como um ótimo resultado para o Botafogo. A distância para o Palmeiras seria mantida em cinco pontos, o Grêmio poderia ficar no máximo a quatro e Flamengo e Atlético a cinco. A igualdade, se vier, será a quinta do Palmeiras em 12 partidas, um índice preocupante para uma equipe apontada como principal favorita. Reflexo da dificuldade que vem encontrando para ser mais eficiente no aproveitamento das muitas chances criadas. 

 

Uma vitória do Botafogo transforma o torneio em missão para o rival alviverde ainda no primeiro terço da disputa. Buscar uma diferença de oito pontos e quatro vitórias impactaria no planejamento e no manejo do Palmeiras na Libertadores e na Copa do Brasil. A sequência de partidas é desafiadora. Jogo decisivo na Libertadores, Athletico Paranaense fora, Copa do Brasil contra o rival São Paulo e Flamengo em casa. A sequência botafoguense parece mais tranquila. Magallanes em casa pela Sul-americana, Vasco em casa, Grêmio fora e Bragantino em casa pelo Brasileiro.

 

Domingo, no Allianz Parque, a primeira pequena decisão com cara de pequeno almoço será determinante para a elaboração dos cardápios de Botafogo e Palmeiras no caminho da grande ceia do título nacional.