Durante depoimento nesta terça-feira (20) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga manipulação em jogos de futebol, um dos principais nomes citados no escândalo alegou que atletas de três dos principais clubes do país estavam envolvidos em esquemas.
Marcos Barreira, apelidado de Romário, era jogador do Vila Nova-GO, e a partir de um relato dele, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) deflagrou a primeira fase da Operação Penalidade Máxima.
Romário foi convidado a depor pela CPI sobre seu envolvimento nas ações e negou que teria recebido dinheiro de aliciadores para cometer ações que poderiam fraudar jogos.
Quando perguntado se teria conhecimento de outros jogadores que participariam de esquemas, o volante falou que não sabia de nomes, mas que alguns clubes foram citados.
- De Goiás, não. Mas de outros estados, sim. Jogadores não chegaram a falar nomes, mas falaram dos clubes. Cruzeiro, Avaí, Santos e, na época, Atlético Mineiro. Eles chegaram a falar e me mandar vídeo dos caras - afirmou Romário durante o depoimento.
O envolvimento de Romário
Originalmente, o volante Romário foi o primeiro procurado pelo grupo de apostadores. No entanto, ele não podia atuar porque esteve prestes a se transferir para uma equipe dos Emirados Árabes Unidos e rescindiu com o clube. Quando a transferência não foi realizada, ele voltou para o Vila, mas não podia voltar a atuar com o Colorado.
Sem condições de jogo, Romário procurou Gabriel Domingos e o companheiro aceitou a oferta. Um dos apostadores fez uma transferência de R$ 10 mil para Domingos, que repassou R$ 5 mil a Romário por ter feito o contato com os apostadores.
Durante o depoimento na CPI, Romário afirmou que as circunstâncias foram diferentes das listadas em documentos da Operação Penalidade Máxima.
- Fizeram a proposta para mim, e eu neguei. Meu erro foi ter passado o número do Gabriel Domingos para eles - disse o ex-jogador do Vila.
Segundo os documentos da operação, após Romário ficar sabendo que Domingos não jogaria na última rodada da Série B de 2022, contra o Sport, ele buscou outros atletas para cometer um pênalti, o pedido dos apostadores.
Romário procucou Willian Formiga, Jean Martim e Sousa, mas nenhum dos três aceitou a proposta.
O jogador também disse à CPI que foi ameaçado por um aliciador identificado como Brauno.
- Ele veio me cobrar os R$ 500 mil da aposta. Falei que não teria como pagar algo que não fiz e aí ele começou a me ameaçar. Tem prints, vídeos dele ameaçando minha família - afirmou.
Banido do futebol
Romário foi julgado no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no dia 29 de junho e recebeu a punição de banimento do futebol, a mais dura possível para o caso.
Julgado pelos artigos 191, III parágrafo; 242; 243 §§1º e 2º; e 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), Marcos Vinicius Alves Barreira poderia pegar multa de R$ 100 a R$ 100 mil e suspensões que variavam de 180 dias até o banimento do futebol.