Este não é um texto sobre o Atlético-MG como time durante a passagem de Eduardo Coudet. Houve bons jogos, outros nem tanto. Bons resultados, outros nem tanto. Alguns destaques, alguns problemas. Isso é do jogo. Este é um texto sobre o que eu enxergo como o comportamento inconveniente de um profissional do futebol no Brasil.
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Coudet mais uma vez passou por um grande clube brasileiro, pediu muito e deixou pouco. Não admitiu ser contestado, cobrado por desempenho e decisões tomadas, mas sempre se sentiu no direito de cobrar. A cena da encarada nos torcedores no intervalo do jogo contra o Red Bull Bragantino teve algo de ridícula.
É assumir uma capacidade de resistência muito baixa às frustrações essa coisa de possivelmente estar encarando as negociações de Allan e Nathan Silva como a gota d'água que inviabiliza trabalhar no Galo. Se ele não pode melhorar jogador, entender o mercado e ajudar o clube a partir de processos internos e opções de jogo imprevistas, aceitou a proposta exatamente com qual objetivo?
No fim das contas, me soa uma parada meio de usar o futebol brasileiro como trampolim, não como uma maneira de desenvolver o próprio trabalho ou ajudar a desenvolver o clube e o ambiente onde está. Foi assim no Inter, foi assim no Galo. Qual será o próximo?
Algo parecido acontece com Jorge Sampaoli, hoje no Flamengo e antes no Santos e no próprio Galo. É outro treinador que aparenta se sentir mais poderoso que o clube, com jeito de tratar o país como trampolim. A diferença é que os times de Sampaoli disputam títulos, constroem relevância até no jeito de jogar, desenvolvem jogadores. Coudet é o Sampaoli sem resultados, o Sampaoli que saiu antes da hora, o Sampaoli que deu errado.
Em 2023, as duas crises que atrapalharam o andamento natural das coisas no Atlético tiveram Coudet como personagem central. Aquela entrevista depois da estreia na Libertadores que gerou o clima de corda bamba presente em toda a relação e a decisão de deixar Hulk e outros no banco de reservas num jogo decisivo de Copa do Brasil. Agora, a saída não sem antes criticar o elenco que considera curto.
É simbólico que o último ato tenha sido a desvalorização pública de quem ficou.
Coudet no Atlético-MG
Na sua curta passagem pelo Atlético, Coudet comandou o time em 35 jogos, tendo 21 vitórias, oito empates e seis derrotas. Ele foi campeão mineiro e entrega o time no G4 do Brasileirão e com a classificação encaminhada na Libertadores, mas fora da Copa do Brasil.