17 de maio: Dia Mundial contra a LGBTfobia (Foto: Junior Souza/CBF)

 
Nesta quarta-feira (17) é o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, mas ainda que clubes e instituições tenham abraçado a data nas redes sociais, há muito o que se percorrer no esporte quando o assunto é preconceito. O Anuário do Observatório do Coletivo publicou os dados de 2022 sobre casos de homofobia no futebol e os números são alarmantes. 




De acordo com o relatório produzido pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, houve um aumento de 76% dos casos com relação ao período anterior. Em 2021 foram 42 e, em 2020, ano do início da pandemia de covid, com os campeonatos paralisados, esse número foi de 20 casos.

- É importante que a gente pense que estamos falando de um problema social, que já está posto e que mata pessoas. Quando a gente tem milhares, dezenas de milhares de pessoas gritando, cantando a homofobia, no fundo, isso aí é a afirmação de um valor, de um ideal de sociedade, de masculinidade tóxica e entre outras coisas - disse Onã Rudá, fundador do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ , ao Superesportes.

A CBF é parceira do coletivo desde o ano passado e tem se posicionado com mais afinco em casos de homofobia no futebol. Inclusive, segundo o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, eleito em 2022, essa é uma das prioridades da gestão. 




- O trabalho mostra uma triste realidade, que estamos lutando para acabar no futebol. A CBF vai sempre combater os preconceitos e trabalhar para que o futebol seja um lugar de inclusão - afirmou o mandatário, que é o primeiro negro e nordestino a comandar a entidade.
 
 

Combate à homofobia depende de punições


Além de apresentar dados e mapear os problemas enfrentados pela comunidade LGBTQIA no futebol, o relatório também fala sobre o trabalho feito pelo Coletivo até agora na tentativa de dialogar com órgãos e entidades do futebol e de atuação sobre o esporte, como o STJD e Ministério Público, responsáveis por punir os atos criminosos.

- Eu acho interessante que as pessoas às vezes dizem assim: 'Por que a gente tem que falar disso no futebol? Para quê? O que isso representa para o futebol, sendo que sempre foi assim?'. Como se o fato de ter sido sempre assim até aqui não demandasse uma mudança de comportamento. Quer dizer, o futebol tem uma série de necessidades que aconteceram ao longo da sua constituição enquanto esporte, mas também das pessoas que o conduzem, né? Imagina se a gente tivesse as práticas que a gente tinha no futebol brasileiro na década de 1970, 1980... ou até mesmo antes disso bem complicado.

A Canarinhos compartilha propostas e os apresenta às torcidas que integram o movimento. Para elaborar o Anuário de 2022, que será divulgado em breve por completo, o coletivo contou com a sistematização e consolidação dos dados pela Universidade do Estado da Bahia.