A profusão de casos de manipulação no futebol brasileiro causou uma série de afastamentos em clubes das Séries A e B.
Entre os afastados, estão nomes que já constam como réus no processo que está sendo apurado pela Justiça de Goiás, e outros que são apenas citados, direta ou indiretamente, nas conversas obtidas pela Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público.
Há também jogadores que fizeram um acordo, e não serão considerados indiciados no processo, e outros que, mesmo mencionados, seguem atuando pelos seus clubes.
Afastados e denunciados
Eduardo Bauermann - Santos
Envolvido em duas ações, uma referente a um cartão amarelo em Santos x Avaí e outra, a uma expulsão em Botafogo x Santos, ambas no Brasileirão de 2022
Fernando - São Bernardo
Na época atuando pelo Operário, recebeu oferta do grupo de criminosos para cavar uma expulsão em um jogo contra o Sport, na Série B.
Paulo Miranda - Náutico
Paulo Miranda, denunciado por intervenções em dois jogos do Juventude, clube que defendia no ano passado, tem contrato vigente com o Náutico. Segundo o 'ge', ele acertou sua rescisão "em comum acordo", mas o rompimento do contrato ainda não foi oficializado.
Afastados que viraram testemunhas na investigação
Kevin Lomónaco - Red Bull Bragantino
Admitiu que o oferecimento de R$ 70 mil para um cartão amarelo em Red Bull Bragantino x América-MG, pelo Brasileirão 2022. Ele ainda recusou uma segunda proposta para cometer um pênalti em Red Bull Bragantino x Portuguesa no Paulistão 2023.
Afastados que foram apenas citados
Pedrinho e Bryan García - Athletico Paranaense
Os nomes dos jogadores apareceram em uma planilha obtida durante as investigações. O clube emitiu nota na quarta-feira confirmando que a dupla não seguirá nos trabalhos do elenco principal até que os fatos sejam apurados.
Richard - Cruzeiro
O MPGO teve acesso a uma conversa que supostamente teria acontecido entre o volante do Cruzeiro, à época no Ceará, e um dos membros do grupo de apostadores. Na manhã de ontem, o clube divulgou nota sobre seu afastamento preventivo.
Alef Manga e Jesus Trindade - Coritiba
Também na planilha da organização de apostadores, a dupla foi afastada pelo Coritiba na vésperas do confronto contra o Vasco. Em nota enviada à imprensa, o advogado de Manga, Jeffrey Chiquini, classificou a decisão como "precipitada, equivocada e de toda desnecessária".
Nino Paraíba - América-MG
O lateral do time mineiro também aparece entre os que teriam recebido para receber punições. O comunicado do América diz que o clube segue acompanhando os desdobramentos da investigação.
Vitor Mendes - Fluminense
Também pelas redes sociais, o time carioca comunicou o afastamento preventivo do defensor. Ele é citado pelos apostadores nas conversas obtidas pelo MP.
Raphael Rodrigues - Avaí
Zagueiro aparece na planilha de controle do grupo de apostadores. Em nota, o clube afirmou que "comunicou ao jogador e seu agente a suspensão preventiva de seu contrato de trabalho e afastamento de suas atividades no clube até que os fatos em questão sejam devidamente apurados e esclarecidos."
Max Alves - Colorado Rapids
O jogador de 21 anos também aparece nas conversas interceptadas. O clube norte-americano emitiu nota afirmando que leva assunto dessa natureza "a sério", e que ele foi removido de todas as atividades enquanto a equipe da MLS conduz uma investigação sobre o assunto.
Quem segue atuando?
Matheuzinho - Cuiabá
Denunciado na primeira fase da operação
Ygor Catatau - Sepahan (IRN)
Denunciado na primeira fase da operação.
Moraes Júnior - Atlético-GO
Emprestado para o Aparecidense. Fez acordo com o MP para colaborar e se tornou testemunha no processo.
Igor Cariús - Sport
Denunciado na primeira fase da operação. Segue como titular no Sport. Em entrevista, o técnico Enderson Moreira afirmou que a equipe "não pode se precipitar".
- Vai ter um julgamento, vai ter uma série de coisas. Ele tem sido muito positivo com a gente, sempre foi muito positivo nesse aspecto - disse o treinador.
Gabriel Tota - Ipiranga
Denunciado. Apontado como facilitador no contato do grupo de apostadores com os jogadores.
Victor Ramos - Chapecoense
Denunciado na segunda fase da operação.
Entenda o caso
Através da Operação Penalidade Máxima II, o Ministério Público de Goiás investiga ações de uma quadrilha visando a manipulação de jogos de futebol no Brasil em 2022 e 2023.
Os agentes do MP-GO investigam pelo menos 20 partidas das Séries A e B do Brasileirão de 2022, além de dois campeonatos estaduais de 2023, o Paulista e o Gaúcho.
A nova denúncia, apresentada à Justiça recentemente, foi feita com base em conversas de aplicativos de mensagens. Através delas, os investigadores puderam encontrar os valores oferecidos a cada atleta para que tomasse cartões amarelos ou vermelhos, ou até cometessem pênaltis.
Bruno Lopez de Moura, tido como líder da quadrilha no esquema, foi detido na primeira parte da operação, mas acabou solto após habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Outros 16 suspeitos podem virar réus no caso.
O MP-GO pede a condenação do grupo liderado por Bruno Lopez e o ressarcimento de 2 milhões de reais aos cofres públicos por danos morais coletivos.