Familiares, amigos e fãs se despedem do Rei Pelé, nesta segunda-feira (2), na Vila Belmiro (Foto: NELSON ALMEIDA / AFP)

Torcedores e fãs começaram, nesta segunda-feira (2), a se despedir de seu maior ídolo do futebol, Pelé, morto na quinta-feira, aos 82 anos, em um velório público de 24 horas na Vila Belmiro, estádio do Santos, clube onde o rei forjou boa parte de sua lendária carreira.



 
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Centenas de pessoas, algumas de outras cidades, fizeram fila desde o início da manhã em frente ao estádio, constatou a AFP.
 
 
 
Elas gritavam "Pelé, Pelé!" e aplaudiam enquanto esperavam para entrar no campo, onde foi colocado o caixão aberto, cercado por coroas de flores brancas.

Entre lágrimas, a terceira esposa do ex-jogador, Marcia Aoki, foi uma das primeiras a se aproximar. Vestida de preto, passava a mão sobre a cabeça do ídolo, com quem se casou em 2016.



 
 

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, também chegou para se despedir e prometeu que a entidade vai homenagear o Rei.

"Pediremos a todas as federações no mundo inteiro, os 211 países, que batizem um estádio de cada país com o nome de Pelé, porque os jovens têm que saber e lembrar quem ele era", disse Infantino, que estava acompanhado dos presidentes da CBF, Ednaldo Rodrigues; e da Conmebol, Alejandro Domínquez.

"Pelé é eterno, é um ícone mundial do futebol. Fez pela primeira vez muitas coisas que no futebol 99% apenas podem sonhar em fazer, e o 1% restante fez depois dele", acrescentou o dirigente da Fifa.




Os fãs também não pararam de fazer elogios ao ídolo, que os fez vibrar como nenhum outro, enquanto esperavam para entrar no estádio.

"Minha infância foi toda sob influência do que o Pelé fez pelo Brasil, nos jogos da Copa do Mundo", explicou o bancário Carlos Mota, de 59 anos, que viajou do Rio de Janeiro com seu filho Bernardo, de 12.

"Sempre falei para meu filho que são três coisas que não se discutem: que a bola é redonda, o gramado é verde e que Pelé é o maior", acrescentou Mota.



 
 

Sepultamento reservado

 

O corpo do único jogador tricampeão mundial (1958, 1962, 1970) chegou ao local por volta das 3h40 em uma caravana saída do hospital Albert Einstein, onde esteve internado desde 29 de novembro. 

Várias bandeiras de diferentes tamanhos decoram as arquibancadas: uma com o 'Rei' de costas, mostrando a camisa '10' que ele imortalizou, e outras com mensagens como "Viva o rei", "Pelé 82 anos" e "Camisa 10 do Santos".

O acesso ao estádio será permitido de forma "ininterrupta" até as 10h de terça-feira. Depois, terá início um cortejo pelas ruas de Santos, que terminará em um mausoléu da cidade, com um sepultamento reservado para a família.




Neste mesmo cemitério, de onde é possível ver a Vila Belmiro, estão enterrados o pai, o irmão e a tia de Pelé.

O cortejo fúnebre passará pela casa da mãe do lendário craque, dona Celeste, de 100 anos, que não sabe da morte do filho.

"Nós conversamos, mas (...) ela não está consciente", disse na sexta-feira Maria Lúcia do Nascimento, irmã do ex-jogador, ao canal ESPN.

Expectativa sobre a afluência

 

A morte do habilidoso ex-atacante, que reivindicava ter marcado 1.283 gols em 21 anos de carreira, a maioria deles jogando no 'Peixe', foi um 'choque' que transcendeu as fronteiras do futebol e suscitou mensagens de condolências em todo o mundo.



 
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Mas seu falecimento, em consequência de um câncer de cólon que tinha sido diagnosticado em setembro de 2021, não provocou por enquanto manifestações multitudinárias no Brasil: poucas pessoas se aproximaram do hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ele ficou internado, e da Vila Belmiro nos dias anteriores ao velório.

As possíveis razões? As férias de fim de ano, durante as quais muitas pessoas viajam no Brasil, o tempo que passou (quase 50 anos) desde que 'O Rei' se aposentou e a antipatia que desperta em alguns setores da sociedade por seu silêncio sobre a ditadura militar (1964-1985) e o racismo.

"Tenho certeza de que vai ser grande. Nesses dois dias, vai passar muita, muita gente, torcedores. Não só antigos, que acompanhavam seu futebol, mas também crianças" vão se despedir do rei, disse à AFP Sílvio Neves Souza, um eletricista de 54 anos que foi tirar uma foto com o busto e a estátua de Pelé, instalados em um corredor externo do estádio do 'Peixe'.




"Já sabia que estava partindo"

 
Outras homenagens se sucederam no Brasil, principalmente durante a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo, em Brasília, que começou com um minuto de silêncio em sua memória no Congresso Nacional.

Pelé ficou internado durante um mês no Albert Einstein até seu falecimento, em 29 de dezembro. Dali, ele acompanhou a Copa do Mundo do Catar e a eliminação do Brasil nas quartas de final.

"Estivemos lá com ele" em 21 de dezembro, explicou a irmã, Maria Lúcia. "Estava bem tranquilo, conversamos um pouquinho. Mas eu estava vendo que ele estava sentindo, ele já sabia que estava partindo".