Seja pelo brilho dentro de campo, em jogo importante ou num simples treino, seja pelo fascínio que exercia fora das quatro linhas, a presença de Pelé em seu estado natal sempre mobilizou os fãs, que formavam um verdadeiro cortejo de súditos por onde o Rei passava.



De suas inúmeras visitas a Minas Gerais, muitas foram para homenagens em Três Corações, onde nasceu e viveu até os 5 anos, ou em Belo Horizonte, onde brilhou com a camisa do Santos e da Seleção Brasileira.

 

 

 

12/3/1963 - Pelé vê Mineirão nascer

Ao lado do meio-campista Zito, também do Santos, Pelé visitou as obras de construção do Mineirão, que seria inaugurado em 5 de setembro de 1965. A foto do arquivo do Estado de Minas mostra ao fundo a fundação do estádio (acima).

Em busca do tricampeonato mundial, a Seleção Brasileira iniciou a preparação para a Copa'1966 em Lambari e Caxambu, no Sul de Minas. Aos 25 anos, e com Garrincha em decadência, Pelé era a estrela da delegação e não tinha sossego nem para tomar sol. 

Nas semanas em que esteve na região, o Rei foi a Três Corações para inaugurar uma rua com seu nome, cumpriu compromissos assinando flâmulas e lenços de autoridades, além de visitar um orfanato e fazer promessa a Nossa Senhora da Conceição na pequena Baependi - recebido pelas freiras, não menos tietes, ainda doou 500 mil cruzeiros para os órfãos. Na concentração, tocava violão para entreter os companheiros (e, de quebra, ainda arrumava tempo para treinar).

Exatos dois meses depois do tricampeonato mundial, Pelé veio a Belo Horizonte para evento empresarial no hotel Del Rey. De terno preto brilhante, camisa de seda amarela e sapatos de fivela, Pelé havia acabado de aceitar um cargo de diretor do Banco Industrial de Campina Grande - função que cumpriria às quintas, único dia de folga no Santos -, e já mostrava desenvoltura nos negócios. 

A passagem foi rápida, mas chamou a atenção pelo anúncio de que não disputaria a Copa de 1974. "Não entro na próxima Copa do Mundo, definitivamente. Não é questão de idade, mas de preparo físico. Não acredito que tenha condições até lá. Meu propósito é de parar em dois ou três anos", disse o tricampeão.

Em setembro de 1971, Três Corações preparou uma grande festa para seu filho ilustre. Uma estátua de bronze em tamanho real do Rei foi inaugurada, com a presença de Pelé, familiares, autoridades políticas, além dos embaixadores de Suécia, Chile e México, países onde o camisa 10 foi campeão mundial. 

Mais de 5 mil pessoas participaram da solenidade durante o dia. A Taça Jules Rimet ficou exposta por dois dias. À noite, Pelé era a estrela do time misto do Santos, que acabou derrotado pelo Atlético local. O Rei saiu ovacionado no intervalo.

Durante a carreira, Pelé usou sua exposição para alertar sobre problemas fora do mundo do futebol. Ao fazer o gol 1.000, por exemplo, pediu pelas crianças. Em julho de 1987, Pelé veio a Belo Horizonte para uma feira de negócios. 

Em entrevista ao Estado de Minas, elogiou a Seleção, então comandada pelo mineiro Carlos Alberto Silva, criticou o calendário do futebol brasileiro e alertou sobre um tema delicado: a fome. "Sei que muitos ainda morrem de fome e, por estar em uma terra que tem muito para produzir, vejo que essa situação inadmissível", disse ao EM.

Em junho de 2008, antes do empate sem gols entre Brasil e Argentina, Pelé foi a primeira personalidade a gravar os pés na calçada da fama do Mineirão. O Rei foi também homenageado no gramado. Ele agradeceu a homenagem e fez críticas ao time de Dunga, em sua primeira passagem no comando. 

"O Brasil sempre gostou de jogar atacando, não defendendo, por isso que está acontecendo esse problema com o Dunga", disse, se referindo às críticas ao treinador.

Em setembro de 2011, Pelé visitou as obras de modernização do Mineirão, que receberia jogos da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014. O 'Rei do Futebol' esteve no canteiro de obras ao lado da presidente Dilma Rousseff, do governador de Minas Gerais Antonio Anastasia e do vice-prefeito de Belo Horizonte Roberto Carvalho.

Em 2012, Pelé voltou a Três Corações para visitar a réplica da casa onde viveu até os três anos, situada à Rua Edson Arantes do Nascimento, nº 1.000. Seguido por uma multidão, o Rei visitou o monumento erguido em homenagem ao pai, Dondinho, e desfilou em um jipe do Exército, saudado pelos conterrâneos. 

Em frente à casa, recebeu a chave e abriu o portão de madeira: visitou os cômodos apertados, com móveis e utensílios simples e se deliciou com os dois pés de jabuticaba. A casa é aberta à visitação.