O ex-goleiro Aranha, vítima de ataques racistas quando atuava no futebol, foi às redes sociais criticar o uso político da camisa da Seleção Brasileira e da religião. Com passagem por grandes times brasileiros, ele denominou um grupo como "racistas" e utilizou imagem mostrando uma pessoa com vestimenta semelhante à usada pela Ku Klux Klan – organização de supremacistas brancos e de extrema direita dos Estados Unidos – entre outras com a camisa da Seleção.
A foto foi registrada em uma manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em Porto Alegre, em abril de 2021.
Ativista e palestrante contra o racismo desde que deixou os gramados, Aranha sofreu ataques racistas durante sua passagem pelo futebol e vê uma mudança no comportamento dos torcedores, embora ainda ache necessário punições mais duras contra racistas.
Na imagem compartilhada, Aranha ainda adicionou uma música do rapper mineiro Djonga, chamada "Olho de Tigre" e escreveu: "Não é sobre política, é sobre racismo e racistas se apropriando da camisa da Seleção e falando em nome de Deus".
Episódio de racismo contra Aranha
O caso que mais ganhou repercussão envolvendo Aranha ocorreu quando ele defendia o Santos – onde atuou entre 2011 e 2014.O ex-goleiro sofreu ataques diante da torcida do Grêmio e pediu para que o árbitro parasse o jogo, pela Copa do Brasil, em 2014. As câmeras gravaram os insultos de "macaco" e também os gestos de quatro pessoas. Na época, os identificados foram indiciados pela Polícia e ficaram impedidos de frequentar os estádios.
Ainda assim, o Grêmio jamais assumiu a culpa, e dirigentes da equipe gaúcha chegaram a julgar como vitimismo as queixas de Aranha. A defesa do time gaúcho alegou na Justiça que ele fez cera e provocou a torcida durante o jogo. Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, ex-presidente gremista, ainda afirmou na época que o goleiro havia feito “uma cena teatral depois de ouvir um gritinho”.
Em março deste ano, ele falou sobre seu ativismo contra o racismo em entrevista à Folha de S. Paulo. Aranha entende que perdeu espaço no fim da carreira por levantar essa bandeira e desabafou.
"Fui julgado por outros jogadores. Diziam que estava usando a situação para me promover. De modo geral, passei a ser visto não como um jogador, mas como alguém que estava dando de vítima, de mimizento. Tudo isso porque estava falando de um assunto que incomodava", comentou.
A vida fora dos campos
Na web, ele se define como "ex-goleiro, escritor, palestrante, ativista contra a discriminação racial, premiado pelo Direitos Humanos e Coordenador Futebol Mogi Mirim E.C".
Nas publicações, ele é visto na presença de outras personalidades que também cobram punições mais severas em casos de racismo.