A defesa do presidente afastado da CBF Rogério Caboclo minimizou carta escrita pelos patrocinadores da entidade em que eles pedem maior compromisso da entidade com inclusão social, com ações de combate ao assédio, além de atitudes que priorizem tornar a comunidade mais justas e igualitárias, conforme divulgou a reportagem nesta segunda-feira.
Em Assembleia Geral da CBF marcada para esta quarta-feira, a Comissão de Ética da entidade vai apresentar o resultado de sua investigação de três meses sobre a conduta do presidente acusado de assédio moral e sexual por uma funcionária. Por meio de nota oficial, a defesa de Rogério Caboclo tenta desqualificar a acusação e diz que ela não seria motivo para atrapalhar, ou mesmo abalar, as relações das empresas com a CBF, que organiza todos os campeonatos de futebol do Brasil.
"Não seria uma fantasiosa e descontextualizada acusação ao presidente Caboclo, sem nenhuma comprovação, que traria riscos às relações comerciais e institucionais mantidas. É notório que a relação da CBF com todos os patrocinadores é ótima, de altíssimo nível e cercada por ampla e recíproca confiança. Nada abalará este cenário", informou a nota.
E acrescentou: "A preocupação de patrocinadores desta magnitude pode ser considerada natural e versa sobre a regular apuração dos fatos, a legitimidade dos processos e a continuidade da governança na entidade. Nada de novo, e nada mais justo".
Representantes de marcas como Gol, Mastercard, Ambev, Farmácias Pague Menos, Semp TCL, Itaú e Cimed declaram total apoio às investigações da Comissão de Ética, que primeiramente afastou Rogério Caboclo do cargo por 30 dias e depois ampliou o prazo para três meses, de modo a ter mais autonomia para realizar o trabalho dentro da entidade, colhendo depoimentos dos envolvidos e conhecedores do caso do suposto assédio. Neste trabalho, novas denúncias foram aparecendo. Começou com uma mulher, aumentou para uma segunda e agora há uma possível terceira. Os nomes das denunciantes são preservados.
Segundo a defesa ainda, as acusações a Rogério Caboclo são uma "tentativa de uso político dos patrocinadores por seus adversários, de modo descontextualizado. O golpe contra o presidente tem como base um processo feito para viabilizar a volta de dirigentes que só prejudicam o futebol, a CBF e os próprios patrocinadores."
Por fim, a nota informa que o "presidente (afastado) da CBF reafirma que não cometeu nenhum tipo de assédio, o que é atestado por pareceres de alguns dos mais importantes juristas do país. Gravações chegam a mostrar que houve pressões e oferta de dinheiro por parte de aliados de Marco Polo Del Nero para conseguir falsos depoimentos para prejudicar Rogério Caboclo recentemente."
Para acalmar os patrocinadores da entidade, que acompanham o desfecho das apurações do caso de perto, a nota ainda faz questão de deixar claro a transparência da CBF e seus compromissos desde que Caboclo assumiu a presidência com 96% dos votos.
"O presidente da CBF partilha de todos os valores e boas práticas corporativas dos patrocinadores da entidade, inclusive daqueles referentes às minorias, à igualdade de gênero, ao combate ao assédio e ao combate à corrupção. A CBF tem regras claras de governança e compliance, implantadas na gestão de Caboclo, que norteiam os apoios e parcerias da entidade. Os patrocinadores da CBF são empresas que possuem normas internas rígidas, enormes responsabilidades contratuais e observam os princípios e garantias constitucionais do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa e da presunção de inocência."