A CBF divulgou na noite desta segunda-feira o protocolo para o retorno gradual dos torcedores aos estádios de futebol do Brasil. Pelas regras anunciadas, que precisarão ser aprovadas tanto pelos conselhos técnicos dos campeonatos quanto pelas autoridades sanitárias locais, haverá exigência de testes ou de vacinação completa para as torcidas.
A liberação deve começar pelas fases finais da Copa do Brasil e será válida para as Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, desde que aprovadas em reuniões extraordinárias dos seus conselhos técnicos. Nas demais competições, a decisão caberá diretamente à diretoria de competições da CBF.
No caso de São Paulo, o governador João Doria afirmou também nesta sexta que deve liberar a presença de torcedores nos estádios a partir de 1º de novembro. Ele não deu detalhes sobre os procedimentos, mas indicou que deve se reunir com a CBF e a Federação Paulista de Futebol (FPF) para anunciar os detalhes.
"O protocolo é o resultado do trabalho de uma equipe multidisciplinar, que pensa em todos os fatores que cercam uma partida de futebol profissional. Ressaltamos que a presença de público depende da anuência das autoridades sanitárias locais. Nosso parecer leva em consideração o contexto atual do Brasil em relação ao combate à COVID-19. A qualquer momento, em caso de agravamento das condições da pandemia, este poderá ser modificado ou interrompido, se assim decidido em conjunto pela CBF e pelos clubes envolvidos", afirmou Jorge Pagura, presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol (CNMF) e líder da Comissão Médica da CBF.
Pelas regras do protocolo, o torcedor que quiser comparecer ao estádio terá que comprovar o teste negativo de COVID-19 pelo método RT-PCR realizado em até três dias antes da data da partida. Ou pelo método de antígeno, aceito em até dois dias. Se estiver totalmente vacinado, o torcedor só precisará apresentar o comprovante. A CBF entende que o fã de futebol estará imunizado se tiver tomado as duas doses ou a dose única no caso dos fabricantes deste imunizante específico.
No Campeonato Brasileiro, o retorno das torcidas só valerá para o clube mandante, "a fim de se evitar deslocamentos de torcedores de outras localidades". No caso da Copa do Brasil, de formato mata-mata, haverá um método especial para definir a presença de público, que consistem em dois modelos.
"Será permitida a diferença máxima de 15% das respectivas capacidades, prevalecendo a condição liberada do estádio com menor quantitativo. Exemplo: o clube A tem permissão pela autoridade sanitária local para receber público máximo de 20% do estádio, enquanto Clube B tem permissão pela autoridade sanitária local para receber público máximo de 70% do estádio. No caso de confronto entre as equipes em formato eliminatório ida e volta, Clube A poderá receber 20% da capacidade do estádio e Clube B um máximo de 35%", explica o protocolo.
E, se um dos clubes envolvidos no confronto não tiver autorização local para receber público, os dois jogos ficarão sem torcedores nas arquibancadas.
Para definir a quantidade de pessoas liberadas em cada jogo, o cálculo é mais complexo e conta com seis variáveis para definir o que a CBF chama de "taxa de normalidade": taxa de incidência de casos de COVID-19; tendência da taxa de casos novos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias; mortalidade por covid-19 por 1 milhão de habitantes nos últimos 14 dias; tendência da taxa de mortalidade por 1 milhão de habitantes nos últimos 14 dias; letalidade de COVID-19 (global); e porcentual da população plenamente vacinada.
Com estes números em mãos, a CBF faz um cálculo para chegar à chamada taxa de normalidade que vai definir o limite de torcedores em cada estádio, para cada jogo específico. Quanto maior esta taxa, maior será a capacidade permitida na arena. Se o resultado for menor que 30%, por exemplo, haverá uma taxa de normalidade baixa e o local poderá receber apenas 10% de sua capacidade.
Se ficar entre 30% e 50% (taxa de normalidade moderada), o estádio poderá ter até 30% da sua ocupação liberada. Entre 51% e 75% (taxa alta), a liberação sobe para 50% do total de público. No caso de uma taxa de normalidade entre 76% ou mais, a arena poderá ter acima de 50% de público para o jogo.
Além da taxa de normalidade e das exigências de testes negativos ou vacinação completa, o protocolo prevê que os clubes devem manter os cuidados básicos na entrada e nas arquibancadas dos estádios, como medição de temperatura corporal de cada torcedor, uso obrigatório de máscara autorizadas pela ANVISA, distanciamento social nos assentos e setores das arenas e higienização das mãos com álcool a 70%.
"Para a venda de ingressos e o acesso ao estádio, os clubes devem elaborar e apresentar planos operacionais atualizados, já considerando este protocolo", avisou a CBF. O protocolo prevê ainda o chamado "rastreamento epidemiológico", ao exigir dos clubes o armazenamento dos dados sanitários dos torcedores para eventual rastreamento.