Alejandro Villanueva é ídolo do Alianza Lima (Foto: Montagem Superesportes)

 
 
Da enviada especial a Lima (PER)  
 
Mais do que o maior ídolo da história do Alianza Lima, Alejandro Villanueva tem status de “deus” para os aliancistas. No último domingo, dia 4 de junho, o nascimento de Don Alejandro completou 115 anos, com direito a uma Romaria pelo Cemitério e Museu Presbítero Matías Maestro. Uma devoção rara de se ver. 



 
Nesta terça-feira (5), o estádio que leva seu nome receberá o jogo entre Alianza Lima e Atlético-MG, pela quinta rodada da fase de grupos da Libertadores. A reportagem do Superesportes acompanhou o dia de homenagens a Villanueva.
 
Ao andar pelas largas ruas do cemitério vertical, onde estão enterradas as mais importantes personalidades da história do Peru, muitas pessoas vestiam camisas azuis e brancas e circulavam ostentando flores ou instrumentos nas mãos. Todos estavam ali para prestar sua homenagem ao atleta que permitiu ao Alianza ser o principal clube do país. 
 

Túmulo de Alejandro Villanueva no Cemitério e Museu Presbítero Matías Maestro (Foto: Livia Camillo/Superesportes)

 

Uma torcedora, em especial, chamava a atenção de todos que passavam. Sentada em sua cadeira de rodas, Luzmila Villanueva, filha de Alejandro, aos 87 anos, recebia beijos e abraços com os olhos cheios d'água. 




- É muita emoção estar aqui e receber todo o carinho em nome do meu pai. Onde estiver, ele está vendo o quanto as pessoas são devotadas a ele - disse Luzmila, única herdeira viva de três irmãos, ao Superesportes.

Luzmila Villanueva, aos 87 anos, ao lado das sobrinhas (Foto: Livia Camillo/Superesportess)


Devoção ao multicampeão


Luzmila carrega um legado de peso. Isso porque seu pai, nascido em 1908, chegou ao Alianza com apenas 18 anos e conquistou nada menos do que cinco títulos nacionais pelo clube. Em 1927, em sua estreia como titular da equipe, foi campeão peruano e bicampeão no ano seguinte. A veia vitoriosa do atacante de 1,98m fez com que ele se tornasse destaque.

Mas além de talento, Alejandro tinha a sorte de fazer parte de um verdadeiro esquadrão. Tanto que foi convocado pela seleção peruana para a Copa do Mundo do Uruguai, em 1930, ao lado de grande parte dos seus companheiros do Alianza. A campanha daquela edição do Mundial (10º lugar) concedeu um prestígio extra para o jogador, que retornou ao Peru com pompas. 




Reza a lenda contada pelos torcedores, ou melhor, devotos, que após o retorno grandioso de Alejandro e companhia, eles decidiram ser tetracampeões nacionais - como se realmente fosse possível tomar essa decisão.

- A contribuição de Alejandro foi para o futebol peruano foi de forma geral. Ele se inspirou na técnica dos uruguaios e na raça dos ingleses, e isso foi passado para o país inteiro. Ele era o homem da finta, do drible e foi jogando de forma que conquistou o tetracampeonato de 1931, 1932, 1933 e 1934 - contou Carlos Llanos, 27, um dos fundadores da Asociación Barra Aliancista que se dedica a pesquisar a história do clube. 

Padroeiro aliancista


No distrito de La Victoria, na capital peruana, onde fica localizado o estádio do Alianza Lima, há uma infinidade de murais que estampam imagens de Don Alejandro. Em sua maioria, elas são desenhadas com uma aura ao redor dele, ressaltando a sua divindade. Os desenhos são semelhantes aos feitos para o Senhor dos Milagres, outro padroeiro do time. 




Senhor dos Milagres, considerado padroeiro do Alianza Lima pelos torcedores (Foto: Livia Camillo/Superesportess)

  

- Nós temos dois padroeiros: o Senhor dos Milagres e Alejandro Villanueva. Cada um com sua importância - afirmou Esteban Falcon, 36, criador da torcida Bombeiros Aliancistas, à reportagem. 

Os atuais campeões nacionais e donos da taça do Apertura 2023, primeiro turno da Liga 1, contam com a proteção de Villanueva, o maestro aliancista e herói nacional. A mesma bênção vai acompanhar o time no confronto contra o Atlético-MG, segundo os fiéis. 
 

- Para todos que entrarem em Matute (bairro onde fica localizado o estádio) vão poder sentir e ver a força que tem Alejandro Villanueva - acrescentou Esteban.