Técnico espanhol se mostrou 'pouco otimista' no combate ao racismo na Espanha (Foto: Icon Sport)

O técnico do Manchester City, Pep Guardiola, deu fortes declarações sobre os recentes casos de racismo na Espanha envolvendo o brasileiro Vini Jr, do Real Madrid. No último domingo (21), o brasileiro foi novamente vítima de insultos racistas na partida contra o Valencia. Em entrevista, o treinador, que comandou o Barcelona por quatro temporadas, disse que “não está otimista” em relação a quais serão as atitudes tomadas pela liga espanhola e pelo país para punir e coibir novos casos.




Mesmo com as recentes manifestações dos responsáveis pelo futebol no país, Guardiola acredita que a batalha de Vini Jr contra o racismo no país será mais dura do que se imagina. 
 
- Há muitos negros avançando para defender o que não deveriam [ter que] defender. Espero que a justiça possa ajudar fazer, mas, ao mesmo tempo, isso vai mudar alguma coisa na Espanha? [...] Espero que seja um passo para melhorar na Espanha, mas não estou otimista. Conheço um pouco o país e não estou muito otimista - disse Guardiola, em entrevista.
 
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O técnico aproveitou para citar a Premier League como exemplo do que deve ser feito em casos de racismo. Segundo ele, a liga inglesa pode ser modelo para os espanhóis no combate ao crime de racismo. “Aqui eles são tão rígidos. Eles sabem o que têm que fazer”.




Vini Jr vai depor à Justiça espanhola


Desde o episódio do último domingo, três suspeitos de xingar o brasileiro com insultos racistas foram detidas pela polícia espanhola e convocados para depor. Vinicius também deve depor, mas por videoconferência. As datas ainda não foram divulgadas. 

O Valencia, por sua vez, disse estar disposto a cooperar com as investigações, fornecendo as imagens das arquibancadas do dia do jogo. O clube foi punido em 45 mil euros (R$ 241 mil na cotação atual) e cinco jogos com portões fechados.

Embaixada brasileira se encontrou com presidente de La Liga

 
O embaixador do Brasil na Espanha, Orlando Leite Ribeiro, teve uma reunião com o presidente de La Liga, Javier Tebas, na manhã desta sexta-feira (26). Após a reunião, a Embaixada do Brasil e La Liga emitiram uma nota condenando "energicamente qualquer manifestação racista". Ambas se comprometeram a "seguir lutando contra esse flagelo que afeta o esporte e compromete a imagem da Espanha".



 
 
 
O encontro acontece depois do embate entre o presidente da liga com o atacante, horas após o ocorrido contra o Valencia. Tebas chegou a falar que era "injusto dizer que a Espanha e La Liga são racistas". Vini Jr rebateu o dirigente e criticou sua postura. “Mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar”.

 
 
Na última quinta-feira (25), Javier Tebas voltou atrás em suas declarações e defendeu a implementação de medidas de punição para combater os casos de racismo na competição, incluindo a perda de pontos para os clubes envolvidos e chegou a dizer que é "fundamental lutar contra o racismo todo dia".
 

A polêmica declaração de Guardiola em racismo contra Roberto Carlos


Na temporada 1996/97, o lateral esquerdo Roberto Carlos disse ter sido chamado de macaco em um jogo no Camp Nou, contra o Barcelona. O brasileiro ainda disse que foi a primeira vez que tinha escutado esses insultos jogando na Espanha.




- Quando fomos jogar em Barcelona, cada vez que eu e o Clarence [Seedorf] tocávamos na bola, a torcida fazia som de macaco. Em outras cidades da Espanha não tive esse problema. Barcelona é a única cidade da Espanha com problemas de racismo - disse o lateral.

À época, Guardiola era o volante titular do Barcelona. Quando questionado sobre o ocorrido, o agora técnico criticou a postura do brasileiro e relativizou as acusações. “Esse senhor fala muito, fala demais. Fala muito há muito tempo e não conhece essa torcida. Ele está há poucos meses aqui para falar essas coisas”, disse Guardiola.