Vini Jr sofreu um novo caso de racismo no último domingo (Foto: Vicente Vidal Fernandez/Sipa USA)


 
A Polícia Nacional da Espanha anunciou hoje a prisão de sete pessoas envolvidas nos casos de racismo contra Vinícius Jr, do Real Madrid. O jogador vem sendo alvo de torcedores em quase todas as partidas fora de casa durante todo o Campeonato Espanhol. 




Quatro homens de 19, 21, 23 e 24 foram detidos nas primeiras horas da manhã em Madri. A polícia apura quem são os responsáveis por uma faixa com a inscrição "Madrid odeia o Real" e um boneco com a camisa 20, de Vinícius, pendurado pelo pescoço em frente ao centro de treinamento do clube em janeiro deste ano. 
 
  
 
Outros três foram detidos em Valencia, local do último jogo do Real Madrid, quando Vini foi hostilizado por quase todo o estádio Mestalla. O brasileiro acabou expulso da partida após uma confusão. Esse foi o estopim para a intensificação das cobranças tanto à La Liga, que organiza a competição, quanto ao poder público espanhol e ao próprio clube, vindas de Vinícius e de toda a comunidade do futebol. 
 
 
 
Três dos detidos em Madri são integrantes da torcida organizada do Atletico de Madrid 'Frente Atlética'; e um deles tem passagem por crime de lesão corporal. 




Na última segunda (22), a CBF confirmou que enviou ofício à Fifa, UEFA, Real Federação Espanhola de Futebol e Conmebol cobrando medidas esportivas e jurídicas para combater atos racistas em campo. 

Autoridades de fora do esporte também se manifestaram. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, prometeu que o governo brasileiro irá notificar a La Liga pelos episódios. 

O presidente Lula abriu sua participação na reunião do G7, em Hiroshima, no Japão, com uma manifestação de solidariedade ao atacante. 


 

Vinicius Jr novamente alvo de racismo


No último domingo (21), na segunda etapa do jogo entre Valencia 1 x 0 Real Madrid, os torcedores presentes no estádio Mestalla passaram cantar, em coro, a palavra 'mono', que significa macaco, em espanhol

Nervoso, Vinicius tentou levar o árbitro até alguns dos torcedores responsáveis, que estavam atrás do gol adversário, mas ele nada fez. Enquanto a confusão acontecia em campo, os alto-falantes do estádio pediam para que os cantos cessassem. Foram oito minutos de paralisação até que o jogo recomeçasse, como se nada houvesse acontecido. 

Pouco tempo depois, uma nova confusão no gramado, e Vini acabou sendo pego pelo pescoço por um adversário. Ao se soltar, ele acertou uma cotovelada em Hugo Duro. Na revisão do VAR, o vídeo só mostrou parte do lance, e o brasileiro acabou expulso.



 
Ao sair de campo, ele fez o gesto de '2' com os dedos - referência ao rebaixamento do Valencia. Tal gesto ganhou mais importância na mídia espanhola e para o presidente da La Liga, Javier Tebas, que o racismo sofrido em campo

Vinicius se pronunciou de forma dura, rebatendo as acusações de "falta de informação" de Tebas. O Real Madrid prometeu suporte ao atacante, que e ganhou o apoio de personalidades do mundo todo: jogadores em atividade, como Mbappé e Neymar; ex-jogadores; dirigentes; clubes; enquanto subia o nível de pressão sob o futebol espanhol. 

Nesta segunda-feira (22), o tom mudou. Árbitros foram demitidos. Capas de jornais deixavam a cotovelada de lado, pedindo uma postura "antirracista", e apesar de angustiado, o jogador não recuou.




- Se eu tiver que sofrer por futuras gerações, estou pronto - disse.