Vinícius Júnior, ídolo do Real Madrid, foi vítima de racismo mais uma vez em estádios da Espanha. Neste domingo (21), ouviu os torcedores do Valencia gritarem “macaco” para ele. O brasileiro ainda viu, após a partida, o presidente de La Liga, Javier Tebas, optar por criticá-lo em vez de se posicionar contra os atos racistas no Mestalla.

Embora tenha passado por tamanho constrangimento, entre os cânticos racistas em Valência à posição do presidente do Campeonato Espanhol, o craque recebeu apoio de diversas personalidades do mundo da bola, além dos grandes clubes brasileiros.

 

Nomes importantes como Neymar, Mbappé, Gabigol e Rio Ferdinand, ex-Manchester United, se posicionaram em solidariedade ao atleta do Real. Mas as mensagens de protesto mais marcantes vieram de Richarlison e Ronaldo.

– Sempre fizeram de tudo para evitar que o preto chegasse ao topo... escravizaram, marginalizaram e mataram. Mas nunca vão derrubar quem nasceu para ser grande. A história se esquece dos ratos e agiganta quem luta contra essa gente ruim - escreveu o atacante do Tottenham e companheiro de Vini na seleção brasileira.

 

 

– Até quando? Enquanto houver impunidade e conivência, haverá racismo. É inadmissível que árbitros, Federação e autoridades também fiquem sem ação e que torcedores aplaudam tamanho absurdo - publicou Ronaldo, que, além de lendário ex-jogador na Espanha, é presidente do Real Valladolid, clube da primeira divisão de La Liga. 

Entre os principais clubes brasileiros, além da própria CBF, 17 dos 20 times da Série A prestaram apoio: Flamengo, Corinthians, Cruzeiro, Atlético-MG, São Paulo, Santos, Grêmio, Vasco, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, Athletico-PR, América-MG, Fortaleza, Bragantino, Goiás e Cuiabá. Até o momento, Coritiba, Bahia e Inter não se posicionaram sobre o caso.

Tal foi a gravidade dos atos racistas registrados no Mestalla que o caso ultrapassou a esfera do futebol. O governo federal anunciou que notificará as autoridades espanholas e La Liga. 

 

– Repudiamos mais uma agressão racista contra o @vinijr. Notificaremos autoridades espanholas e a La Liga. O Governo brasileiro não tolerará racismo nem aqui nem fora do Brasil! Trabalharemos para que todo atleta brasileiro negro possa exercer o seu esporte sem passar por violências - publicou a pasta no Twitter.

O presidente Lula (PT) também publicou uma nota em solidariedade ao brasileiro. 

– Queria fazer um gesto de solidariedade ao Vini Jr, um jovem que certamente é o melhor jogador do Real Madrid, e que sofre repetidas ofensas. Espero que a Fifa e outras entidades tomem providências, para não deixar que o racismo tome conta do futebol - escreveu Lula, que também falou sobre o caso durante a cúpula do G7 no Japão.

 

 

 

A organização de La Liga se limitou a afirmar que solicitou as imagens disponíveis de Valencia x Real Madrid para investigar o ocorrido, e que tomará as ações oportunas “no caso de identificar algum delito de ódio”. 

– LaLiga também investigará as imagens em que se supostamente se proferiram insultos racistas contra Vinicius Jr no exterior do estádio de Mestalla - escreve o comunicado. 

A liga diz ser proativa em relação aos casos de racismo com o jogador, e, como argumento, afirma ter apresentado denúncias em nove ocasiões nas últimas duas temporadas ao Comitê de Competição da federação espanhola de futebol e a outras autoridades competentes.