Sem público, Maracanã foi palco da final entre Palmeiras e Santos, em 2020 (Foto: AFP / POOL / MAURO PIMENTEL)


O Maracanã é a bola de segurança da Conmebol para receber a decisão da Libertadores de 2023. Depois de traumáticas experiências com estádios vazios, problemas de transporte, hospedagem, altos custos e trocas de sedes, a CBF convenceu a entidade sul-americana a levar o principal jogo do continente para o Rio de Janeiro. A partida será em 11 de novembro.



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Ser a vitrine ideal para a final única continental foi o argumento definitivo para convencer o Conselho da Confederação, responsável pela escolha, a colocar o confronto no Maracanã, que recebeu o evento pela última vez em janeiro de 2021, quando Palmeiras e Santos se enfrentaram pelo título de 2020.

Quem olhar o histórico de propostas e negociações para a cidade vencedora poderia se surpreender com a escolha pelo Brasil. Até o final de 2022, a favorita era a Colômbia, que queria realizar a final em Barranquilla. No início deste ano, parecia que Buenos Aires, no remodelado Monumental de Nuñez, acabariam eleitos.

As duas candidaturas perderam tração. Barranquilla despertou nos dirigentes da Conmebol o mesmo sentimento de Guayaquil em 2022: escassez de voos diretos, dificuldade de locomoção e incerteza quanto à presença de torcedores, já que a probabilidade maior é que uma equipe do país não esteja na decisão.



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Buenos Aires era viável, mas havia o temor de instabilidade política. É ano de eleições presidenciais na Argentina. A primeira votação está marcada para 22 de outubro e há possibilidade de realização do segundo turno em novembro.

Na última vez que foi marcada uma final de Libertadores para o Monumental, deu tudo errado. River Plate e Boca Juniors deveriam se enfrentar em 2018, mas chuva de pedras no ônibus do Boca na chegada ao estádio impediu a realização do confronto, que foi levado para Madri, na Espanha.

Foi o último confronto no sistema de ida e volta para a final. A partir de 2019, a Conmebol instituiu o jogo único. O discurso para convencer os céticos era facilitar a vida dos torcedores, aumentar a arrecadação e deixar a Confederação cuidar de todos os aspectos do evento, inclusive a segurança. A final da Copa Sul-Americana de 2017, no mesmo Maracanã, entre Flamengo e Independiente (ARG), ficou marcada por episódios de violência e invasão do estádio.




Desde então, as decisões, tanto da Libertadores quanto da Sul-Americana, sofreram com problemas extracampo. Em 2019, Lima não foi considerada com estrutura suficiente para abrigar o último jogo da principal competição do continente, mas, quando Santiago ficou impedida por causa da convulsão social que tomou conta do Chile, a Conmebol levou a partida para a capital peruana.

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Por falhas na organização, Lima tinha até perdido o direito de realizar a final da Sul-Americana, transferida para Assunção. No ano passado, por conta das eleições presidenciais no Brasil, Brasília ficou a ver navios, trocada para Córdoba, na Argentina.

Houve problemas também na logística de transporte. Não existiam voos comerciais do Brasil direto para Guayaquil, onde Flamengo e Athletico decidiram o título da Libertadores no ano passado. Em 2021, quando o rubro-negro carioca e Palmeiras se enfrentaram, a rede hoteleira de Montevidéu fez a festa. Hotéis de categoria turística chegaram a cobrar diárias de R$ 33 mil.




Ao apresentar o Rio de Janeiro como candidata para 2023, a CBF colocou o Maracanã como a solução para todos esses problemas. E, se achassem que a cidade foi escolhida há muito pouco tempo e não poderia se repetir, sugeriu a possibilidade de Brasília.

A proposta foi bem recebida porque a Conmebol precisa calar as vozes dissonantes quanto à final única. Uma das grandes apostas da administração Alejandro Domínguez, a mudança continua a encontrar resistência, ainda mais diante dos problemas a cada ano.

Nem mesmo os estádios têm ficado lotados. À exceção de 2019, nenhuma final de Libertadores teve lotação máxima. Pior foi na Copa Sul-Americana. Athletico x Red Bull Bragantino (2021) teve público de 6.500 pessoas no estádio Centenário, com capacidade para 60 mil.




A Confederação Sul-Americano não pode também voltar para o sistema de partidas de ida e volta porque já assumiu compromissos publicitários e vendeu os direitos de televisionamento com o formato atual.

A expectativa é que o Rio tenha mais torcida também pela presença de times brasileiros na final, o que tem acontecido desde 2019.