O mundo do esporte, também alarmado, está preparando sua resposta à invasão russa da Ucrânia nesta quinta-feira (24), e ameaça suspender vários eventos ligados aos dois países, a começar pela final da Liga dos Campeões, prevista para o final de maio, que poderá ser transferida para outro lugar.
A Uefa, que condenou "firmemente a invasão militar" russa, decidiu se reunir em caráter de urgência com seu comitê executivo nesta sexta-feira pela manhã.
Seus membros podem decidir sobre mudanças no calendário para os próximos meses, incluindo sanções contra Moscou, em linha com a comunidade internacional.
No topo da pirâmide de eventos esportivos na Rússia está a final da Liga dos Campeões em 28 de maio em São Petersburgo, cujo estádio leva o nome da gigante do gás Gazprom, um dos principais patrocinadores da Uefa desde 2012.
"Nenhuma decisão foi tomada" pela Uefa até o momento, mas a confederação europeia está "trabalhando em diferentes opções" para realocar a partida, disse à AFP uma fonte próxima.
Sem handebol na Ucrânia
Moscou também está programada para abrigar em 24 de março a semifinal de uma repescagem da Copa do Mundo de 2022 entre Rússia e Polônia, e talvez a final contra a Suécia ou a República Tcheca se "Sbornaïa" derrotar a equipe de Robert Lewandowski.
Em um comunicado conjunto, as federações de futebol da Polônia, República Tcheca e Suécia solicitaram que a partida não seja disputada na Rússia. A Fifa disse que decidirá sobre essa questão "em seu devido tempo".
Além da final da Liga dos Campeões, o Ministério do Esporte da Polônia também sugeriu a retirada da Rússia da organização do Mundial de Vôlei Masculino, que começa em 26 de agosto.
Por sua vez, o clube de futebol alemão Schalke decidiu remover o nome e o logotipo da russa Gazprom, seu principal patrocinador, de suas camisas.
O jogo Bétis-Zenit da Liga Europa de futebol se manteve como planeado nesta quinta-feira. O Zenit é propriedade da Gazprom.
A Euroliga de basquete anunciou a suspensão de três partidas com equipes russas em sua 27ª jornada, Zenit-Barcelona, Baskonia-Unics Kazan e Bayern Munique-CSKA Moscovo.
Os campeões mundiais de Fórmula 1 Max Verstappen e Sebastian Vettel também não se veem participando do GP da Rússia em setembro.
Jogar na Ucrânia parece ainda mais complicado. A Federação Europeia de Handebol (EHF) decidiu realocar ou adiar as partidas que seriam disputadas em solo ucraniano pelas próximas quatro semanas.
A explosão do conflito levou a liga de futebol ucraniana a suspender nesta quinta o campeonato ucraniano, que deveria ser retomado nesta sexta-feira após mais de dois meses de pausa devido ao inverno.
"Não à guerra"
Vários jogadores e treinadores estrangeiros, inclusive brasileiros, ficaram alarmados com a situação, com o dilema de deixar o território ou permanecer fiel a seus clubes.
"A gente está hospedado aqui no hotel devido a toda a situação. (...) A gente pede muito apoio ao governo do Brasil, que possa nos ajudar. E espero que vocês possam nos ajudar a promover esse vídeo e alcançar o máximo de pessoas possível", disse o zagueiro Marlon, de 26 anos, um dos treze jogadores brasileiros do Shakhtar Donetsk, participante frequente da Liga dos Campeões da Europa.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) acusou Moscou nesta quinta de violar a trégua olímpica ao invadir a Ucrânia, e anunciou sua disposição de oferecer assistência humanitária aos atletas ucranianos.
"O presidente do COI, Thomas Bach, reitera hoje seu apelo pela paz feito nos discursos que proferiu nas cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos", indicou o COI em seu comunicado.
Fora de seu país, vários jogadores de futebol ucranianos se posicionaram, como o atacante do Sport Lisboa e Benfica, Roman Yaremchuk, e o zagueiro do Manchester City, Oleksandr Zinchenko.
"Glória à Ucrânia", escreveu a tenista Elena Svitolina no Instagram, enquanto o jogador de futebol russo Fedor Smolov postou "Não à guerra" ao lado da bandeira ucraniana e um coração partido.
O tenista Andrey Rublev defendeu a "paz" após sua vitória nas quartas de final do Torneio de Dubai.