Para que o futebol seja "verdadeiramente global", o presidente da Fifa, Gianni Infantino, voltou a defender a realização da Copa do Mundo a cada dois anos, nesta sexta-feira durante um encontro em Caracas (Venezuela).
"Nosso dever como Fifa é tornar o futebol verdadeiramente global. Para isso, temos que analisar como melhorar o futebol das seleções (...) e não há competição que se aproxime" da Copa do Mundo, declarou Infantino em entrevista coletiva no Estádio Olímpico da UCV, na capital venezuelana.
Já levantada e descartada na década de 1990, a ideia de uma Copa do Mundo bienal em vez de a cada quatro anos, como vem sendo disputada desde seu início, em 1930, ressurgiu nos últimos meses. Mas não é uma iniciativa isolada.
No final de maio, a Fifa realizou "um estudo de viabilidade" solicitado pela Federação Saudita, próxima de Infantino.
"O presidente da Fifa representa 211 países e cada um deles tem o direito de sonhar. Mas, o sonho deve ter uma chance de se tornar realidade, porque se você vai sonhar para sempre, vai acabar fazendo outra coisa", declarou o dirigente que comanda o futebol mundial, que está fazendo uma série de visitas aos países da América do Sul.
"Hoje, falando francamente, quais são as reais chances da Venezuela participar da Copa do Mundo?", questionou Infantino, lembrando que a seleção venezuelana nunca participou de uma Copa do Mundo e dificilmente terá condições de ir ao próximo Mundial no Catar, pois é a lanterna das Eliminatórias Sul-Americanas.
"A possibilidade de reformar o calendário com uma Copa do Mundo a cada dois anos, nós analisamos do ponto de vista futebolístico, é possível. São muitas as vantagens, porque damos mais oportunidades para muitos mais países participarem", explicou o executivo.
"Reformar o calendário é possível"
"Quando foi decidido que a Copa do Mundo deveria ser disputada a cada quatro anos, há cerca de 100 anos, a Fifa tinha 40 países filiados", acrescentou. "É hora de analisar o assunto", acrescentou, reiterando que uma decisão será tomada até o final do ano. "Se fizermos mudanças, todos terão que sentir que ganharam com elas", prometeu.
"O prestígio de um torneio não depende da frequência com que é disputado", ressaltou Infantino, que avaliou que a reforma pode permitir que os jogadores cheguem à Copa do Mundo em igualdade de condições, reduzindo as idas e vindas de jogadores sul-americanos para atuar nas eliminatórias. "Estudos mostram que viajar, com jet lag e mudanças climáticas, é ruim", disse.
"Se Messi tem que percorrer 350 mil quilômetros para disputar uma Copa do Mundo e Cristiano Ronaldo 50 mil ... É normal que os sul-americanos estejam um pouco mais cansados do que os europeus., acrescentou.
Ele citou uma estatística reveladora: "Desde 2002, o Brasil não vence uma partida na fase de mata-mata, nem na fase de grupos, contra um país europeu. Já se passaram 20 anos e é o Brasil!"
Mas a ideia de disputar uma Copa do Mundo a cada dois anos atraiu grandes críticas. O Presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, condenou esta proposta em meados de junho, numa entrevista à AFP, considerando-a "impossível".
Para a Conmebol, uma Copa do Mundo a cada dois anos poderia "distorcer" a competição, "rebaixando sua qualidade e minando seu caráter exclusivo e seus atuais padrões exigentes".
Vários treinadores também criticaram a ideia de uma Copa do Mundo bienal, como o alemão Jürgen Klopp (Liverpool), que avalia que neste projeto "só o dinheiro importa".