Líder do elenco do Fluminense, Felipe Melo desabafou após classificação na Libertadores (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)


A classificação do Fluminense às oitavas de final teve contornos de drama. Ainda assim, o Tricolor chega ao mata-mata como líder do difícil grupo D, com dez pontos, e mesmo que divida opiniões do torcedor, como ao fim do jogo, conquistou quase todos os seus objetivos no primeiro semestre. Também por isso, Felipe Melo desabafou na saída de campo -- e encontrou eco na coletiva de Fernando Diniz.




Depois de uma semana tensa, quando o Superesportes revelou uma relação conturbada entre Marcelo e o Fluminense, horas depois que o canal "Raiz Tricolor", no YouTube, também publicou vídeo sobre outras rusgas do lateral com funcionários do clube, o Flu entrou em campo para enfrentar o Sporting Cristal visivelmente tenso.


Os erros na saída de bola tiveram mérito do organizado time comandado por Tiago Nunes -- que se não é um primor de técnica, mais uma vez se mostrou bem treinado --, mas também do clima pesado no CT Carlos Castilho. 
 

Após abrir o placar em um golaço de Cano, o Fluminense jogava bem, mas sofreu mais um gol bobo, sendo vazado pelo 10º jogo consecutivo. A equipe claramente sentiu o empate, que ainda lhe favorecia, mas passou a jogar mal. Tudo culminou em um segundo tempo de tensão, um misto de vaias e aplausos na arquibancada e um desabafo de Felipe Melo.




- A gente se classificou em primeiro, não sei o que querem. Não sei por que reclamam, pegamos o grupo da morte. Nós passamos em primeiro no grupo que tem quiçá o melhor time do continente, que tem um time que não é fácil jogar – que é o The Strongest –, tem esse time que é bem treinado pelo Tiago Nunes. Não tem mais bobo no futebol não, gente. Existem jogos que não vamos dar o nosso melhor tecnicamente porque pode ser que não seja o dia. Mas não pode faltar garra, gana, vontade, ajuda, companheirismo - afirmou, na saída de campo.

Críticas à imprensa 


Na sequência, disparou sua metralhadora contra a imprensa. Antes, Felipe já tinha se pronunciado em suas redes sociais, onde negou quaisquer problemas internos. 

- Muito foi se falado nessa semana de uma briga interna. Eu sei o que esses urubus querem tanto colocar uma crise aqui dentro do Fluminense. Arrumar intriga onde não existe. É um grupo que se gosta, que se conhece. Hoje mostramos que é um grupo que nos gostamos tanto que um correu pelo outro, se doou ao máximo. Sofremos quando tínhamos que sofrer, mas classificamos em primeiro que era o objetivo principal. 



 


As críticas aos jornalistas encontraram eco na entrevista coletiva de Fernando Diniz, que também falou sobre o caso -- a pergunta, na verdade, tinha sido direcionada a Marcelo, que preferiu não tocar no assunto.

- Sobre a grande boataria que aconteceu, para mim é uma coisa que luto a vida inteira, e vou seguir lutando, que a gente tenha mais respeito pelas pessoas que estão dentro do futebol. Muita coisa que saiu é mentira. Tem muita fonte, mas tem telefone sem fio. A grosso modo, o jornalista tem fontes que dão fatos, mas tem que apurar melhor a verdade. A gente pega os momentos que o resultado não está vindo e fica mais preocupado em publicar qualquer coisa do que apurar a verdade. Achei que a verdade foi mal apurada - questionou Fernando Diniz.


O treinador foi além e chamou as reportagens, que relataram detalhes de desentendimentos de Marcelo com funcionários e dificuldades na relação com o elenco, de mentirosas. Diniz ainda pediu respeito aos profissionais do futebol.  

- Eu luto a minha carreira inteira para que tenhamos mais respeito. De tudo que saiu, tem muita coisa que é mentira, por mais que digam de fonte. O jornalista tem fonte, mas tem que investigar a verdade. Saiu muito pouca verdade. A gente pega o momento que o resultado não está vindo, a gente fica preocupado em vender notícia do que apurar verdade. Foi muito mal apurado, estou aqui dentro. Cada um fala o que quer. O maior patrimônio que a gente tem é o torcedor e vocês os alimentam de informação. Mas tinha mais desinformação do que informação. Tenho maior respeito pelo trabalho de vocês, mas quando tem esse tipo de atitude, vocês não respeitam o trabalho. 




Vaias e brigas na torcida



Outro ponto da entrevista de Felipe Melo foi a reação da torcida após o jogo. Ao apito final, muitos tricolores vaiaram a atuação ruim do Fluminense, mas depois, outros aplaudiram e entoaram cânticos de apoio à equipe. Se Diniz preferiu ficar com os aplausos, Felipe também agradeceu o apoio.


- Somos muito gratos ao torcedor pelo o que tivemos até aqui. O torcedor do Fluminense veio e fez a festa até o final, nos apoiou até o final, sofreu com a gente. Acho que, quem vaiou, foi mais no sentido de "ah, conseguimos passar", e, de fato, sofremos. Não vejo um clube que pode jogar os 70 jogos na temporada bem. Fomos uma equipe coesa, que se entendeu dentro de campo e conseguiu se classificar. Há de ressaltar isso, foi o fator campo que nos ajudou, justamente porque a torcida tem feito toda a diferença - enfatizou.

Depois que a arquibancada se dividiu entre vaias e aplausos, a Bravo 52, parte da torcida que é um movimento popular, foi xingada por outros torcedores. Com a filosofia de apoio incondicional independente do resultado, a "barra" costuma receber críticas de outros setores, que exigem mais cobranças. 

 
Próximos jogos do Fluminense 

São Paulo x Fluminense - 01 de julho de 2023 - 16h (de Brasília) - Brasileirão
Fluminense x Internacional - 09 de julho de 2023 - 16h (de Brasília) - Brasileirão