Fernando Diniz viu Flamengo impor maior desafio de 2023 ao seu Fluminense pela Copa do Brasil (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)


Quem vê o placar da partida de ida entre Fluminense e Flamengo pelas oitavas da Copa do Brasil pode não ter a total dimensão do que aconteceu na noite  no Maracanã. Para além da expulsão de Felipe Melo e de passar grande parte do jogo com um a menos, o Tricolor sentiu muito seus desfalques e viveu seu maior desafio em 2023.




Os primeiros 25 minutos do jogo foram todos do Flamengo. Na temporada, nem o arquirrival, nem o poderoso River Plate colocaram o Flu de Diniz com as costas na parede. Principalmente pela ausência de Alexsander pela esquerda, a equipe não conseguia trocar passes, e teve menos a bola que o adversário mesmo com 11 contra 11. Ao menos a defesa funcionou bem.



Polivalente, o jovem de 19 anos não é só o volante titular, mas também o lateral-esquerdo reserva do time de Fernando Diniz. 

- Alexsander, infelizmente, era um jogador que dificilmente teria lesão muscular, mas teve no joelho. É um jogador que faz muita falta, assim como Martinelli, e que fazem várias posições. Ficamos mais defasados porque machucaram dois jogadores que têm uma polivalência muito grande no time - afirmou o técnico em sua entrevista coletiva após o jogo.




Era justamente pelo lado esquerdo da defesa tricolor que o Flamengo concentrava suas ações no início do jogo. Abafado, o Fluminense só conseguia sair com viradas de jogo, mas não construiu nada. Na primeira etapa, apenas uma jogada individual de Marcelo virou finalização no gol de Santos. 

Pirani vai mal, mas Diniz elogia


Isso porque, sem muitas opções, o treinador começou o jogo com Gabriel Pirani no meio de campo. Embora tenha sido elogiado por Diniz, o camisa 20 não foi bem na defesa nem incomodou no ataque.

- A decisão foi por conta de um jogo tático. Tinha uma intenção muito clara do Flamengo de explorar aquele nosso lado. Não ia colocar o John Kennedy para auxiliar o Marcelo. Pirani foi bem, conseguiu participar do jogo, cumpriu o que eu queria. O jogo pedia a presença dele hoje - justificou Diniz.



Gabriel Pirani foi escolha de Diniz para começar o jogo, mas não foi bem assim como o Fluminense (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)



Quando o lateral-esquerdo sentiu dores na panturrilha e deixou a partida aos 38 minutos, o Tricolor perdeu mais uma peça do quebra-cabeça.

- [A substituição] Foi para não expor o Marcelo a uma lesão numa temporada que a gente sabe que é desgastante. Ele teve dor nas duas panturrilhas da outras vezes, e hoje também acho que foi nas duas, coisa que a gente vai investigar com calma, mas ele não teve lesão - garantiu o treinador.

Flamengo é maior desafio de 2023


Por mérito da ótima atuação do time rubro-negro na primeira etapa, o Fluminense não conseguiu impor seu estilo de jogo. Ao fim da partida, o Flamengo teve 55% de posse de bola, contra 45% do Tricolor. Foi a primeira vez na temporada que o Flu teve menos a bola que seu adversário.




Além disso, a dificuldade que não se traduz necessariamente nos números ficou evidente no Maracanã. Fora da zona de conforto, o Fluminense melhorou quando ficou com 10 jogadores, baixou suas linhas e reduziu o espaço do Flamengo, atacando em poucas bolas longas e jogadas de bola parada.
 

Arbitragem irrita tricolores


Após um primeiro tempo em que não coibiu um rodízio de faltas admitido pelo Flamengo após o jogo, o sempre polêmico Anderson Daronco fez das suas mais uma vez na segunda etapa. 

Minutos depois de expulsar Felipe Melo e deixar o Fluminense com um homem a menos, Daronco ignorou pisão de Gabi -- assim como o árbitro de vídeo -- e exagerou nas conversas. O Fla fez 22 faltas e não levou nenhum cartão amarelo, enquanto o Flu, que parou o jogo cinco vezes de maneira faltosa, recebeu um vermelho direto e dois amarelos por reclamação - para Ganso e o auxiliar Eduardo Barros.




Com um a menos, Fluminense de Ganso sofreu com Flamengo pela Copa do Brasil (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)

 

Fernando Diniz, que não costuma entrar no tema, criticou a falta de critério da arbitragem.

- A arbitragem foi permissiva com as faltas táticas do Flamengo. Espero que a próxima arbitragem [jogo de volta] seja imparcial.  Espero que a próxima "final" tenha uma arbitragem imparcial, porque ela não foi imparcial de novo. O Fluminense foi campeão Campeonato Carioca apesar da arbitragem e hoje a gente conseguiu o 0 a 0 apesar da arbitragem de novo. É muito mais fácil e menos interpretativo o VAR chamar por causa do pisão do Gabigol no Ganso que foi intencional. Pisou porque pisou, porque quis pisar - afirmou o treinador.
 
 

Após ser desafiado pelo arquirrival na Copa do Brasil, o Fluminense terá outro clássico pela frente, desta vez, pelo Campeonato Brasileiro. Terceiro colocado com 13 pontos, o Tricolor volta a campo para enfrentar o líder Botafogo, que tem dois pontos a mais, no sábado (20), às 18h30, no Nilton Santos.