Se o Fluminense já era forte até o início de 2023, ficou ainda mais após o retorno de Marcelo ao clube onde foi revelado. A volta para casa do lateral-esquerdo multicampeão pelo Real Madrid rapidamente mudou o patamar do time de Fernando Diniz. Até agora, o Flu está invicto com o camisa 12.
São sete jogos, com seis vitórias e um empate. Três deles sem sofrer gols. Na Libertadores, 100% de aproveitamento. No Brasileirão, 66,7%, além de um 3 a 0 sobre o Paysandu na Copa do Brasil. Mas muito mais do que números, Marcelo teve um casamento perfeito com o "Dinizismo".
O estilo de jogo do treinador do tricolor parece ter sido feito sob medida para o jogador "desfrutar", como gosta de dizer Diniz.
- Ele se mostrou muito disposto a isso e acredito que ele pode se divertir muito mais aqui do que ele se divertiu no Real Madrid - disse o técnico, antes mesmo de Marcelo entrar em campo novamente pelo Fluminense.
A reestreia do lateral-esquerdo foi contra o Sporting Cristal, no Peru, pela Libertadores. Foi também o primeiro jogo do craque pela competição sul-americana.
Em Lima, Marcelo fez seu primeiro ato na volta para casa: um genial passe de três dedos para quebrar a defesa e deixar Jhon Arias livre para achar Germán Cano e colocar o Fluminense à frente no placar. O jogo terminaria 3 a 1 para o tricolor.
A relação reatava bem, mas nem mesmo os mais otimistas imaginariam o roteiro de cinema que estava por vir. O jogo seguinte era o segundo jogo da final do Campeonato Carioca contra o Flamengo e o Fluminense precisava tirar uma diferença de dois gols para levar a decisão aos pênaltis. Mas nem precisou.
Logo no primeiro tempo, Marcelo disse a que veio. Fosse só por aquele lance e seu retorno já teria valido a pena ao torcedor. Um drible desconcertante no volante Gerson -- jogador formado mas hoje pouco querido em Xerém -- e uma chapada no canto sem nenhuma chance para Santos.
- É uma coisa que o modelo de jogo que a gente adota me permite. Acho que o Marcelo pela qualidade que tem e trata o jogo de futebol, vai conseguir ser muito bem acolhido. Vai ter mais espaço para jogadas como aquela (do Fla-Flu). Ele sabe aproveitar as brechas. Não me lembro de ter feito uma jogada pelo lado direito do campo no Real Madrid e na seleção. Em pouco tempo ele conseguiu perceber e fazer uma jogada determinante para o nosso sucesso ontem - afirmou Fernando Diniz após o título.
A comemoração emocionada contrastava com a mão levada à cabeça, pedindo frieza e consciência ao Flu. Viriam mais três gols, um show de lances plásticos de Marcelo e mais uma taça para ele e para as Laranjeiras. Como em finais de Champions League, novamente ele era decisivo.
Para quem conquistou tanto, poderia ser apenas mais uma. Mas as lágrimas nos olhos do craque dizem tudo sem precisar de nenhuma palavra.
O que se viu dali para a frente pode não ter sido tão emocionante, mas não menos impressionante. O Fluminense já era um dos melhores times do país, mas agora, com o camisa 12, parece -- e até agora é -- imbatível. Na goleada contra o River Plate, Marcelo pode não ter repetido o brilho dos outros jogos, nem tampouco precisou.
Comanda o time com a experiência, o ritmo e a qualidade que deixa até as torcidas rivais de boca aberta. Há quem critique os 34 anos do jogador, que não atuou em todas as partidas disputadas pelo Fluminense desde a sua chegada. Mais uma vez, até agora, não precisou.
Na vitória sobre o Cruzeiro, iniciou a jogada do segundo gol com um dos três chapéus que aplicou no gramado do Mineirão. Humilde, ele prefere o pensamento jogo a jogo do que falar de futuro, freando a empolgação e valorizando seus companheiros.
- Ainda tem muito jogo ainda pela frente. A gente sabe que quer brigar por todas as competições e o Brasileirão é muito difícil. Hoje foi um jogo que a gente jogou bem, soube sofrer, soube se defender quando precisou e depois conseguimos fazer os gols, mas tem muito jogo ainda - finalizou.