A goleada sofrida para o Bragantino nesta quinta-feira (22) preocupa não apenas pelo placar elástico (4x0) e por reforçar a fase ruim do Flamengo como visitante. Mas, principalmente pelo time de Jorge Sampaoli rever um problema que parecia superado até a pausa para a Data Fifa: a desorganização do sistema defensivo.
Trucidado em Bragança Paulista, onde sofreu 36 finalizações, o time tem a sétima pior defesa do Brasileirão. Se somadas as partidas da quinta e a vitória contra o Grêmio, foram 60 chutes contra o Rubro-Negro nos últimos dois jogos, segundo a plataforma Sofascore.
A defesa era um ponto de fragilidade da equipe sob o comando de Vítor Pereira, nos primeiros meses de 2023, e se mantinha assim no início do trabalho de Sampaoli.
Porém, o setor evoluiu e a melhora se apresentou nos números: com o português, o time tinha média de 1,2 gol sofrido/jogo, que caiu para 1 gol sofrido/jogo sob o comando o argentino – até a pausa para os jogos das seleções. Depois da goleada em Bragança, a média subiu para 1,17, quase a mesma de Pereira.
A derrota para o Bragantino também pôs o Fla entre as sete defesas mais vazadas da Série A, com 15 gols sofridos. À frente, neste quesito, estão o quarteto do Z4 (Coritiba, Vasco, América e Goiás), o Bahia e o Grêmio.
Ao falar sobre o que lhe incomodou no 0x4 fora de casa, Sampaoli preferiu evitar uma análise tática e avaliou o estado anímico do time – e também da comissão técnica.
– Hoje, a passividade do time me preocupa muito. Mais do que uma análise coletiva, posicional, de jogadores, que é minha responsabilidade também. É algo que o time tem que rever, a torcida tem direito de reclamar uma atuação como essa. É algo que nem a torcida e nem o clube merecem - comentou o argentino.
Gols do Bragantino expõem falhas
Para além dos outros 32 chutes sofridos, os quatro gols tiveram pontos em comum: a desatenção e a desorganização da defesa, que marcou mal, ofereceu espaços e ofereceu chances em falhas individuais.
Eduardo Santos subiu com espaço e sem marcação para abrir o placar, e Mosquera se aproveitou de passe errado no meio de campo e da recomposição lenta do Flamengo para ampliar.
No terceiro gol, David Luiz subiu mal na bola aérea, perdeu a disputa pelo alto e, no rebote, quem apareceu livre foi Alerrandro. Por fim, mais uma falha: desta vez de Wesley, que escorregou, perdeu a bola pela direita e viu Mosquera fazer o que quis com a defesa flamenguista.
Não fosse a boa atuação de Matheus Cunha, com nove defesas, a goleada poderia ser ainda pior para os rubro-negros.
Apesar dos erros individuais, Sampaoli preferiu creditar o duro revés à equipe como um todo, não somente quem cometeu as principais falhas.
– Analisar pontualmente um jogador é injusto. O time, como eu falei antes, foi superado. Não acredito que a qualidade individual determinou o jogo, foi a coletiva. Perdemos muita bola, não geramos jogo - disse.
Visitante desejado?
O Flamengo não vive um bom momento como visitante na temporada: desde que estreou pela Libertadores com derrota para o Aucas (EQU), foram oito jogos longe do Maracanã.
Neste período, foram cinco derrotas, dois empates e apenas uma vitória fora de casa – contra o Bahia, em Salvador. Um aproveitamento de aproximadamente 21% neste quesito.
O Fla volta a campo justamente como visitante, neste domingo (25), às 18h30 (horário de Brasília) para enfrentar o Santos, na Vila Belmiro, pela 12ª rodada do Brasileirão.