O Flamengo enfrenta o Racing, da Argentina, nesta quinta-feira (4), pelo terceiro jogo da fase de grupos da Copa Libertadores. É o reencontro com Paolo Guerrero, que defendeu o time brasileiro entre 2015 e 2018, com 43 gols em 112 jogos.
Guerrero reforçou o Flamengo depois de passar pelo Corinthians, custou R$ 43 milhões no tempo em que esteve sob contrato e representou um marco na história recente do clube em termos de reestruturação financeira e poder no mercado. No entanto, saiu sem deixar muitas saudades após desgastes contínuos e falta de sintonia com a torcida.
Em 2015, o peso era de virada de chave do clube rubro-negro após um período de poucos investimentos. Em entrevista ao Superesportes, o presidente na época da contratação Eduardo Bandeira de Mello diz que chegou a enfrentar críticas na época.
A vinda do Guerrero foi a primeira grande contratação do Flamengo na nossa administração, surpreendeu a todos e até gerou suspeitas de que estávamos abandonando a nossa postura de responsabilidade.
Além do recado que a gestão de Bandeira passou ao mercado, a compra de Guerrero também levou ânimo para o clube como um todo. Naquele momento, jogadores e profissionais envolvidos com o dia a dia acreditaram que a chegada do peruano significava que o Flamengo voltaria a brigar por títulos.
Com passagens pela seleção peruana, Bayern de Munique (ALE), Hamburgo (ALE) e credenciado no futebol brasileiro pelo gol do título mundial pelo Corinthians, Guerrero se apresentou ao Flamengo e à torcida com status de estrela internacional e passou a ser uma referência no clube.
Internamente, segundo ouviu a reportagem, não dava trabalho por questão disciplinar, pois se mostrava pontual e agradável no dia a dia, não arranjava problema com colegas do elenco e, no fundo, era a grande esperança de gols. No entanto, o que tinha tudo para dar certo, acabou como decepção.
Guerrero não incorporou o DNA do Flamengo
Apesar de ter embalado a torcida com o canto "Acabou o caô, o Guerrero chegou!", o peruano não conseguiu criar uma identificação com a arquibancada. Quem acompanhou de perto relata que faltou química entre o jogador e os torcedores. Guerrero era tímido, reservado, frio e não se comunicava com a torcida. Para muitos, não incorporou o DNA do Flamengo. Faltou um sentimento subjetivo de espírito de raça que a arquibancada tanto pedia de um jogador que despertou tanta expectativa.
Para Bandeira de Mello, a relação entre Guerrero, Flamengo e torcida começou a desandar quando o jogador foi pego no exame antidoping quando servia a seleção peruana, em novembro de 2017.
- Infelizmente, o episódio da condenação por doping acontecido quando ele estava cedido à seleção peruana prejudicou muito o Flamengo, subtraindo praticamente um terço do seu tempo previsto de contrato e comprometendo nosso desempenho esportivo principalmente no segundo semestre de 2017.
Após a notícia do resultado de Guerrero, constatando que o jogador fez uso da substância benzoilecgonina, principal metabólito da cocaína, pela simples ingestão de um chá, o Flamengo tentou entender o que houve. Guerrero ficou muito abatido e surpreso. O Flamengo foi em busca das questões legais e seus direitos, já que não contaria com os serviços do jogador, que foi suspenso pela Fifa e impossibilitado de atuar. A partir desse momento a sensação foi de quebra de confiança.
Apesar dos desentendimentos e desgastes que aconteceram até Guerrero encerrar a passagem pelo Flamengo em agosto de 2018, o ex-presidente Bandeira de Mello opta por deixar no passado qualquer mágoa.
- Eu prefiro acreditar na integridade profissional do atleta e guardar as boas recordações da sua passagem pelo Flamengo. Principalmente o canto da torcida.
Atualmente no Racing aos 39 anos, Paolo Guerrero veste a camisa 22 e já balançou as redes adversárias três vezes em 14 jogos. Sua titularidade é dúvida para o jogo desta quinta-feira. O peruano chegou ao clube argentino no início do ano, após passagens apagadas por Internacional e Avaí no futebol brasileiro.