Entre as revelações feitas por Rafael Sóbis, estão críticas à atuação do presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues. De acordo com o ex-camisa 10, Sérgio desaparecia sem dar satisfação aos atletas, comissão e demais funcionários do clube.
— A gente não tinha respaldo de ninguém, nem deles (dirigentes). Claro que eles tinham suas coisas, seus afazeres, mas poxa, o Cruzeiro era mais importante. E no dia a dia não tinha ninguém. “Vai pagar segunda”. Segunda-feira não aparecia. Porque nós íamos dar a notícia né. “Falou que vem segunda”. Aí segunda não tinha. Jogador já queria me matar — contou Sóbis.
— (Sérgio Santos Rodrigues) Sumia um mês, aí aparecia em Portugal, falando de gestão. E nós ferrados. Aí perdia o jogo, aí não aparecia. Aí sumia mais umas semanas. Não tô falando que ele não sofria, não tinha seus afazeres, até defendendo o Cruzeiro. E ele foi uma parte importante dessa mudança. Mas a gente precisava de pessoas no dia a dia, para dividir a responsabilidade, e a gente não sentia isso, nem em viagens. Tinha viagem que era só jogador, Felipão, o segurança e deu. Mais nada. Nós estávamos abandonados. E ainda tínhamos que jogar bola — concluiu.
Falta de pagamento
Rafael Sóbis contou que o Sérgio Santos Rodrigues não honrou a renegociação da dívida do Cruzeiro com o jogador. A promessa de pagamento era uma das condições para o retorno do atacante ao clube.
— Fui naquele intuito de ser o cara de ajudar e aí ele falou “a dívida a gente só consegue começar a pagar a partir de fevereiro”, falei não, tá tranquilo, e eu fui recebendo menos. Resumo, pagou só uma ou duas (parcelas) do acordo, e nunca mais pagou — disse Sóbis.
Mesmo com a falta de pagamentos, Sóbis contou que Sérgio pedia ajuda para o jogador. Segundo o ex-atacante, algumas pessoas do Cruzeiro salvaram o clube de cair para a Série C.
— E o cara do meu lado, todo dia, e me ligava “ô meu me ajuda com os jogadores, pelo amor de Deus. Me ajuda porque os caras tão bravos comigo, porque eu prometi e não cumpri”, aí não aparecia e eu que segurava a bronca. Eu, Flávio, Brock. Eu fiquei morando quatro meses dentro da Toca da Raposa. Tirava dinheiro do bolso, ajudava as pessoas, quem trabalhava. Eu falo assim, sem modéstia, a gente salvou o Cruzeiro da terceira divisão — desabafou o ex-jogador.
Papel de Felipão e Luxemburgo
Rafael Sóbis ainda falou sobre a importância dos treinadores Felipão e Vanderlei Luxemburgo, que comandaram o Cruzeiro nas retas finais das Séries B de 2020 e 2021, respectivamente.
— Temos que agradecê-los também, porque a experiência deles ali nos salvou, salvou muito. Eles seguraram a bronca. Imagina, se nós atletas, nos bastidores, tínhamos que segurar tanta coisa, imagina esses caras com tudo que eles têm, mundialmente, como treinadores. Mas eles estando lá naquela outra parte que atleta não atinge, eles sabiam muito mais coisas, estão se eu acho que eu sofri, esses caras sofreram muito mais para consertar tudo — falou Sóbis.
De acordo com o ex-camisa 10 da Raposa, a presença dos treinadores também foi primordial para que o empresário Pedro Lourenço, o “Pedrinho BH”, seguisse investindo no clube.
— Essenciais. O Pedro tava largado, imagina? Se o cruzeirense ver o Luxemburgo, o Felipão na rua aí, agradeçam. Imagina estar num lugar que tinha 100, 200 pessoas, e nenhuma ganhando um real para estar ali. Isso foi o que aconteceu.
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