Torcedores do Cruzeiro protestaram na tarde desta sexta-feira (31/3) na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, para que o time volte a mandar partidas no Mineirão. Integrantes das organizadas Máfia Azul, Pavilhão Independente, Cachazeiros, Fanáti-cruz, China Azul, Torcida Jovem, Geral Celeste, Comando Rasta e Mancha Azul se manifestaram contra a Minas Arena e a favor da abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para investigar o contrato de operação do estádio.

Em 2023, a gestão de Ronaldo Fenômeno no Cruzeiro esfriou a relação com a Minas Arena por discordar das taxas cobradas pela empresa. “O Mineirão é mais uma herança maldita que a gente recebeu do passado. As taxas abusivas que o Mineirão operava conosco, ou com qualquer outro clube, nós não iremos mais aceitar. Nós não estamos negociando com eles mais”, disse o ex-camisa 9, em uma de suas lives na Twitch.

Sem o Mineirão, o Cruzeiro adotou o Independência como palco no estadual e chegou a mandar jogos em estádios fora de Belo Horizonte, como a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, e o Estádio Kléber Andrade, em Cariacica. Curiosamente, o time celeste não ganhou nenhum confronto em casa em 2023: foram três empates e duas derrotas.

Com a participação do patrocinador Pedro Lourenço, do Supermercados BH, a diretoria do Cruzeiro se encontrou na quinta-feira (30) com representantes da Minas Arena para tentar um acordo. Em declaração veiculada no ge.globo, o CEO da SAF, Gabriel Lima, disse que a proposta apresentada pela concessionária foi pior que os moldes anteriores.

“Pela primeira vez, ontem (quinta), a gente recebeu uma proposta formal da Minas Arena para voltar a jogar no Mineirão. A proposta não é benéfica para o Cruzeiro. Ela, inclusive, está pior do que tínhamos ano passado. Mas a gente sempre se manteve aberto a discutir e vamos responder esta proposta hoje”.

O diretor se mostra aberto a novas conversas, pois, segundo ele, o interesse do Cruzeiro é de jogar no Gigante da Pampulha. “Deixamos bem claro que nossa ideia é voltar para o Mineirão o quanto antes. Pedimos celeridade, e a promessa do governo é que haja reunião ainda em abril. Para a gente, o quanto antes, melhor. O Mineirão é a casa do Cruzeiro, e nós gostaríamos de voltar para o Mineirão”.

O Cruzeiro fez do Mineirão um ponto importante de apoio na campanha da Série B de 2022. Dos 19 jogos do time em casa, 16 ocorreram no maior estádio de Minas Gerais. E o retrospecto foi bastante favorável: 13 vitórias, dois empates e uma derrota.

Campeão da segunda divisão com 78 pontos em 38 rodadas, a Raposa alcançou média de público de mais de 41 mil espectadores e uma renda bruta de R$ 29,5 milhões, considerando também o Independência, em BH, e o Mané Garrincha, em Brasília.

Dívida

No plano de recuperação judicial enviado à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, o Cruzeiro informou ter um débito de R$ 13,9 milhões com a Minas Arena. O valor integra a relação de créditos quirografários - sem preferência de pagamento -, que totalizam mais de R$ 209 milhões. O passivo total no processo é de R$ 537 milhões.