Assim como anunciado pelo Cruzeiro nessa sexta-feira (3), o empresário Pedro Lourenço firmou um acordo com a Tara Sports Brasil, empresa gerida por Ronaldo Nazário, para investimentos na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) da Raposa. O dono da rede Supermercados BH fará um aporte por meio de recursos que poderão ser transformados em ações do clube-empresa no futuro. 

 

 

Pedrinho, como é carinhosamente chamado pelos cruzeirenses, fará uma espécie de empréstimo à empresa do Fenômeno com garantias de porcentagem da SAF (em torno de 20%, segundo apurou a reportagem). Esse tipo de operação financeira recebe o nome de debênture conversível. 

Nessa quarta-feira (1º), o Superesportes trouxe em primeira mão a informação de que o valor investido por Lourenço será de R$ 100 milhões. Desse montante, R$ 70 milhões serão utilizados exclusivamente para necessidades urgentes do clube. A quantia será paga à vista.  

Os outros R$ 30 milhões estão diretamente relacionados à dívida que a associação civil tem com o dono da rede varejista. O empresário propôs o 'perdão' da incumbência listada no processo de Recuperação Judicial do clube para avançar no negócio com Ronaldo. 

Os débitos do Cruzeiro com o Pedro BH estão acumulados em R$ 25.394.646,00. Desse valor, apenas o débito envolvendo a compra do meia-atacante Arrascaeta, em 2015, foi detalhada no processo. O valor é de R$ 9 milhões.

No documento não há detalhamento sobre o teor das outras dívidas com o empresário: R$ 8.558.121,00, R$ 7.836.135,00 e R$ 390. O passivo da associação civil na Recuperação Judicial é de R$ 537 milhões.

 

 

A reportagem também apurou que Lourenço fez um apelo a Ronaldo antes de fechar o contrato de investimento na SAF. Ele pediu ao gestor para que o Cruzeiro volte a jogar no Mineirão ainda nesta temporada, já que a distância na relação com o estádio prejudica o torcedor. 

Embora tenha adquirido as debêntures, Pedrinho ainda não será diretamente sócio da SAF do Cruzeiro. Ronaldo Fenômeno continua sendo o majoritário, com 90% das ações, enquanto a associação civil tem direito aos outros 10% assegurados por lei. 

 

 

Lourenço terá uma fatia da SAF apenas se transformar o crédito que tem com a empresa do ex-jogador - empréstimo dos R$ 100 milhões - em ações do clube mineiro. 

Para que isso aconteça, a transação teria que passar por análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão responsável por fiscalizar a legislação do processo dos clubes-empresas. Essa averiguação tende a demorar alguns meses. 

Pedro Lourenço é conselheiro nato do Cruzeiro e uma das figuras centrais na reconstrução do clube após a queda para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2019. Além disso, foi patrocinador máster de 2015 a 2022. 

O empresário teve participação direta em operações financeiras em anos anteriores. Ele foi responsável por fazer aportes para pagar salários atrasados e contratar jogadores. Ademais, adiantou verbas de patrocínio para aliviar o fluxo de caixa celeste.