'Paixão que vem de berço': crianças simbolizam redenção do Cruzeiro
Alícia Reis, de oito anos, e Gabriel Henry, de 11, viraram figuras marcantes nas arquibancadas do Mineirão na campanha do título da Série B
Por Denys Lacerda, João Vitor Marques
12/10/2022 08:00
- Atualizado em: 12/10/2022 00:48
No colo do avô, a pequena Alícia Reis não se aquietava até ouvir o computador tocar: 'Nós somos loucos, somos Cruzeiro'. O canto das arquibancadas do Mineirão se transformava em canção de ninar para a torcedora, à época com poucos meses de vida.
"Meu avô me fala que quando ele tirava a música, eu acordava e mexia no braço dele. E aí ele colocava de novo e eu voltava a dormir", conta a sorridente garota, que agora tem oito anos.
Nos braços do pai, Gabriel Henry não se assustava com a multidão azul ao seu lado. Pelo contrário, toda aquela gritaria do estádio lotado o empolgava. Ali, o garoto já se sentia em casa.
"Meu pai me levou ao campo pela primeira vez aos dois anos. Eu gostei demais, é paixão que vem de berço", relembra Gabrielzinho, aos 11.
As duas histórias se encontram no setor Amarelo Inferior do Mineirão. Alícia e Gabriel, tão novos, dividem uma paixão: o Cruzeiro Esporte Clube.
E simbolizam um amor sem medidas, que suporta os momentos mais difíceis e é recordado neste 12 de outubro, Dia das Crianças. Juntos, a convite do Superesportes, passaram uma manhã em um lugar onde viveram algumas de suas maiores emoções: o Mineirão.
Alícia e Gabriel, crianças marcantes na campanha do acesso do Cruzeiro
Nos ombros do avô
Se você assistiu a algum jogo do Cruzeiro este ano, você certamente viu uma garotinha loira nos ombros do avô. Atrás de um dos gols, Carlos Reis, 56, e Alícia se tornaram marcas da torcida nesta temporada em que o time assegurou o retorno à elite do futebol brasileiro.
Alícia Reis em festa na torcida do Cruzeiro durante a Série B
"O que me chama a atenção no Cruzeirão são as estrelas, as cores e a história. Desde o dia em que comecei a frequentar os jogos, fui me apaixonando muito mais", diz a garota.
Jogo após jogo, a dupla apoiou a equipe comandada pelo técnico Paulo Pezzolano na campanha do título da Série B. "A Alícia começou a frequentar o Mineirão com seis meses de idade, na arquibancada superior", relembra o avô.
A neta, então, pediu para que trocassem para o inferior. Afinal, queria ver de perto o Raposão, o Raposinho e os jogadores do Cruzeiro. Ali, no setor amarelo, fizeram parte da redenção celeste.
"Ela sempre ficou nos meus ombros, mas no ano que vem ela vai sair, porque já está crescendo, ficando pesada, e eu tenho uma fratura na coluna e não estou aguentando mais. Aí fizemos um trato: 'O Cruzeiro subindo para a Série A, você vai ficar ao meu lado'. Já está grande, alta, e dá para ver o gramado", conta Carlos.
"Já vou ficar em pé. É um pouco bom e um pouco de saudade, porque na hora em que estou cansada eu fico no pescoço dele. Na hora que eu ficar cansada, vou ter que ficar em pé", brinca Alícia.
Nos braços do pai
Lá de cima, Gabriel vê a festa. Nos braços do pai, o garoto é erguido e comemora mais um gol do Cruzeiro. Foi assim, com essa cena, que ele viu - e viveu - o acesso celeste à Série A.
"Era meu sonho: 'Um dia vou ter um filho, homem ou mulher, e vou trazer para me acompanhar'. E se realizou. Comecei a trazê-lo ao estádio quando tinha dois anos e virou essa paixão. Chega até a arrepiar, é inexplicável", diz o pai, Edimar Nogueira de Oliveira, de 43 anos.
Gabriel Henry em festa na torcida do Cruzeiro durante a Série B
Assim como Alícia, Gabriel deve descer dos braços em 2023. Os próximos anos, aliás, alimentam os maiores sonhos do garoto.
"Quero ver o Cruzeiro ser campeão da Libertadores. É meu sonho. Ganhar título, acabar com os rivais. Acabou a brincadeira. O gigante voltou. É ganhar todos os títulos: Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil, Sul-Americana, tudo. Ganhar tudo, não tem dessa não!", vibra.
As arquibancadas, porém, não são o limite. Para Gabrielzinho, o Cruzeiro é passado, presente e futuro. O garoto quer ser jogador de futebol quando crescer e já mandou um recado para um dos maiores clubes da Europa.
"Eu quero jogar no Cruzeiro. O Real Madrid pode me chamar, mas eu não vou. Não vou sair do Cruzeiro. Não vou. Pode anotar, pode anotar. Não vou", garante o cruzeirense.