Cruzeiro voltou à Série A do Campeonato Brasileiro carregado por seu torcedor (Foto: Staff Images/Cruzeiro)



Embora sempre presente, com marcas e recordes registrados, a torcida do Cruzeiro teve papel fundamental para os resultados do time em 2022 como poucas vezes na história centenária do clube. Neste ano, coube aos cruzeirenses conduzirem o time de volta à elite do futebol nacional. 




Dono da melhor média de público disparada da Segunda Divisão (38.722 por jogo), o Cruzeiro também ganha nesta comparação com praticamente todos os adversários da Série A - perde apenas para Flamengo e Corinthians, donos das maiores torcidas do país. 

Ainda assim, a Raposa tem boas chances de terminar a temporada com média superior aos paulistas, já que terá mais três jogos em seus domínios para festejar o tão aguardado retorno à Série A. 

Se em 2020 e 2021 o torcedor se sentiu impotente, proibido de ir ao estádio pela crise da COVID-19, em 2022 mostrou seu poder nas arquibancadas. No Mineirão, apenas os jogos contra Sport, Vila Nova, Brusque e Londrina não registraram públicos superiores a 40 mil torcedores.





Nos jogos contra Operário (52.751), Ponte Preta (58.076), Sampaio Corrêa (58.397), Criciúma (58.702) e Vasco, o público superou 50 mil torcedores presentes. Já diante de Bahia (49.066), Novorizontino (46.890), Tombense (42.274) e CRB (42.004), foram mais de 40 mil pessoas no Gigante da Pampulha.

A média celeste poderia ser ainda maior. Isso porque em compromissos importantes, como diante do Grêmio, o Cruzeiro precisou mandar seus jogos fora do Mineirão pela agenda cheia do estádio. 

No Independência, que comporta menos de 23 mil torcedores, a Raposa atuou duas vezes: vitórias sobre Grêmio (1 a 0), no dia 8 de maio, e Náutico (4 a 0), em 26 de setembro. O time celeste também disputou um confronto em Brasília (1 a 1 contra a Chapecoense, no dia 13 de setembro). 




Ainda assim, a média de presença, que só será confirmada no fim da Série B, será maior do que a de anos em que o Cruzeiro conquistou troféus da Primeira Divisão. Em 2003, foram 26.758 por jogo. Em 2013, 28.911. Já em 2014, 29.691 foi a média por partida.  


Sintonia e emoção 


Desde o Campeonato Mineiro, no primeiro trimestre do ano, a torcida do Cruzeiro mostrou que estava disposta a aceitar um time sem o primor técnico de outrora. Diante disso, passou a valorizar a entrega física e o comprometimento do grupo com o trabalho do técnico Paulo Pezzolano. Isso bastou.

Mesmo com a derrota por 3 a 1 para o arquirrival Atlético, que conquistou o Estadual pelo terceiro ano consecutivo, os cruzeirenses não deixaram de cantar e apoiar. Dali em diante, o objetivo de "sair dessa desgraça e voltar para a Série A", como cantam, foi abraçado pelas arquibancadas.

Jogadores do Cruzeiro fizeram saudação viking em praticamente todos os jogos (Foto: Staff Images/Cruzeiro)

A comemoração ao estilo viking, utilizada pela primeira vez pelos jogadores do time de 2018, se transformou em marca da sintonia entre jogadores e torcedores em 2022. Ao fim de cada uma das vitórias, em casa ou fora, o ritmo das palmas indicava a trajetória vencedora de um elenco sem grandes estrelas, mas, sobretudo, corajoso.




Com a campanha impecável do primeiro turno, o Cruzeiro iniciou o returno da Série B praticamente em contagem regressiva para a volta à elite. A música que embalou o acesso não demorou a ser lançada. De autoria do rapper Das Quebradas, a letra emocionou ao lembrar do calvário celeste na Segunda Divisão ao retorno guerreado à Série A.

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Pelo interior


Para além das festas no estádio, o torcedor do Cruzeiro espalhado pelo interior de Minas Gerais ganhou a oportunidade de viver o ano especial do acesso sem necessariamente ter que se deslocar para Belo Horizonte. 

Iniciativa do departamento de negócios do clube, a 'Caravana do Cruzeiro' movimentou várias cidades do estado. Com apoio de uma grande carreta, milhares de pessoas, de diferentes regiões, puderam acompanhar os jogos, tirar fotos com ídolos e mascotes e registrar seu amor pela Raposa.




Reflexo nas finanças


As festas nas arquibancadas, que empurraram o Cruzeiro rumo às vitórias, também tiveram reflexos financeiros fundamentais. Em mais de uma oportunidade, o clube tornou público que os lucros com bilheteria e especialmente com o programa de sócio-torcedor foram essenciais para a manutenção, por exemplo, dos salários do elenco.

Se em dezembro de 2021 o Cruzeiro tinha pouco mais de 10 mil associados, neste momento o número já ultrapassou 69 mil sócios. De acordo com Lênin Franco, diretor de negócios da Raposa, ao alcançar 70 mil, o time celeste terá o programa mais lucrativo do Brasil.

"Se a gente chegar aos 70 mil sócios, a gente vira a maior arrecadação de sócio do Brasil (...) 70 mil sócios dão quase R$ 30 milhões/ano. Aí, óbvio, a gente não fica com isso líquido, porém, isso contribui muito para pagar a folha (salário dos jogadores)", revelou o dirigente em entrevista ao Superesportes no mês de julho.