Candidato ao governo de Minas Gerais, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), concordou com o governador Romeu Zema (Novo), seu principal concorrente, sobre a gestão do Mineirão. Ambos cogitam a possibilidade de um rompimento do contrato com a Minas Arena, concessionária responsável pela administração do estádio até 2037.
"Chega de Minas Arena. Tem que tirar. Chega disso. O governador falou isso? Então o Zema tem razão. Tem que tirar essa Minas Arena da conversa. Puxar isso para o governo, ver se o Cruzeiro interessa. Não tem que dar presente. É bem público. Mas pode fazer uma negociação. Não tem nada demais, nenhum escândalo", disse Kalil ao podcast EM Entrevista.
Em 30 de agosto, ao Superesportes, o secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Fernando Marcato, revelou a possibilidade de um rompimento unilateral do contrato entre governo e Minas Arena.
Isso está previsto na Lei nº 8.987, que trata das Concessões Públicas, mas exigiria que o governo indenizasse a Minas Arena à vista. Segundo Marcato, o valor estimado seria de R$ 400 milhões.
"É um bom caminho (acordo com Cruzeiro). Resolver isso, definir, tirar isso das costas do estado. O Cruzeiro paga e compra o estádio para ele", projetou Kalil.
"O estádio não é do estado hoje. É da Minas Arena. Abrir uma negociação para o Cruzeiro comprar, porque não estão achando que a Minas Arena vai abrir mão de 7, 8, 10, 20 milhões por ano para dar para alguém, né?", completou o ex-presidente do Atlético.
"O estádio não é do estado hoje. É da Minas Arena. Abrir uma negociação para o Cruzeiro comprar, porque não estão achando que a Minas Arena vai abrir mão de 7, 8, 10, 20 milhões por ano para dar para alguém, né?", completou o ex-presidente do Atlético.
Desde 2013, o estado já pagou à Minas Arena R$ 1,054 bilhão como indenização pelos investimentos na reconstrução e na administração do Mineirão. Até o fim do contrato de concessão, com duração total de 27 anos, há a previsão de mais de R$ 800 milhões em repasses. A atualização da dívida é feita pela taxa Selic.
“O que não pode é o governo pagar para a Minas Arena e ela explorar Atlético e Cruzeiro. Eu conheço o modelo do Mineirão. Ele é horrível. Se o Mineirão ficar abandonado e virar floresta, o estado vai ter que pagar milhões todos os meses para aqueles caras. Tem que dar uma solução boa. Que passe pelo Atlético, América e Cruzeiro. Está sobrando o Mineirão. Não vejo nenhum drama em conversar”, afirmou.
Cruzeiro é o maior interessado no Mineirão
O fim do contrato entre o governo estadual e a Minas Arena seria uma oportunidade, por exemplo, para a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro, gerida por Ronaldo Fenômeno, se tornar candidato a assumir o Mineirão em novo processo licitatório.
A operação, no entanto, é complexa. O sócio majoritário da SAF cruzeirense precisaria reunir investidores para criar um novo consórcio capaz de atender às exigências do estado.
Esse novo consórcio, eventualmente composto pelo Cruzeiro SAF, teria que arcar, logo de início, com outorga de R$ 400 milhões. É com esse montante que o governo pretende indenizar a Minas Arena de forma antecipada para romper o vínculo atual.
Conversa do estado com Ronaldo
Em 15 de junho deste ano, Ronaldo se reuniu com Zema e com o secretário Fernando Marcato na sede do BDMG, em Belo Horizonte, e tratou exatamente desse tema. Na ocasião, o ex-camisa 9 afirmou que a conversa foi "muito positiva".
"A conversa foi muito boa. O Mineirão não era a pauta, mas acabou virando. A conversa foi muito boa. Posso dizer que temos muita coisa para fazer pela frente", disse Ronaldo.
Minas Arena
No início deste mês, a Minas Arena reagiu ao tema. Em carta enviada a Marcato, a qual o Superesportes teve acesso, a concessionária demonstrou 'grande surpresa e preocupação' com a possibilidade de o Estado romper o contrato de concessão do Mineirão.
"O tema da encampação jamais fora suscitado com a Minas Arena, a despeito da postura colaborativa e do bom canal de comunicação estabelecido pela concessionária com os representantes do Estado de Minas Gerais”, disse a Minas Arena.
“Causou grande surpresa e preocupação a inédita declaração feita por V. Sa. à mídia de que o Contrato poderia ser encampado pelo Estado de Minas Gerais no próximo ano (2023), para que fosse objeto de uma nova licitação, muito embora a concessionária venha cumprindo com suas obrigações contratuais e apesar de a concessão ainda não está sequer na metade de seu prazo", complementou.
Procurada nesta terça, a Minas Arena avisou que não se manifestará sobre as declarações de Kalil.
Procurada nesta terça, a Minas Arena avisou que não se manifestará sobre as declarações de Kalil.