O Cruzeiro ainda possui dívidas fiscais pelas vendas do atacante Vinícius Araújo ao Valencia, em janeiro de 2014, e do volante Lucas Silva ao Real Madrid, no primeiro mês de 2015. A informação foi apurada pelo Superesportes com fontes da Raposa. 

O clube celeste acertou as transações, mas não pagou a Fazenda do governo da Espanha. Consulta feita pela reportagem ao site da Agência Tributária espanhola mostra que o débito exato da Raposa é de 2.359.976,65 euros - R$ 13.110.383,90.

Especialista em direito desportivo, o advogado Bichara Abidão Neto explicou as possíveis consequências do calote celeste e garantiu que a Fifa não pode ser acionada neste caso.

"Essas cobranças acontecem na Espanha mesmo. Uma vez transitada em julgado, a decisão pode ser executada no Brasil. Este caso não tem relação com a Fifa, é uma dívida fiscal com governo", disse.

Assim, caso haja uma decisão da Justiça espanhola, caberá ao poder judiciário no Brasil intimar a Raposa para fazer o pagamento.

Como a dívida é da associação Cruzeiro, a SAF entende que o pagamento deve ser feito de acordo com o que foi estabelecido pela lei do clube-empresa no Brasil. Logo, é a administração do presidente Sérgio Rodrigues - ou do seu sucessor - que ficará responsável pelo acerto com o governo espanhol.

As negociações do atacante Vinícius Araújo e do volante Lucas Silva ocorreram na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares. Em 31 de janeiro de 2014, 50% dos direitos econômicos do centroavante foram negociados por 3,5 milhões de euros - cerca de R$ 11,5 milhões naquela época.

Natural de João Monlevade-MG, Vinícius Araújo surgiu como um atacante promissor no Cruzeiro. Fez parte do elenco que conquistou o Campeonato Brasileiro em 2013. Naquela temporada, participou de 27 jogos (15 como titular) e marcou 11 gols. Chegou a ser chamado de sucessor de Neymar pelo Diário AS, da Espanha. 

Sem sucesso no Valencia, cuja camisa vestiu em sete partidas, passou por vários clubes: Cruzeiro, Sport, Huesca, Zaragoza, Vasco Avaí e Montedio Yamagata, do Japão. Hoje, defende o Machida Zelvia, da Segunda Divisão japonesa.

Natural de Bom Jesus de Goiás, Lucas Silva foi formado nas categorias de base do Cruzeiro. Subiu ao time profissional em 2012, ganhando a condição de titular em 2013. Com muito talento, foi bicampeão brasileiro com a Raposa. Em 2014, foi eleito o melhor volante do Brasil no prêmio Craque do Brasileirão.

Em janeiro de 2015, o Real Madrid pagou 15 milhões de euros (R$ 68 milhões na época) ao Cruzeiro para contratá-lo. O volante não conseguiu se firmar no Real Madrid, clube pelo qual disputou nove jogos. Em seguida, foi emprestado ao Olympique de Marseille, equipe pela qual participou de 32 partidas.

Lucas Silva ainda voltou ao Cruzeiro em 2017, permanecendo até junho de 2019. Nesse período, o volante foi bicampeão da Copa do Brasil (2017 e 2018) e bicampeão mineiro (2018 e 2019). Hoje, ele defende o Grêmio.