Após quitar parte das dívidas com a Fifa no início da gestão Ronaldo, o Cruzeiro já se prepara para as novas cobranças que chegarão ainda neste ano. Exemplo disso é o débito de cerca de R$ 30 milhões com o Pyrâmids, do Egito, pela contratação do meio-campista Rodriguinho, em 2019. A Raposa ainda estuda uma alternativa para cumprir com as obrigações.
Em entrevista ao Superesportes Entrevista, nessa quinta-feira (19), o diretor de futebol Pedro Martins explicou que o Cruzeiro ainda não tem um planejamento definido para quitar a dívida com o clube egípcio. Segundo ele, a prioridade são as cobranças em curto prazo.
"O clube vem trabalhando muito para quitar todas as dívidas de curto prazo, na realidade, para dar solução a toda a estrutura de dívida que a gente encontrou desde a chegada. Quando a gente chegou, já tinham esses casos de transfer ban e encontramos soluções imediatas. Aí o Ronaldo foi fundamental, inclusive fazendo aportes mesmo antes de ter feito a compra definitiva do Cruzeiro", disse.
"Agora nós temos um pouco mais de prazo para procurar soluções e alternativas, mas eu reforço: o Cruzeiro é um clube que vive com sua conta bem ajustadinha. De uma maneira ou de outra terá que ser solucionado, e estamos trabalhando com alguns braços para dar uma solução o quanto antes para esse caso", completou.
Na operação para ter Rodriguinho, em janeiro de 2019, o Cruzeiro precisava desembolsar US$ 7 milhões (R$ 26 milhões na época) ao longo de três anos. Porém, o clube mineiro pagou apenas uma espécie de entrada. Depositou R$ 3,85 milhões no dia 25 daquele mês. E foi só.
As demais parcelas deveriam ter sido quitadas em novembro de 2019 (500 mil dólares), fevereiro de 2020 (500 mil dólares) e maio de 2020 (1 milhão de dólares). A Raposa ainda precisaria pagar uma parte em agosto de 2020 (500 mil dólares), outra em novembro de 2020 (500 mil dólares) e a última em janeiro de 2022 (3 milhões de dólares), quando o contrato de Rodriguinho já teria se encerrado.
Dívida com Rodriguinho
À época, o Superesportes obteve acesso a documentos que apontaram que o Cruzeiro se comprometeu pagar, ao longo de 36 meses de contrato, um montante de R$53 milhões.
O valor total - não necessariamente gasto pelo Cruzeiro, uma vez que Rodriguinho rompeu o vínculo e seguiu para o Bahia - inclui aquisição de direitos econômicos (cerca de R$ 26,3 milhões), remuneração do jogador ao longo dos 36 meses (cerca de R$ 14 milhões), direito de imagem (R$ 9,3 milhões), além de comissões de intermediários (R$ 3,4 milhões).
O valor poderia ser ainda maior se o Cruzeiro conquistasse, em 2019, 2020 ou 2021, o Campeonato Brasileiro, a Libertadores ou o Mundial de Clubes - ou mesmo se Rodriguinho atuasse em 70% dos jogos dessas competições, o que não foi o caso em função de problemas de lesão. O contrato previa bônus de mais R$ 650 mil caso o jogador alcançasse alguma dessas 'metas'.
Punições da Fifa
Em 2020, vale lembrar, o Cruzeiro já foi punido pela Fifa com a perda de seis pontos na Série B daquele ano e, em outras oportunidades, foi impedido de registrar jogadores. Tudo isso por dívidas contraídas durante as gestões dos ex-presidentes Gilvan de Pinho Tavares (2012 a 2017) e Wagner Pires de Sá (2018 e 2019).
Após assinar a compra definitiva de 90% da SAF do Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno, que havia feito uma oferta de compra vinculante em dezembro de 2021, encontrou surpresas no caminho. O empresário precisou fazer investimentos na casa de R$ 25 milhões para pagamento de dívidas urgentes antes mesmo de efetivar a compra.
Os débitos foram referentes a Arrascaeta e Riascos com Defensor, do Uruguai, e Mazatlán (antigo Monarcas Morelia), do México. Por causa das pendências, o clube foi punido pela Fifa com o transfer ban, que impede o registro de jogadores no Boletim Informativo Diário da CBF.
Depois disso, mais duas novas punições. O Cruzeiro também atrasou parcelas do acordo com o Independiente del Valle, do Equador, para o pagamento de dívida referente à contratação do zagueiro Kunty Caicedo, em 2016.
A Raposa havia parcelado US$ 2,376 milhões em 18 vezes de US$ 132 mil (R$ 625 mil na cotação atual) entre agosto de 2020 e janeiro de 2022. No entanto, somente as duas primeiras prestações foram pagas, e o Independiente comunicou a pendência à Fifa.
O clube também teve que pagar R$ 1,1 milhão ao Atlético-AC pela contratação por empréstimo do atacante Careca, em 2017. Por causa desse débito, foi impedido pela Câmara Nacional de Resoluções de Disputas de inscrever atletas no BID.