Cruzeiro terá de pagar R$ 140 milhões na Fifa para evitar outras punições (Foto: Divulgação/Fifa)


Embora ainda não tenha assinado a aquisição de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro, Ronaldo falou sobre a obrigatoriedade de pagar R$ 23 milhões para encerrar o transfer ban na Fifa e liberar o registro de jogadores no Boletim Informativo Diário da CBF. O clube deve ao Defensor, do Uruguai, e ao Mazatlán, do México (antigo Morelia), pelas contratações de Arrascaeta e Riascos, em 2015, na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares.




O passivo de R$ 23 milhões é a “ponta do iceberg”, já que o Cruzeiro, segundo Ronaldo, terá de arcar com mais R$ 117 milhões até 2023. O ex-jogador e futuro proprietário da SAF da Raposa não detalhou as demais pendências em curso, citando somente o valor geral de R$ 140 milhões.


“Não tenho aqui exatamente a programação do transfer ban. Mas, como disse antes, são R$ 140 milhões para 2022 e 2023. De imediato, para o fim de janeiro, temos uma obrigatoriedade de pagar R$ 23 milhões”.

“Durante este ano e o próximo, alcançaremos o valor de R$ 140 milhões de transfer ban. É uma dívida que dificilmente poderá ser negociada, mas vamos tentar negociar e entender um pouco das outras dívidas. Nosso compromisso é cumprir com todas as dívidas que nos correspondem”.




A dívida do Cruzeiro com Defensor e Mazatlán quase dobrou em razão dos vários anos de atraso. A conta inicial era de 1,151 milhão de euros por Arrascaeta (R$ 7,2 milhões) e US$ 1 milhão por Riascos (R$ 5,5 milhões), totalizando R$ 12,7 milhões.

No negócio por Arrascaeta, fechado em janeiro de 2015, o Cruzeiro pagaria 4 milhões de euros por 50% dos direitos econômicos - R$ 12 milhões com o euro a R$ 3.

Dos 4 milhões de euros, 2 milhões foram emprestados por Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, e outros 2 milhões parcelados em 29 vezes de 70 mil euros. Como o clube só quitou 13 mensalidades, o Defensor requereu as 16 restantes na Fifa.




Esperava-se que o Cruzeiro resolvesse as pendências com os uruguaios assim que vendeu Arrascaeta ao Flamengo, em janeiro de 2019, por mais de R$ 55 milhões. No entanto, nenhuma quantia foi repassada à equipe de Montevidéu, que deu sequência ao processo aberto no fim de 2017.

Na transação de Riascos, no mesmo mês de Arrascaeta, o Cruzeiro concordou em desembolsar US$ 3 milhões por 50% do passe (R$ 7,8 milhões com o dólar a R$ 2,63). O Morelia recebeu US$ 2 milhões (R$ 5,26 milhões) e precisou reclamar o restante na Fifa.

Na cotação de janeiro de 2015, a soma das cifras em aberto por Arrascaeta e Riascos seria de R$ 6 milhões. Corrigido pelo IPCA, que calcula a inflação no Brasil, o montante estaria na casa de R$ 8,9 milhões em novembro de 2021.




Porém, a variação cambial complicou a situação do Cruzeiro, visto que o real perdeu valor em comparação às moedas estrangeiras. Nesta sexta-feira, 14 de janeiro de 2022, o dólar fechou em R$ 5,53, e o euro em R$ 6,32.

Rodriguinho


É justamente a alta do dólar/euro que torna mais cara a contratação de Rodriguinho, em janeiro de 2019, na administração do ex-presidente Wagner Pires de Sá. A operação para aquisição de 100% dos direitos do armador envolvia a transferência de US$ 7 milhões ao Pyramids, do Egito.

O pagamento ao clube africano seria feito de forma parcelada: US$ 1 milhão de entrada, US$ 500 mil em novembro de 2019, US$ 500 mil em fevereiro de 2020, US$ 500 mil em maio de 2020, US$ 500 mil em agosto de 2020, US$ 500 mil em outubro de 2020 e US$ 3 milhões em janeiro de 2022.




Apenas o montante de entrada, de US$ 1 milhão, foi liquidado - equivalente a R$ 3,71 milhões. Os US$ 6 milhões em aberto multiplicados por R$ 5,53 ultrapassam R$ 33 milhões. Ainda haverá multas, juros e encargos pelo atraso em várias prestações.

Como nenhum dirigente da associação civil do Cruzeiro solucionou os problemas, caberá à SAF de Ronaldo buscar recursos para que o time tenha condições de inscrever os reforços e brigar pelo principal objetivo em 2022, que é o acesso à Série A do Brasileiro.

Na tentativa de arcar com as pendências, o Fenômeno implementou o choque de gestão na Toca e reduziu o orçamento de R$ 90 milhões para R$ 35 milhões. A medida se fez necessária em função da previsão de arrecadação de R$ 60 milhões até dezembro.

O grupo de Ronaldo precisa resolver o imbróglio na Fifa em uma semana, visto que a estreia no Mineiro se aproxima. O Cruzeiro enfrenta a URT na quarta-feira (26/1), às 17h, no Mineirão, e a expectativa é que vários contratados estejam entre os titulares.