Célio Lúcio se despediu do Cruzeiro depois de 10 anos na comissão técnica da base e do profissional (Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)


Célio Lúcio foi pego de surpresa ao receber a notícia de que não continuará no Cruzeiro depois de mais de 10 anos de serviços prestados à base e ao elenco principal. Apesar da frustração, o ex-zagueiro campeão da Supercopa de 1992, das Copas do Brasil de 1993 e 1996 e da Copa Libertadores de 1997 agradeceu ao clube pela oportunidade e se mostrou contente por ter contribuído para a formação de vários profissionais.




“É uma experiência nova para mim. É muito desconfortável, mas correu tudo bem. Na rescisão fui muito bem atendido, me explicaram todos os passos com muita clareza. Até o momento, tudo tranquilo”, disse Célio Lúcio, em entrevista ao Superesportes.

“No futebol você tem que estar preparado para tudo. Mas fui surpreendido (com a demissão) em razão dos resultados positivos que eu vinha tendo dentro do clube desde 2011. Os números comprovam isso. E contra números não há argumentos”, complementou.

A informação da saída de Célio Lúcio foi antecipada pelo portal Deus Me Dibre nessa quinta-feira. O secretário-geral do clube, André Argolo, encarregou-se de avisar ao auxiliar técnico de 50 anos sobre a dispensa na terça-feira (4).




O antigo camisa 4, que disputou 250 partidas entre 1991 e 1997 e foi colega de Ronaldo no Cruzeiro, não chegou a conversar com nenhum integrante da nova diretoria, nem tampouco com o treinador uruguaio Paulo Pezzolano.

Ao avaliar a trajetória na comissão técnica cruzeirense, Célio Lúcio considera que deixou um “legado de credibilidade”.

“Na vida você não precisa derrubar ou prejudicar alguém para alcançar os seus objetivos. Trabalhe com muito amor, dedicação e sem perder o foco daquilo que você quer que, com certeza, você atingirá o alvo que você deseja.



“Foram nove anos de base que, juntamente com alguns profissionais, conseguimos resultados que trouxeram uma boa compensação financeira e prestígio para o clube”.

Célio Lúcio enfatizou as conquistas pelo sub-20: seis Mineiros, dois Brasileiros, uma Supercopa do Brasil e seis torneios internacionais. Também mencionou vários atletas que vieram a alcançar visibilidade no futebol.

“Lucas Silva, Mayke, Adriano, Vinícius Araújo, Gabriel Brazão, Lucas França, Gabriel Vasconcelos, Vinícius Popó, Alex, Matheus Pereira, Pedro Paulo, Jadsom Silva, Caio Rosa, Léo Bonatini, Stênio, Thiago, Marco Antônio, Alisson, Vitor Leque e Vitor Roque”.




O auxiliar ainda se orgulha de ter participado da formação de zagueiros, sua especialidade enquanto atleta - além do Cruzeiro, jogou por Palmeiras, Coritiba, Sporting Braga de Portugal, Rio Branco-SP, América, Ipatinga, Olympic de Barbacena e União Rondonópolis-MT. Ele tornou a citar vários nomes.

“Wallace (ex-Monaco e Lazio), Bruno Viana (ex-Flamengo e atualmente no Braga de Portugal), Fabrício Bruno (Bragantino), Murilo (Lokomotiv Moscou, da Rússia), Cacá (Tokushima Vortis, do Japão), Rodrigues (Grêmio), Edu (Athletico-PR), Messias (ex-América e atualmente no Ceará), Alex (Penarol, do Amazonas), Arthur (emprestado pelo Cruzeiro à Ferroviária), Paulo, Weverton (ambos do sub-20 do Cruzeiro e com passagens pelo elenco principal”.

Dessa lista, o Cruzeiro vendeu Wallace a um grupo de investidores, em junho de 2014, por 9,5 milhões de euros. Ele foi colocado no Braga, de Portugal, e posteriormente passou por Monaco, da França; Lazio, da Itália; e Yeni Malatyaspor, da Turquia.



Já Bruno Viana se transferiu para o Olympiacos, da Grécia, em agosto de 2016, por 2 milhões de euros. Quanto a Murilo, a aquisição pelo Lokomotiv Moscou, da Rússia, foi fechada em 2,5 milhões de euros em junho de 2019.

Em janeiro de 2020, Célio Lúcio saiu da base e virou auxiliar do profissional, participando também da transição de jovens do sub-20. “O Adilson Batista me chamou com 11 atletas para começar o Mineiro. Permaneci nas sete comissões técnicas participando de treinos, trabalhos específicos, sugestões e definições de escalações”.

“Ainda fiz a função de coordenador de transição com a base. Quando terminava o treino ou jogos do profissional, eu sempre acompanhava os treinos e jogos do sub-17 e do sub-20 para se ter uma leitura e uma convicção mais concreta desses atletas na transição para o profissional”.




Sem definir os rumos da carreira, Célio se diz “em paz com o trabalho realizado” e contente por ter dado retorno financeiro ao Cruzeiro. “Creio que Deus proverá algo muito especial para mim, pois a minha conduta dentro do clube nesses 11 anos de trabalho foi de muita luta, dedicação, amor e principalmente lealdade com todas as pessoas que convivi desde o pré-infantil até hoje no profissional em todas as gestões. Não me envolvi em situações que não fossem trazer algum benefício para o clube e para o torcedor cruzeirense, que é o maior motivo para existência do clube”.

O auxiliar citou nomes de ex-dirigentes e revelou ter sido um dos responsáveis pela indicação do meia-atacante Geovanni ao clube na década de 1990. Em junho de 2001, o Cruzeiro vendeu o jogador ao Barcelona, da Espanha, por 18 milhões de dólares - R$ 43 milhões na época. Corrigido pela inflação, a quantia superaria R$ 155 milhões em 2021.

“Gratidão a Deus e ao Zezé (Perrella, ex-presidente) com o Dimas (Fonseca, ex-diretor de futebol), que me oportunizaram e acreditaram no meu potencial em 2011. E sei que muitos não sabem, mas fui eu quem trouxe o Geovanni (ao Cruzeiro) juntamente com meu amigo meu Barroso. Nós trouxemos o Geovanni, que foi vendido para o Barcelona por 18 milhões” .




Por fim, Célio desejou sorte ao ex-companheiro de clube Ronaldo, acionista majoritário da Sociedade Anônima do Futebol, para que o Cruzeiro volte à Série A do Brasileiro e recupere a trajetória de títulos e resultados expressivos. “O meu pensamento é que Deus dê sabedoria à pessoa que está chegando para ajudar o Cruzeiro a se erguer novamente. Só gratidão a Deus e obrigado Cruzeiro”.