Em busca de novo técnico após abrir mão de Vanderlei Luxemburgo, o Cruzeiro sondou o português António Oliveira, de 39 anos, que dirigiu o Athletico-PR em 2021. O Superesportes apurou que o grupo do ex-jogador Ronaldo Fenômeno, com acordo para ser acionista majoritário da Sociedade Anônima do Futebol, aventou com representantes do treinador a possibilidade de fechar um ano de contrato, com renovação automática em caso de acesso à Série A do Campeonato Brasileiro.
Natural de Lisboa, em Portugal, Oliveira tem o desejo de retornar ao Brasil, onde trabalhou inicialmente no Santos na comissão técnica de Jesualdo Ferreira, que ficou na Vila Belmiro até agosto de 2020. Dois meses depois, em outubro, o auxiliar foi anunciado pelo Athletico-PR para ser assistente de Paulo Autuori.
Em março de 2021, a diretoria rubro-negra mudou o organograma de futebol, deixando Autuori na parte de gestão, a pedido do próprio treinador, e apostando em António Oliveira para o comando do elenco. Em 40 jogos pelo Furacão, o português obteve 21 vitórias, sete empates e 12 derrotas, com 58% de aproveitamento.
Oliveira entregou o cargo no Athletico-PR em setembro de 2021 depois da eliminação na semifinal do Campeonato Paranaense para o Cascavel, que perdeu a final para o Londrina nos pênaltis. O técnico também atravessava momento ruim no Brasileirão, com cinco derrotas e um empate entre a 14ª e a 19ª rodada.
Em compensação, foi António quem deu início à campanha vitoriosa do Athletico na Copa Sul-Americana. Na fase de grupos, em que apenas o primeiro colocado avançava aos mata-matas, o rubro-negro somou 15 pontos (cinco vitórias e uma derrota), desbancando Melgar, do Peru, Aucas, do Equador, e Metropolitanos, da Venezuela.
Ainda com Oliveira, o CAP ganhou da LDU, do Equador, por 4 a 2, pelo jogo de ida das oitavas de final. Dali em diante, a equipe foi conduzida por Paulo Autuori e, posteriormente, Alberto Valentim, que levou o rubro-negro ao segundo título da Sul-Americana na decisão contra o Red Bull Bragantino, no estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai.
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Antes da experiência no Brasil, António Oliveira foi auxiliar de Kazma, do Kuwait; Rudar, da Eslovênia; Tractor Club, do Irã; e Oeiras, de Portugal. Em várias ocasiões, ele esteve ao lado de seu pai, Toni, histórico meio-campista do Benfica e da Seleção Portuguesa nas décadas de 1960 e 1970, que continuou no futebol nos anos seguintes como auxiliar e treinador.
António Oliveira seguiu os passos do pai nos gramados, mas sem obter o mesmo sucesso. Formado nas divisões de base do Benfica, o ex-zagueiro jogou por Braga “B”, Santa Clara, Casa Pia, Oriental e Fabril Barreiro. A transição de atleta para auxiliar foi em 2011/2012.
Breve contato com Paulo André
No Athletico-PR, António Oliveira conheceu Paulo André, que passou a ser o responsável pela coordenação estratégica de futebol do Cruzeiro. O contato entre os profissionais foi breve, visto que o então diretor pediu demissão do Furacão em 26 de outubro de 2020, menos de uma semana após a contratação do auxiliar.
Apesar do pouco convívio, a reportagem apurou que Paulo André é conhecedor do trabalho de Oliveira e por isso o colocou como um dos candidatos a treinar o Cruzeiro em 2022. Uma das virtudes do português é a atuação direta na formação de jovens jogadores, algo que Ronaldo pretende explorar no clube.
Parte financeira
A parte financeira, claro, também pesou na busca por um nome “menos conhecido”. Segundo o portal Goal.com, o Cruzeiro optou por não manter Luxemburgo e sua comissão técnica devido ao salário considerado fora da realidade - R$ 220 mil mensais em 2022 e R$ 350 mil em 2023, em caso de promoção à Primeira Divisão.
A ideia da gestão de Ronaldo é enxugar os gastos no Cruzeiro, de modo que a folha salarial seja 60% inferior à atual. Tanto que pessoas envolvidas na transição iniciaram contatos com representantes de jogadores com o intuito de negociar uma redução nos vencimentos, conforme noticiou o Superesportes nesta terça-feira.
No acordo com o Cruzeiro, o Fenômeno se comprometeu a aportar R$ 400 milhões no futebol pelos próximos anos, além de gerar recursos para o abatimento da dívida de R$ 1 bilhão. A lei determina que o clube-empresa destine 20% da receita mensal à amortização do passivo da associação civil. A ideia é que o "rombo" seja zerado em 10 anos.
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