Ronaldo fez história com a camisa do Cruzeiro (Foto: Washington Alves/EM/D. A Press)


Neste sábado (18), o Cruzeiro anunciou a venda de 90% das ações da SAF ao ídolo Ronaldo, cuja carreira começou na Toca da Raposa I. Se hoje o ex-craque é proprietário de grande parte do clube-empresa, em um passado nem tão distante, ele começou a dar os primeiros passos no mundo do futebol vestido com a camisa estrelada e encantou a todos com técnica, drible, velocidade e muitos gols.




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A história teve início em 25 de maio de 1993. Naquela época, a intenção do técnico Pinheiro era apenas escalar um time reserva para enfrentar a Caldense, pelo Campeonato Mineiro. O júnior Ronaldo foi chamado para compor o ataque com o também desconhecido Daniel e, pela primeira vez, entrou em campo como profissional. O craque de 16 anos disputava jogos pela manhã pela categoria juvenil e à tarde pelos juniores, tamanha a sua disposição e o seu talento.


Pouco mais de dois meses depois, Ronaldo foi levado pelo técnico Carlos Alberto Silva para uma excursão a Portugal com o time profissional do Cruzeiro. Voltou titular e nunca mais deixou a condição de artilheiro e craque do time. E foi assim por toda a carreira.

Mesmo enfrentando tradicionais adversários (Benfica, Porto, Peñarol-URU e Belenenses) no giro pela Europa, Ronaldo surpreendeu com brilhantes atuações e garantiu uma vaga no ataque celeste. Para muitos, aquele era o prenúncio do nascimento de um craque.




O ex-técnico Carlos Alberto Silva, disse, em entrevista ao Superesportes, em 2013, como surgiu a oportunidade da promessa participar da viagem.


"Estávamos com dificuldades para montar o time para ir a Portugal porque tínhamos alguns jogadores lesionados. Pedi ao Benecy Queiroz para conseguir um atacante emprestado ao América ou ao Villa para compor o grupo na viagem. Mas ele me atentou para a chegada do Ronaldo e pediu para eu observá-lo primeiro. Quando logo o vi, não tive dúvidas que o levaria", recordou Carlos Alberto Silva, que morreu em 2017.

Ronaldo, que já havia feito sua estreia pelo clube contra a Caldense, pelo Campeonato Mineiro, entrou no decorrer da primeira partida, contra o Benfica, no lugar de Tôto. "O estádio estava lotado e Ronaldo entrou com personalidade. Fez algumas boas jogadas, mas estava muito bem marcado pelo Mozart, na botinada", brincou Carlos Alberto Silva, na entrevista feita em 2013.


Não demorou para o jovem atacante balançar as redes. No jogo seguinte, marcou um dos gols da vitória, por 2 a 0, sobre o Belenenses. O melhor de Ronaldo, contudo, ainda estava por vir. Para Carlos Alberto Silva, um dos gols mais bonitos da carreira do jogador foi marcado contra o Peñarol-URU, na vitória celeste por 3 a 0.




"Domingo vencemos o Belenenses e na terça fomos jogar contra o Peñarol. Viajamos a noite inteira, chegamos cansados e eu temia pela partida", disse. "Em um momento do jogo, Ronaldo pegou a bola, driblou o time inteiro do Peñarol e fez o gol", relembrou.
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Tostão


Em 2011, Tostão, ícone da história centenária do Cruzeiro, afirmou em entrevista ao Superesportes: "Ele (Ronaldo) foi, com certeza absoluta, o maior jogador que passou pelo Cruzeiro. Não é que ele tenha sido o maior jogador do Cruzeiro, pois ficou pouco tempo no clube, mas ele deixou sua marca como eu, o Dirceu Lopes e tantos outros. Realmente, ele foi um grande jogador".

Resumo

Emoção de Ronaldo em receber a camisa do Cruzeiro (Foto: Paulo Filgueiras/EM/D. A Press)


Ronaldo jogou no Cruzeiro entre o segundo semestre de 1993 e o primeiro de 1994. No pouco tempo de clube, virou unanimidade entre os torcedores. Marcou 56 gols em 58 jogos (55 como titular), foi artilheiro da Supercopa dos Campeões da Libertadores aos 16 anos, artilheiro do Campeonato Mineiro e convocado para a Copa do Mundo de 1994.




Mineirão


Os números do ex-atacante no Mineirão são dignos de um fenômeno. Ele é o jogador do Cruzeiro com a melhor média de gols (1,19) do estádio. Foram 32 em 27 jogos, entre 1993 e 1994.

Cinco gols contra o Bahia


No Campeonato Brasileiro de 1993, na goleada do Cruzeiro por 6 a 0 sobre o Bahia, Ronaldo balançou as redes cinco vezes. Ainda é o maior goleador do clube numa só partida do Campeonato Brasileiro - recorde igualado por Alex, em 2003.

Um dos gols desse massacre sobre o clube baiano entrou para antologia do futebol. Após a defesa de um chute, o então goleiro do Bahia, Rodolfo Rodriguez, soltou a bola para reclamar com a defesa. Esperto, Ronaldo aproveitou a bobeira, tomou-lhe a bola e marcou.




Deixou o gringo no chão

Ronaldo marcou três gols sobre a Selegalo e deu ao Cruzeiro o título mineiro de 1994 (Foto: Arquivo / EM DA PRESS)


Em 1994, ele foi campeão mineiro. No duelo mais esperado da temporada, o garoto se destacou ao marcar três gols da vitória por 3 a 1 sobre o rival Atlético, que à época tinha um time recheado de estrelas, como Renato Gaúcho, Neto, Adilson Batista, Luis Carlos Winck. O zagueiro uruguaio Kanapkis levou um baile à parte.

Golaço contra o Boca


Outro momento inesquecível ocorreu na Libertadores de 1994. Na vitória do Cruzeiro sobre o Boca Juniors, por 2 a 1, Ronaldo marcou um gol de placa. Ele pegou a bola no meio-campo e driblou três defensores, além do goleiro Navarro Montoya.

Despedida


O último jogo de Ronaldo pelo Cruzeiro foi em 8 de agosto de 1994, no empate por 1 a 1 com o Botafogo, em amistoso. Foi dele o gol cruzeirense. Pouco tempo antes, o presidente Cesar Masci já havia confirmado a negociação da jovem estrela com o PSV da Holanda por US$ 6 milhões. Na transmissão da partida, o narrador Alberto Rodrigues, da Rádio Itatiaia, se emocionou: "É o gol da despedida. É o gol do adeus. É o gol da saudade de Ronaldo".



1º jogo pelo profissional do Cruzeiro


25/5/1993 - Caldense 0 x 1 Cruzeiro, no Ronaldo Junqueira, em Poços de Caldas

1º jogo de Ronaldo no Mineirão pelo Cruzeiro


28/7/1993 - Cruzeiro 2 x 1 Atlético

1º gol de Ronaldo como profissional


05/08/1993 – Belenenses 0 x 2 Cruzeiro, em Lisboa, Portugal (1 gol)