Com a despedida do Cruzeiro e do futebol marcada para quinta-feira (25), às 20h, no Mineirão, no jogo contra o Náutico pela última rodada da Série B, o atacante Rafael Sobis admitiu estar frustrado por não ter ajudado o clube a voltar à elite nacional. Aos 36 anos e com bastante vivência nesse esporte, ele entende que o clube errou demais no planejamento de 2020 e 2021, e por isso terá que amargar mais uma temporada na Segundona.

Ao apontar fatores que mantiveram o Cruzeiro na Série B, Sobis citou, por exemplo, apostas erradas em treinadores, muita 'economia' na formação do elenco, pouco conhecimento de futebol da gestão e muita 'teoria'.

Durante entrevista ao programa Bastidores , da Rádio Itatiaia , nesta segunda-feira, Sobis disse que espera voltar ao Mineirão em 2022 para comemorar da arquibancada o acesso do clube à Série A. Mas espera que a atual gestão tenha aprendido com os erros e que conhecedores de futebol estejam no comando. Ele ainda apontou a manutenção de Vanderlei Luxemburgo como fundamental.

"Como o Cruzeiro é muito gigante, se fizer mais ou menos bem, tem tudo para subir", declarou Sobis. 

"Infelizmente (o Cruzeiro) está nessa situação. O buraco foi grande, digamos assim. Mas é sempre tentar aprender, né? Aprender com os erros, a escutar as pessoas que vão seguir no Cruzeiro no ano que vem, tem que se rodear de pessoas importantes, pessoas que entendem. Saber que o clube é muito grande para ficar tanto tempo assim (na Série B). E cara, independentemente dos problemas, como o Cruzeiro é muito gigante, se fizer mais ou menos bem, tem tudo para subir. Tem tudo para subir. Veja depois que o Luxemburgo chegou. Se ele estivesse desde o começo, por exemplo, o time estava na primeira divisão, com certeza. Então, daqui a pouco é gastar um pouquinho mais, né, porque futebol se faz com dinheiro, não adianta, e você gastando um pouquinho mais te permite subir à Série A e ganhar muito mais no outro ano. Porque se fica economizando muito, economizando muito, não sobe, não sobe , e a cada ano em que você não está na Série A é muito dinheiro envolvido, tem muita diferença entre Série A e Série B. Acho que é assim: as pessoas se rodearem de pessoas importantes, pessoas que entendem de futebol . Hoje, eles estão querendo implementar no futebol muita teoria né, no futebol tem que ter muita vivência. Só na teoria não vai. Então, é isso, eles já sabem, já aprenderam e espero eu que ano que vem esteja aqui no jogo do acesso".

Mea-culpa

Sobis ainda fez mea-culpa por não ter conseguido ajudar o time mais em campo. Na volta ao Cruzeiro, em 2020, ele fez boas atuações e marcou seis gols em 16 jogos na Série B. Já na atual temporada, marcou apenas três gols em 41 apresentações. Especificamente na Segundona foram 26 partidas e só um gol convertido.

Mesmo sem alcançar seu objetivo, ele diz que não se arrepende de ter voltado ao clube para jogar as duas edições da Série B. "Não tem explicação, eu acho que é paixão mesmo, né? Eu faria de novo, confesso, com tudo que eu encontrei, com todos os problemas que vocês sabem bem, eu faria tudo de novo. Infelizmente a idade chegou, infelizmente não pude ajudar de uma melhor maneira, fico sim frustrado por isso, mas é paixão. Fui muito feliz em Belo Horizonte, com todos os problemas que tenho hoje, sou muito feliz, minha esposa é muito feliz aqui, nós temos um carinho muito grande. E acho que é um clube certo, um clube que me deu muita coisa, que me ajudou muito. Nesse pacote todo estou bem tranquilo nesse fim de carreira, independentemente da situação, da posição, se estiver na A, na B, na C, na D, segue sendo um dos maiores clubes, senão o maior clube do Brasil".

Números da carreira

Em 17 anos como profissional, Sobis marcou 185 gols em 792 partidas (média de 0,23). No Cruzeiro, foram 37 em 176 jogos, números que o deixam na 66º posição entre os maiores artilheiros da história do clube. Caso seja escalado por Vanderlei Luxemburgo contra o Náutico, o atacante terá a chance de igualar ou até mesmo ultrapassar quatro atletas que anotaram 38 gols: Kléber Gladiador (2009 a 2010), Ricardo Goulart (2013 a 2014), Wilson Almeida (1964 a 1970) e Róbson (1985 a 1989).