O Cruzeiro, por meio de nota oficial, afirmou nesta quinta-feira (18) que entende que o áudio de um torcedor do clube chamando o jogador Jefferson, do Remo, de "macaco", na partida do dia 28 de outubro, no Independência, não é claro e que, por isso, não haveria "prova inequívoca" da injúria racial. A despeito disso, o clube informa que tem trabalhado na conscientização da luta contra o racismo.
"Nós, do Cruzeiro, temos trabalhado incessantemente para a conscientização contra o racismo e isso fica escancarado em ações e campanhas nos últimos tempos. O simples fato de existir a possibilidade de algo ter sido pronunciado nesse sentido em um jogo com mando nosso fez com que, antes mesmo de sermos demandados e ou termos certeza de qualquer fala, proativamente tratássemos do assunto em nossas redes sociais. Mesmo tendo a segurança de que nada foi dito por qualquer integrante de sua comissão técnica ou diretoria, preferimos agir. Ainda que o áudio não fosse claro e que não houvesse prova inequívoca sobre as palavras proferidas, naquele momento, a dúvida foi o suficiente para que nós, do Cruzeiro, decidíssemos agir", diz o clube, em nota.
O Cruzeiro ainda afirma que tentou localizar o torcedor que proferiu a suposta injúria racial no estádio, mas não obteve êxito. O clube revelou ter procurado o Remo para que ambos trabalhassem juntos nesta questão, porém não houve resposta do time do Pará.
"Inclusive, mesmo sendo um fato isolado, sem participação do Cruzeiro, vale lembrar, ainda tentamos, em ação prática, identificar com a Arena Independência quem teria agido nesse sentido. Mais do que isso, a gestão do Cruzeiro, na figura de seu presidente Sérgio Santos Rodrigues, tão logo tomou conhecimento da situação, fez questão de imediatamente contatar o presidente do Clube do Remo, no sentido de oferecer toda a estrutura possível para que, juntos, déssemos um exemplo de ação contra o racismo. O presidente do clube paraense, no entanto, sequer respondeu ao Cruzeiro, tendo optado por apresentar uma notícia de infração ao STJD, preferindo transformar uma oportunidade de discussão crucial ao desenvolvimento e evolução da nossa sociedade em uma tentativa de prejuízo desportivo a um adversário. Confiamos na Justiça Desportiva e temos convicção de que lá os fatos serão devidamente esclarecidos", explica o clube.
O Cruzeiro foi denunciado e será julgado pela Segunda Comissão Disciplinar do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na próxima terça-feira (23), às 10h. O clube responderá por injúria racial supostamente cometida por um torcedor contra Jefferson, do Remo.
O Cruzeiro está incurso no artigo 243-G por ato discriminatório. "Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: PENA: suspensão de cinco a dez partidas, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código, além de multa, de R$ 100 a R$ 100 mil".
A Procuradoria pede a suspensão preventiva do Cruzeiro com base no artigo 35 do CBJD para que o clube mineiro mande seus jogos com portões fechados e não tenha direito a carga de ingressos nas partidas como visitante. O pedido será analisado pelo presidente do STJD do Futebol, Otávio Noronha.
O artigo 35 do CBJD diz o seguinte: "Poderá haver suspensão preventiva quando a gravidade do ato ou fato infracional a justifique, ou em hipóteses de excepcional e fundada necessidade, desde que requerida pela Procuradoria, mediante despacho fundamentado do Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), ou quando expressamente determinado por lei ou por este Código. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009). § 1º O prazo da suspensão preventiva, limitado a trinta dias, deverá ser compensado no caso de punição".
Confira a nota na íntegra do Cruzeiro sobre o caso
"Nós, do Cruzeiro, temos trabalhado incessantemente para a conscientização contra o racismo e isso fica escancarado em ações e campanhas nos últimos tempos. O simples fato de existir a possibilidade de algo ter sido pronunciado nesse sentido em um jogo com mando nosso fez com que, antes mesmo de sermos demandados e ou termos certeza de qualquer fala, proativamente tratássemos do assunto em nossas redes sociais. Mesmo tendo a segurança de que nada foi dito por qualquer integrante de sua comissão técnica ou diretoria, preferimos agir. Ainda que o áudio não fosse claro e que não houvesse prova inequívoca sobre as palavras proferidas, naquele momento, a dúvida foi o suficiente para que nós, do Cruzeiro, decidíssemos agir.
Aliás, faríamos novamente, porque não esperamos o racismo escancarado para agir. Uma mísera fagulha de racismo basta para que qualquer um lute contra. Inclusive, mesmo sendo um fato isolado, sem participação do Cruzeiro, vale lembrar, ainda tentamos, em ação prática, identificar com a Arena Independência quem teria agido nesse sentido.
Mais do que isso, a gestão do Cruzeiro, na figura de seu presidente Sérgio Santos Rodrigues, tão logo tomou conhecimento da situação, fez questão de imediatamente contatar o presidente do Clube do Remo, no sentido de oferecer toda a estrutura possível para que, juntos, déssemos um exemplo de ação contra o racismo. O presidente do clube paraense, no entanto, sequer respondeu ao Cruzeiro, tendo optado por apresentar uma notícia de infração ao STJD, preferindo transformar uma oportunidade de discussão crucial ao desenvolvimento e evolução da nossa sociedade em uma tentativa de prejuízo desportivo a um adversário. Confiamos na Justiça Desportiva e temos convicção de que lá os fatos serão devidamente esclarecidos".