Enquanto o Cruzeiro segue seu calvário na Série B - 0,05% de chance de acesso e 10,5% de risco de rebaixamento -, técnicos que foram mal pelo clube desfrutam sucesso à frente de outras agremiações. São os casos de Enderson Moreira, Mozart Santos e Felipe Conceição , que dirigem, respectivamente, Botafogo, CSA e Remo .

Moreira foi contratado pelo Botafogo em 20 de julho, após recusa de Lisca, que havia deixado o América. O alvinegro buscava um substituto para Marcelo Chamusca, dispensado na semana anterior em razão do mau começo no campeonato.

Na "Era" Enderson, o Fogão contabilizou 10 vitórias, dois empates e duas derrotas em 14 jogos (76,2%), saltando de 11º, com 16 pontos, para a vice-liderança, com 48. A chance de acesso, segundo o Departamento de Matemática da UFMG , é de 83,9%.

No Cruzeiro, Enderson trabalhou de 18 de março a 8 de setembro de 2020, período em que o futebol passou por paralisação pela pandemia de COVID-19 no Brasil. O início promissor no clube, com seis vitórias em seis jogos, deu lugar a uma sequência de seis partidas sem triunfo.

Prejudicado por começar a Série B com seis pontos a menos - consequência de uma punição na Fifa -, Moreira recebeu o comunicado de desligamento no dia seguinte ao empate por 1 a 1 com o CRB, em 7 de setembro de 2020, no Mineirão, pela oitava rodada.

Estatisticamente, Enderson teve desempenho positivo na Raposa - 58,33%, com seis vitórias, três empates e três derrotas. Já Felipe Conceição não superou 47,3%, com oito triunfos, três empates e oito reveses em Mineiro, Copa do Brasil e Série B 2021.

O que pesou para a saída de Conceição foi a eliminação para a Juazeirense na terceira fase da Copa do Brasil, além do começo aquém das expectativas na Série B ao perder para Confiança (3 a 1) e CRB (4 a 3). No estadual, caiu diante do América nas semifinais.

Em 1º de julho, Felipe aceitou convite para treinar o Remo, que estava em 17º na Série B, com uma vitória, quatro empates e duas derrotas. Passados três meses, o clube paraense é o 10º, com 37 pontos, e sonha com o acesso à Série A: 2,5%, de acordo com a UFMG .

Conceição comandou o Remo em 19 partidas na Série B, com nove vitórias, três empates e sete derrotas - 52,6%. Ainda que não suba, o treinador emplacou feitos importantes, como o 1 a 0 sobre o próprio Cruzeiro, na 13ª rodada, e 2 a 1 em cima do Vasco, na 18ª.

Um pouco acima do Remo na classificação está o CSA de Mozart Santos, em 7º, com 41. Selecionado para a vaga de Ney Franco, no fim de agosto, o treinador começou de forma discreta, com um empate e um revés, porém arrancou ao bater Londrina (2 a 0), Botafogo (2 a 0), Cruzeiro (2 a 1) e Ponte Preta (2 a 1).

Neste momento, o CSA tem 18,5% de probabilidade de ascensão, conforme a UFMG , algo que Mozart Santos nem sequer chegou a experimentar no intervalo à frente do Cruzeiro, de 10 de junho a 30 de julho. Foram duas vitórias, sete empates e quatro derrotas (33,33%).

Mozart pediu demissão do Cruzeiro após empatar por 2 a 2 com o Londrina, no Mineirão, pela 15ª rodada da Série B. Ele não vencia há nove jogos, o que gerou insatisfação da torcida nas redes sociais e pressão de pessoas influentes ao presidente Sérgio Rodrigues.

Enderson Moreira, Felipe Conceição e Mozart Santos tiveram em comum um ambiente marcado por atrasos salariais e punições na Fifa. Outros profissionais que lideraram o elenco viveram o mesmo cenário - Ney Franco, Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo.

Na Série B, Luxemburgo tem quatro vitórias, sete empates e uma derrota (52,77%). Em 15º, com 32 pontos, o Cruzeiro tentará se afastar do Z4 no confronto com o Brasil (lanterna, com 16), às 11h deste domingo, no Independência, pela 28ª rodada.