O
Cruzeiro
terá reencontro com
Mozart Santos
na partida contra o
CSA
, às 16h de domingo, no Independência, pela 26ª rodada da
Série B
. O técnico de 41 anos esteve na Toca entre o início de junho e o fim de julho e não conseguiu tirar o time da parte de baixo da classificação. Após pedir demissão e dar lugar a Vanderlei Luxemburgo, ele assumiu o comando do elenco alagoano no lugar de Ney Franco, no fim de agosto, e obteve até o momento dois triunfos, um empate e um revés em quatro jogos. O Azulão subiu para a oitava posição, com 35 pontos, ao bater o Botafogo por 2 a 0, nesta quinta-feira, no estádio Rei Pelé, em Maceió.
Mozart chegou ao Cruzeiro em 10 de junho, depois de a diretoria dispensar Felipe Conceição em virtude da eliminação para a Juazeirense na terceira fase da Copa do Brasil e do início na Série B com duas derrotas para Confiança (3 a 1) e CRB (4 a 3). Ele veio como aposta do diretor de futebol Rodrigo Pastana, com quem trabalhou justamente no CSA e quase obteve o acesso ao terminar a segunda divisão de 2020 em quinto, com 58 pontos - três a menos que Juventude e Cuiabá, terceiro e quarto colocados.
Em sua apresentação, Mozart ressaltou a preferência por um estilo de posse de bola e intensidade no ataque, além de encarar com naturalidade a desconfiança em seu trabalho. “Lido de maneira bem natural e acho super normal isso. Sou jovem como treinador. Estou no meu terceiro clube como treinador profissional. Tenho um histórico grande na base, mas como treinador profissional é meu terceiro clube. Essa desconfiança vai se dissipar com os resultados, com desempenho, acredito muito”.
Na estreia de Mozart,
o Cruzeiro empatou por 1 a 1 com o Goiás
, em 12 de junho, no Mineirão, pela terceira rodada. O gol foi marcado aos 42 minutos do segundo tempo por Marcinho, que esteve a ponto de ficar fora dos planos de Felipe Conceição, porém ganhou oportunidade com a nova comissão técnica. No duelo seguinte,
a equipe superou a Ponte Preta por 1 a 0
, no Moisés Lucarelli, em Campinas, com gol do atacante Bruno José.
A invencibilidade de Mozart no Cruzeiro caiu logo na terceira partida, diante do Operário, fora de casa, pela quinta rodada: 2 a 1.
O treinador renovou a confiança da torcida no compromisso seguinte ao bater o Vasco de virada por 2 a
1
, no Mineirão, com dois gols do volante Matheus Barbosa. A euforia pelo resultado foi tão grande que as caixas de som do estádio tocaram a sinfonia
Eine kleine Nachtmusik
, do famoso compositor austríaco
Wolfgang Amadeus Mozart
, que viveu no século 18.
O início que aparentava promissor deu lugar a uma sequência sem vitórias, e Mozart passou a ser criticado pelas constantes mudanças na escalação. Em muitas oportunidades, ele perdeu atletas por lesão e/ou suspensão, porém ao mesmo tempo fez modificações por opção, como a escalação de Matheus Barbosa no lado direito da zaga no empate por 0 a 0 com o Brasil de Pelotas, no Rio Grande do Sul, pela nona rodada. Artilheiro do time em 2021, com sete gols, o volante acabou sofrendo uma contusão muscular no jogo.
O ápice da insatisfação da torcida cruzeirense veio no confronto com o Avaí, no Mineirão, em 17 de julho, pela 12ª rodada. Mozart, que estava suspenso, foi substituído por seu auxiliar, Denis Iwamura. Com uma formação desajustada principalmente no segundo tempo, quando passou a jogar com apenas um zagueiro de ofício - Rhodolfo -,
o time celeste tomou gols em contra-ataques e viu o adversário ganhar fácil por 3 a 0
.
Mozart Santos durou mais três jogos à frente do Cruzeiro: derrota para o Remo, no Pará, por 1 a 0; empate com o Vila Nova-GO, em Goiânia, por 0 a 0; e empate com o Londrina, em Belo Horizonte, por 2 a 2.
O próprio treinador pediu desligamento do clube em 30 de julho de 2021, após um retrospecto de duas vitórias, sete empates e quatro derrotas em um mês e 20 dias de trabalho (33,33% de aproveitamento)
.
Vale lembrar que o Cruzeiro não podia demitir Mozart, uma vez que havia feito o mesmo com Felipe Conceição no começo da Série B. No regulamento de 2021, a Confederação Brasileira de Futebol permitiu apenas uma dispensa sem justa causa.
Em entrevista ao
Superesportes
no dia 2 de agosto, o treinador corroborou a versão passada pelo diretor de futebol Rodrigo Pastana
. “Foi um pedido de demissão simples para que o clube pudesse contratar outro profissional. Vida que segue”.
Mozart também ressaltou que o seu sucessor no Cruzeiro conseguiria desenvolver um bom trabalho. “Pode ter certeza que o treinador que chegar vai pegar um padrão de jogo legal (...). Os resultados viriam comigo, mas é óbvio e justo que se troque depois de nove jogos sem vencer. Não levo isso para o lado pessoal, e sim para o profissional. Mas tenho certeza que o time vai ter resultado, muito pela herança boa de desempenho que vai pegar”.
De fato, Vanderlei Luxemburgo alcançou melhores resultados pelo clube em comparação a Mozart: quatro vitórias e seis empates em 10 jogos (60% de aproveitamento), com 11 gols marcados e sete sofridos. Apesar dessa evolução, o Cruzeiro continua distante do G4 - 13 pontos a menos que o quarto colocado, CRB - e tem 0,6% de chance de subir à primeira divisão, segundo o Departamento de Matemática da UFMG. No cenário atual, será necessário ganhar no mínimo 11 dos 13 compromissos restantes.
Adversários no domingo, Luxemburgo e Mozart são velhos conhecidos no mundo da bola. Em 2000, o treinador cruzeirense, à época na Seleção Brasileira, convocou o então volante do Flamengo para a disputa dos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália. O Brasil avançou em primeiro lugar no Grupo D, que também tinha Japão, África do Sul e Eslováquia, porém caiu nas quartas de final ao perder por 2 a 1 para Camarões, que passou pelo Chile na semifinal e faturou a medalha de ouro com vitória sobre a Espanha nos pênaltis.
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