A conquista da América: Cruzeiro comemora 45 anos da 1ª Libertadores
Relembre a grande campanha da Raposa no título de 1976
Por Thiago Madureira
30/07/2021 13:12
- Atualizado em: 30/07/2021 13:39
Se não tem muito o que comemorar no presente, o torcedor do Cruzeiro busca o passado e se orgulha de muitos feitos memoráveis. Em 1976, dez anos depois de vencer o Santos de Pelé, um dos maiores times da história do futebol, e conquistar o Brasil, a Raposa foi além e dominou a América. Nesta sexta, dia 30 de julho, são celebrados os 45 anos do primeiro título celeste da Copa Libertadores, uma façanha à época que apenas o esquadrão da Vila Belmiro havia alcançado entre as equipes do país. A conquista foi marcada por jogos inesquecíveis, gols dignos de placa, estádios lotados e final contra um gigante argentino, além de uma tragédia que abalou a todos no meio do futebol.
Manchetes argentinas da final vencida pelo Cruzeiro em 1976
Logo na estreia da competição, no dia 7 de março de 1976, um jogo considerado um dos maiores do futebol brasileiro: Cruzeiro 5 x 4 Internacional. A vitória foi uma espécie de revanche para a Raposa, que acabara de perder, no ano anterior, a decisão do Brasileiro para o time gaúcho. A primeira apresentação na competição foi apenas uma amostra do que seria o Cruzeiro de Zezé Moreira, que se reforçou no mercado para entrar ainda mais forte no torneio. Por causa de uma lesão no tendão de Aquiles, Dirceu Lopes ficou fora da competição. Ambicioso, o presidente Felício Brandi foi buscar Jairzinho, o Furacão da Copa, que estava há alguns meses sem clube desde a passagem pelo Olympique de Marselha, da França.
Festa do Cruzeiro em BH com o título da Libertadores de 1976
Na primeira fase, o Cruzeiro foi dono da melhor campanha da competição. Em seis jogos, foram cinco vitórias e um empate. O desempenho ofensivo da equipe impressionava: o time celeste fez o dobro de gols da segunda equipe com melhor rendimento. Enquanto a Raposa marcou 20 tentos nos jogos da fase de grupos, o River e a LDU, que integravam outras chaves, balançaram as redes apenas 10 vezes. Muitos destes gols saíram do comando de ataque formado por Eduardo, Roberto Batata, Jairzinho, Palhinha e Joãozinho, com variações de acordo com as partidas, além do lateral Nelinho, que contava com um chute potente e apoiava como poucos.
Homenagens a Roberto Batata, que faleceu durante a Libertadores de 1976
Dando continuidade ao torneio, o Cruzeiro avançou à segunda fase, composta por duas chaves com três clubes cada. A Raposa caiu no grupo com LDU-EQU e Alianza Lima-PER. Mais uma vez, o time celeste foi brilhante: quatro vitórias, sendo três delas por goleada, em quatro jogos. Primeiro, a Raposa fez uma excursão ao norte da América do Sul e bateu os equatorianos por 3 a 1 e os peruanos por 4 a 0. Depois da volta para Belo Horizonte, uma tragédia comoveu o elenco cruzeirense. O atacante Roberto Batata morreu em um acidente de carro no Km 182 da rodovia Fernão Dias, em Três Corações. Foi a primeira vez que a sede do clube foi utilizada para um velório. De luto, milhares de cruzeirenses saíram às ruas para prestar solidariedade. A perda que poderia afetar o Cruzeiro deu ainda mais força para os jogadores que queriam conquistar aquele título e homenageá-lo.
20/05/1976 - Cruzeiro goleia Alianza por 7 a 1 pela Libertadores
O Cruzeiro avançou para a decisão e enfrentou o River Plate. Na primeira partida, no Mineirão, goleada celeste por 4 a 1. Na segunda, o River venceu por 2 a 1, resultado que forçou uma terceira partida em campo neutro. O estádio escolhido foi o Nacional, de Santiago, no Chile. A Raposa começou pressionando e logo abriu 2 a 0, com Nelinho, de pênalti, e Eduardo, depois de bela jogada coletiva. O time argentino buscou o empate com Oscar Más e Urquisa. O gol do título saiu apenas aos 46 minutos do segundo tempo. Palhinha sofreu falta nas proximidades da área. Quando todos esperavam por Nelinho, Joãozinho surpreendeu, não esperou a autorização do árbitro e cobrou a falta no ângulo.
07/03/1976 - Cruzeiro faz 5 a 4 no Internacional na estreia da Libertadores
Uma campanha brilhante: em 13 jogos, 11 vitórias, um empate e uma derrota (aproveitamento de 87,2%). Foram 46 gols feitos e 17 sofridos. Como mandante, seis vitórias em seis jogos. O Cruzeiro ainda teve o artilheiro da competição, Palhinha, com 13 gols. Um título para a história!
Compacto da final da Libertadores, produzido pela TV Chile:
Ficha de todos os jogos do Cruzeiro na Copa Libertadores de 1976
Gols - Cruzeiro: Palhinha, aos 3 e 10 minutos do 1ºT, Joãozinho, aos 21 min do 1ºT e aos 18 min do 2ºT e Nelinho, aos 40 min do 2ºT;
Internacional: Lula, 14 minutos, Valdomiro, aos 39 min, Zé Carlos (contra), aos 6 min do 2ºT, e Ramon, aos 25 minutos do 2ºT
Cartão Vermelho: Palhinha Motivo: Primeira fase da Copa Libertadores Data: 07/03/1976 Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte-MG Público: 65.463 Renda: 793.407,00 cruzeiros
Homenagens a Roberto Batata, que faleceu durante a Libertadores de 1976
Gols - Cruzeiro: Jairzinho, aos 18 do 1ºT, e Joãozinho, aos 37 minutos do 2ºT Motivo: Primeira fase da Copa Libertadores Estádio: Beira-Rio Público: 80 mil Renda: 1.614.601 cruzeiros
Gols - Cruzeiro: Jairzinho, aos 14 minutos do 1ºT e aos 9, 14 e 32 minutos do 2ºT e Palhinha, aos 36 minutos do 1ºT, 18 e 27 minutos do 2ºT. Alianza: Cueto, aos 21 minutos do 1ºT
20/05/1976 - Cruzeiro goleia Alianza por 7 a 1 pela Libertadores
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CRUZEIRO 4 x 1 LDU-EQU
Cruzeiro: Raul, Nelinho, Moraes, Ozires (Darci), Vanderley, Piazza (Valdo), Eduardo, Silva, Jairzinho, Palhinha e Ronaldo Técnico: Zezé Moreira
LDU: Leyes, Moreno, De Carlos Villena, Tobar, Gómez (Rivadeira), Aguirre,Sussman, Scalise (Jorge Tapia), Carrera e Gustavo Tapia Técnico: Leonal Montolia
Gols - Cruzeiro: Nelinho, aos 4 minutos do 1ºT, Jairzinho, aos 2 minutos do 2ºT, Palhinha, aos 27 minutos do 2ºT, e Ronaldo, aos 29 minutos do 2ºT
River Plate: Fillol (Landaburu), Comelles, Perfumo, Lonardi, Hector Lopez, Juan Lopez, Merlo, Sabella, Pedro González, Luque e Oscar Más Técnico: Angel Labruna
Gols - Cruzeiro: Nelinho, aos 21 minutos do 1ºT, Palhinha, aos 29 e 40 minutos do 1ºT, e Valdo, aos 35 minutos do 2ºT River: Más, aos 18 minutos do 2ºT
River Plate: Landaburu, Comelles, Perfumo, Passarela, Hector Lopez (Lonardi), Juan Lopez, Merlo, Alonso, Pedro González, Luque e Oscar Más Técnico: Angel Labruna