Leo se despediu do Cruzeiro em maio após 11 anos no clube (Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)

Sérgio Rodrigues revelou a torcedores, em reunião realizada no início do mês passado, que o Cruzeiro rescindiu o contrato do zagueiro Leo, de 33 anos, porque o jogador queria entrar em campo com o "menisco fora do lugar". O áudio do presidente foi vazado nesta semana e circula em grupos de conselheiros e torcedores no Whatsapp.




A rescisão do contrato de Leo, que defendeu a camisa celeste por 11 anos, foi oficializada em 20 de maio, cerca de três semanas antes do encontro do presidente com os torcedores. Naquela oportunidade, por meio de nota, o Cruzeiro afirmou, sem dar muitos detalhes, que vivia um momento de 'responsabilidade financeira' e que optou pelo rompimento após 'minuciosas avaliações de ordens físicas e técnica'.

No áudio, Sérgio relata que Leo pediu, no fim de 2020, para realizar procedimentos cirúrgicos fora do Cruzeiro. Quando retornou, já em 2021, os médicos do clube apontaram, após exames de imagem, que o zagueiro estava com o menisco (cartilagem responsável pelo amortecimento do joelho) fora do lugar. O defensor, no entanto, teria afirmado que Deus o ajudaria a atuar. 

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"Ele começou a postar treino na Toca e disse que estava treinando pesado. Bicho, treinar pesado assim, até eu. Toma uma porrada no joelho para ver o que acontece. Aí nossos médicos falaram que não davam laudo para ele voltar a jogar. Simples. Eu não tenho coragem de deixar o Leo voltar para o campo. Aí ele disse que queria voltar para o campo e nós dissemos que, assim, teria que rescindir", relatou Sérgio (ouça o áudio e veja a transcrição na íntegra abaixo).




No áudio vazado, com duração de 3 minutos e 17 segundos, o presidente do Cruzeiro também diz que Leo tentou fazer um motim com os jogadores, em meio ao início da pandemia de coronavírus, em 2020, para que o grupo não aceitasse a redução de 25% do salário. Ainda segundo Sérgio, o zagueiro teve aumento salarial de R$250 mil durante a gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá (2018-2019).

Procurado para comentar o episódio, Leo enviou à reportagem quatro vídeos de funcionários dando depoimentos sobre sua passagem pelo Cruzeiro. Questionado se gostaria de falar especificamente sobre os fatos narrados por Sérgio Rodrigues, ele não respondeu até o fechamento desta reportagem. 

O Superesportes também pediu um posicionamento ao presidente do Cruzeiro, por meio da assessoria de imprensa do clube, e aguarda manifestação. O texto poderá ser atualizado a qualquer momento. 




Veja abaixo, na íntegra, o que disse Sérgio Rodrigues em áudio vazado:

Assim que a gente assumiu, no ano passado, o Bolsonaro tinha editado aquela MP (medida provisória) dos 25% (de redução do salário). O Leo foi o único jogador que não queria assinar. E tentando fazer motim para os outros não assinarem. Conseguimos dobrar e tal, assinou. Aí beleza. Ele vem, machuca, chega e fala: 'eu quero treinar fora. Quero me recuperar fora'. A gente fala: 'Leo, nosso fisioterapeuta é da Seleção Brasileira, nossos dois médicos, que são (Sérgio Campolina) e Daniel (Baumfeld) tem fila para operar com eles particular. Você vai mexer fora? Vou. Então beleza. Custo seu, está aqui a autorização, vai. 

Não tem duas não. Quem conhece o Charlinho (Charles Costa, chefe da fisioterapia do Cruzeiro), é um dos caras mais do bem que já passou pelo Cruzeiro. Que está no Cruzeiro. Várias mensagens dele e do Daniel pedindo o relatório. E ele só mandava foto dele na esteira. Leo volta: 'Vou jogar'. Aí, exame: 'Leo, seu menisco está fora do lugar'. Aí ele disse: 'Deus vai me fazer jogar'. Juro por Deus. Charlinho virou na cara dele e falou assim: 'Se tem uma coisa que você não está tendo é Deus no coração'. Foi desse jeito. 'Você fala que tem, mas não está tendo. Um absurdo você ficar falando que a gente não te deu assistência. Olha aqui a mensagens' e começou a mostrar.



Fizemos ata notarial disso. Se a coisa fosse para outro lado, a gente ia mostrar. Aí ele virou e disse que poderia jogar. Começou a postar treino na Toca e disse que estava treinando pesado. Bicho, treinar pesado assim, até eu. Toma uma porrada no joelho para ver o que acontece. Aí nossos médicos falaram que não davam laudo para ele voltar a jogar. Simples. Eu não tenho coragem de deixar o Leo voltar para o campo. Aí ele disse que queria voltar para o campo e nós dissemos que, assim, teria que rescindir. Agora, não vou divulgar isso se não ninguém te contratar. É um acordo de cavalheiros, beleza? Beleza! 

Fora que ele ganhava R$180 mil e nosso grande Itair (Machado, ex-vice-presidente de futebol do Cruzeiro) aumentou para R$430 (mil) e deu R$1 milhão para o (André) Cury (empresário) no meio. Pronto. É essa a história. Estou certo ou estou errado?

Aí o que eu cheguei e falei, o que foi outro absurdo. Leo, considerando que estamos em processo de rescisão, eu gostaria que você não treinasse na Toca. Por que? Você machuca durante esse problema aqui, sobra para mim. Não estamos na supervisão. Agora, entrar na Toca? Até o Fred, com todo respeito, se ele chegar aqui ele entra na Toca. Ex-jogador do Cruzeiro, qualquer um entra no Cruzeiro a hora que quiser. Divulgaram de outra forma e o negócio se transformou...

Agora, o babaca tem que apanhar sozinho. Se eu coloco isso para fora, eu desvalorizo o cara, eu gosto dele, me dou muito bem com ele. Achei que foi mal neste episódio, entendeu? Aí eu desgasto isso e ainda fodo a carreira do cara. Só que prefiro preservar e tomar porrada. Eu não ligo de tomar porrada. Mas a verdade é essa. Não teve nada de tratamento indigno, nada disso. Tanto que depois daquela postagem, o Fábio não fez mais nada. Fábio não sabia dessa história e respeita o Charlinho demais também. A hora que o Charlinho deu o testemunho, o Fábio ficou 'opa'. Aí todo mundo baixou a bola. A história é completamente outra.