Carlos Ferreira Rocha disparou contra o pai de 'Messinho' (Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Ex-dirigente do Cruzeiro, Carlos Ferreira Rocha, que integrou o Conselho Gestor entre janeiro e maio de 2020, disparou contra Ivo Gonçalves, pai do jovem Estevão Willian, o 'Messinho'.




Ivo ajuizou ação contra o clube na Justiça do Trabalho cobrando R$162 mil por salários atrasados, férias, verbas rescisórias e 13º salário não pagos.

"Seria cômico se não fosse trágico. Esse Ivo é muito vagabundo, fala mansa, faz sempre de desentendido, mas é dissimulado é um canalha! Faz parte da ala podre do futebol", escreveu Carlos em seu Twitter.

Considerado uma das maiores promessas da base celeste, Messinho, de 14 anos, deixou o Cruzeiro em maio deste ano. Ele assinou um contrato de formação com o Palmeiras, já que ainda não tem idade para ter vínculo profissional.




Ivo tinha salário de R$15 mil no Cruzeiro. Segundo a ação, os mineiros chegaram a iniciar uma negociação de parcelamento com um representante do pai de Messinho, mas o "reclamante (Ivo) recebeu um comunicado de que, caso quisesse receber algo, ajuizasse uma ação".

Relatório feito pela Kroll, empresa de investigação corporativa contratada pelo Conselho Gestor para auditar o período da gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá (2018 a 2019), revelou um contrato de prestação de serviços de Ivo com o Cruzeiro. 

Por meio da empresa EW10 Sports LTDA, ele recebia remuneração de R$10 mil mensais. Depois, o salário aumentou. O documento aponta que, entre junho de 2018 e abril de 2019, o pai de Messinho embolsou R$102 mil.




Ivo é réu em processo criminal que envolve supostas irregularidades no Cruzeiro. O pai de Estevão foi indiciado por crime de falsidade ideológica. Nesta sexta-feira, Ivo não foi encontrado pela reportagem para comentar as declarações de Carlos Rocha. 

Foco de denúncias

Estevão foi um dos temas de reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, em maio de 2019. Na ocasião, a emissora revelou que o Cruzeiro, então administrado por Wagner Pires de Sá, cedeu 20% dos direitos econômicos da criança como garantia de empréstimo feito com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado.

A comercialização dos direitos econômicos da criança não poderia ter acontecido. Inicialmente, porque a Fifa determinou, em 2015, que apenas clubes e jogadores podem ter partes de direitos econômicos. Depois, porque revelações só podem assinar contratos profissionais com os clubes a partir dos 16 anos. Até lá, só existe o contrato de formação, sem direitos federativos ou econômicos.

Mesmo após a repercussão extremamente negativa sobre a comercialização desses 'direitos', o Cruzeiro voltou a negociar, em 1º de junho de 2019, outros 15% do 'passe' da criança. A transação foi feita com o Estrela Sports Ltda, do então conselheiro Fernando Ribeiro de Morais.