Pedro Lourenço preferiu não aceitar o cargo de vice de futebol (Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

O presidente Sérgio Santos Rodrigues garantiu que daria autonomia ao empresário Pedro Lourenço caso ele decidisse assumir a gestão do departamento de futebol do Cruzeiro. O dirigente respondeu a um questionamento do jornalista Emanuel Carneiro na edição desta terça-feira do programa Turma do Bate-Bola, da Rádio Itatiaia.



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Sérgio afirmou que o primeiro convite a Lourenço foi feito no início de seu mandato, em junho de 2020. O dirigente ofereceu o cargo de vice-presidente de futebol ao dono da rede Supermercados BH, que preferiu colaborar da forma habitual: emprestando dinheiro para quitar salários e outras dívidas emergenciais.

“Quando fui ser candidato, fui lá e perguntei ao Pedrinho se ele apoiaria. A gente sabe que se o Pedrinho quisesse ser o presidente do Cruzeiro era só colocar o nome, nem precisaria de eleição. Eu pedi que ele me ajudasse e perguntei: ‘Pedrinho, você quer ser o vice-presidente de futebol do Cruzeiro? De porteira fechada, pode tomar a definição que você quiser, não tem problema para mim’. Ele falou que não, que ajudaria como pudesse, mas que isso aí não conseguiria assumir. Já fiz outras vezes esse convite”.

De acordo com Rodrigues, Pedrinho inicialmente avaliou de forma positiva a contratação de Felipe Conceição para ser o técnico na temporada 2021, depois de um 2020 marcado pelo fracasso na Série B (12º lugar, com 49 pontos). Entretanto, o conselheiro começou a mudar de ideia assim que a Raposa caiu nas semifinais do Campeonato Mineiro, após perder os dois jogos para o América: 2 a 1, no Mineirão, e 3 a 1, no Independência.




“Veio a contratação do Felipe, que foi muito noticiada e atendeu a um pedido dele também, que recebeu o Felipe junto comigo, as contratações do Felipe a gente também sempre conversou. E de fato ocorreu essa questão na época do América, daí expliquei a ele: ‘Pedrinho, vamos esperar mais um pouco, porque acho que a gente está vendo uma evolução. Houve duas derrotas agora, mas claro que a gente vai mexer no time, etc. Eu sabia que ele era contrário, mas mesmo assim continuamos conversando. Era uma opinião dele, outros também tinham opiniões divergentes”.

O desejo de Lourenço era que no período de intertemporada a diretoria trocasse Conceição por um profissional mais experiente, casos de Vanderlei Luxemburgo ou Dorival Júnior. Além disso, ele se prontificou a ajudar nos contatos com o executivo Alexandre Mattos, uma vez que André Mazzuco aceitou oferta do Santos. Sérgio garantiu que o principal parceiro financeiro do Cruzeiro foi ouvido, mas o dirigente bicampeão brasileiro em 2013 e 2014 não teria se empolgado com o projeto.

“Logo em seguida, quando tivemos o primeiro caso do diretor, o Alexandre (Mattos), o Pedrinho sabe, a primeira pessoa para quem liguei foi o Alexandre. A gente conversou, o próprio Alexandre já confirmou isso, falei com ele duas vezes. O Alexandre disse que demandaria mais tempo para fazer o que ele entende que precisaria ser feito no Cruzeiro. Não falou que foi dinheiro, proposta ou autonomia, pois expliquei a ele que todos que nós contratamos têm autonomia total. O Alexandre foi o primeiro a ser procurado”.




Sem sucesso com Mattos, o Cruzeiro conversou com Rodrigo Pastana, do CSA. Sérgio Rodrigues explicou que Pedro Lourenço já havia elogiado o profissional em virtude de alguns acessos alcançados na carreira. Além disso, o presidente reiterou a preferência do ex-CEO do clube, Vittorio Medioli, pelo perfil do executivo.

“O segundo (a ser procurado) foi exatamente o Pastana. Não sei se todos sabem, o Pastana foi chamado pelo Medioli e pelo conselho gestor, foi entrevistado em Belo Horizonte e seria o diretor de futebol do Cruzeiro. Acabou que o Medioli se afastou logo depois e a questão não andou. Mas ele era o diretor a ser contratado pelo Medioli. E em janeiro, quando eu trouxe o Mazzuco, o próprio Pedrinho brincou daquele jeito: 'ó, Serginho, se eu fosse você, trazia o Pestana (sic), que o Pestana tem muitos acessos. Não mexe com Mazzuco agora não, mexe com o Pestana que é melhor, porque ele tem muitos acessos'”. Entendi que estava trazendo um diretor que ele gosta”.

Pastana assumiu a diretoria executiva do Cruzeiro em 6 de junho. Três dias depois, o time perdeu para a Juazeirense nos pênaltis (3 a 2) e caiu na terceira fase da Copa do Brasil. O revés diante de uma equipe da Série D do Campeonato Brasileiro determinou a saída de Felipe Conceição. Sérgio Rodrigues contou que chegou a ligar para pedir uma sugestão a Pedro quanto ao novo treinador, porém o empresário, bastante chateado com o vexame, preferiu não opinar. Assim, a decisão pela contratação de Mozart foi tomada em consonância com a direção de futebol.




“O Pedrinho é um cara apaixonado, como todos nós somos. Na quarta-feira após a eliminação, ele me ligou chateado, estava puto e disse: ‘não quero mais participar’. Eu falei: ‘eu vou resolver, se você quiser, te ligo depois e a gente bate um papo’. Ele respondeu: ‘não, estou muito chateado, não quero saber, etc.’. Eu disse: ‘tudo bem’”.

“A partir daí, nós conversamos com a nossa diretoria de uma forma técnica e discutimos o que seria melhor em questão de preço e outras coisas. Por exemplo, Dorival é um cara que chegamos a procurar uma vez, e ele disse que não iria treinar, pois estava aguardando uma proposta de fora. Acho que são opiniões, nem sempre vamos conseguir ouvir uma só”.

Apesar de as escolhas recentes do Cruzeiro não terem agradado a Pedrinho, Sérgio Rodrigues ressaltou a importância da participação do empresário no dia a dia do futebol do clube e se dispôs até mesmo a assinar uma procuração lhe oferecendo plenos poderes sobre o departamento de futebol.




“Reitero aqui o meu carinho e o meu agradecimento a ele. Na quinta-feira, quando foi aprovado o projeto de lei (clube-empresa), fui o primeiro a mandar mensagem para ele. Sei que nesses momentos ele sofre muito com a situação do Cruzeiro, até por ser a pessoa que mais ajuda o Cruzeiro. Gosto muito dele, e independentemente do que aconteceu, serei grato por tudo que ele faz por nós”.

“Uma hora ou outra podemos tomar uma decisão que ele não gostaria, mas continuo insistindo e digo publicamente aqui se amanhã o Pedrinho me falar: ‘abra a porta da Toca, estou entrando, vou ser vice-presidente de futebol e quero autonomia total, eu assino a procuração para ele totalmente, pode gerir 100% do futebol’”.

“Seria bom para nós ter um parceiro como ele, um cara dedicado, que entende e gosta de futebol. Já havia chamado ele e o Juninho, filho dele, para participar. É um menino 10, que sabe muito e assiste futebol o dia inteiro. Da minha parte ele não falou hora nenhuma que está brigado comigo. Continuo 100% aberto e quero que o Pedrinho esteja ao nosso lado no clube-empresa e no futebol”.