Polícia Civil em frente à sede do Cruzeiro em 09/07/2019 (Foto: Alexandre Guzanshe/EM D.A Press)

A Polícia Civil iniciou nesta sexta-feira nova fase da operação ‘Segundo Tempo’, que apura irregularidades na gestão do Cruzeiro de 2018 a 2019. A corporação cumpriu mandados de busca e apreensão em vários endereços de Belo Horizonte.




Também há movimentações em outras capitais estaduais, como São Paulo e Salvador, e em cidades do interior, casos de Bauru-SP, Santos-SP e Andirá-PR. Os detalhes são mantidos sob segredo de Justiça.

Entre os investigados estão o ex-presidente Wagner Pires de Sá, o ex-vice-presidente de futebol Itair Machado e o ex-diretor geral Sérgio Nonato, além de outros antigos dirigentes e empresários ligados ao futebol.

Segundo o portal BNews, a Polícia Civil da Bahia apreendeu documentos e aparelhos eletrônicos em um apartamento de luxo no bairro Corredor da Vitória, em Salvador. O alvo é um agente esportivo.




O diretor do  Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado, delegado José Bezerra Alves Júnior, disse que os trabalhos na Bahia visam contribuir com a apuração desenvolvida pela Polícia Civil de Minas Gerais.

A antiga diretoria do Cruzeiro responde por crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O caso veio à tona há quase dois anos, em maio de 2019, em reportagem do Fantástico, da TV Globo.

Em agosto de 2020, a Polícia Civil concluiu a primeira fase do inquérito e apontou um rombo de R$10 milhões nos cofres do Cruzeiro. O Ministério Público de Minas Gerais ofereceu denúncia, porém os indiciados ainda não foram julgados.



As transações consideradas ilegais pela PCMG envolviam a cessão de direitos econômicos atletas a um empresário do ramo equipamento de proteção individual (EPI), as comissões direcionadas a agentes não ligados a jogadores, a contratação de advogados particulares com dinheiro do clube e o pagamento retroativo a Itair Machado referente a outubro, novembro e dezembro de 2017, quando Wagner ainda não havia tomado posse na presidência.

Além das suspeitas de crimes, a administração de Pires de Sá ficou marcada pelos gastos excessivos. Segundo relatório da Kroll, as despesas superaram R$1,18 bilhão em 2018/2019 - 53% a mais que os R$770 milhões na 'era' Gilvan de Pinho Tavares, em 2016/2017.

Até hoje o Cruzeiro sofre as consequências da gestão temerária, já que foi rebaixado em 2019 e não conseguiu retornar à elite do Brasileirão em 2020 - ficou em 12º lugar na Série B, com 49 pontos.

O balanço financeiro da instituição, aprovado na quinta-feira pelo Conselho Deliberativo, contabilizou uma dívida de R$897 milhões em 2020, ante uma arrecadação líquida inferior a R$120 milhões e déficit do exercício de R$226,5 milhões.