Fora do futebol desde que deixou o Atlético, no início de janeiro, Alexandre Mattos relembrou momentos de sua passagem pelo Cruzeiro. Em entrevista ao jornalista Mauro Cezar Pereira, do UOL, o executivo contou, por exemplo, um episódio que considera “fundamental” para a formação do time que venceu o Campeonato Brasileiro em 2013 e 2014.

“Lá pela quinta ou sexta rodada do Brasileiro (de 2013), foi fundamental uma passagem em Porto Alegre. Perdemos o jogo para o Grêmio por 3 a 1, tivemos um jogador expulso no primeiro tempo, tudo, mas fizemos um bom jogo. Após a partida, a determinação era que todos dormiríamos e retornaríamos para Belo Horizonte no dia seguinte, apesar de ser folga. Alguns anteciparam a passagem e foram embora. Outros ficaram em Porto Alegre. Ali, precisou de uma interação”, relembrou Mattos. 

“Chamei o Marcelo (Oliveira, treinador), chamei o grupo que saiu fora, chamei os líderes dos jogadores que não tinham fugido. Ali, conseguimos lavar a roupa suja. Havia uma divisão do grupo de jogadores da base, jogadores contratados, os que já estavam lá. Ali conseguimos interagir todo mundo. Eu sei da minha importância de lavar uma roupa suja. Cada um disse o que tinha na cara do outro e ali montamos o Cruzeiro bicampeão brasileiro”, contou.

Mattos comandou o futebol do Cruzeiro entre março de 2012 a dezembro de 2014, quando se transferiu para o Palmeiras. O dirigente é reconhecido por boa parte dos torcedores como um dos grandes responsáveis pelo momento de maior brilho da Raposa no cenário nacional na última década.

Em outro momento da entrevista, o dirigente elegeu o zagueiro Dedé como a melhor contratação que fez como profissional do Cruzeiro. Mattos relembrou a dificuldade para conseguir finalizar a operação com o Vasco, então detentor dos direitos econômicos do defensor.    

“No Cruzeiro, a contratação que chamou muita atenção pelo grau de dificuldade foi o Dedé. Na época, tinha o PSG, o Bayern Leverkusen, mas o Dedé queria ficar no Brasil. O Corinthians estava muito em cima. Foi uma contratação de muita estratégia, muita habilidade. O Vasco não queria nem me receber”, relatou.

“Lembro que liguei para o CEO do Vasco, ele disse que eu não precisava nem ir. Que se o Dedé fosse sair, seria para o PSG. Mas eu insisti para tomar um café com ele. Fui (ao Rio de Janeiro) para ficar um dia, fiquei 13. As coisas caminharam, eu tive que entrar no coração do Dedé. Ele não queria sair para outro clube brasileiro. Foi lá em Volta Redonda, na família dele, e foi uma contratação emblemática. Moveu o Cruzeiro para os títulos de 2013 e 2014”, disse Mattos.

Embora hoje esteja em batalha judicial contra o Cruzeiro, Dedé teve bons momentos na Toca da Raposa II. Desde maio de 2013, quando estreou com a camisa celeste, foram 188 jogos e 15 gols. O defensor tem no currículo os troféus dos Brasileiros de 2013 e 2014; das Copas do Brasil de 2017 e 2018, além de três Estaduais (2014, 2018 e 2019).