O lateral-direito Edilson, ex-Cruzeiro, comentou sobre a breve passagem de Rogério Ceni pela Toca da Raposa II, no ano passado, em entrevista ao programa Resenha, da ESPN, nesta sexta-feira. O defensor, que teve rescisão de contrato com o clube celeste acertada neste mês, elogiou o trabalho dentro de campo, mas apontou relacionamento com jogadores mais experientes como principal fonte de problemas do técnico com o elenco.
“O trabalho dele dentro de campo era muito bom. De repente, ele está muito novo e pegou um grupo muito experiente no Cruzeiro. Uma coisa é ele ser líder como capitão, sem sombra de dúvida ele é um dos maiores da história do São Paulo, mas uma coisa é ele gerir como treinador. Esses erros são normais para quem está começando a carreira de treinador. Tenho certeza que vai haver uma evolução. Espero que ele encontre um ponto de equilíbrio. Sem dúvidas, ele vai ser um grande treinador no Brasil. Eu acho que falta ter um equilíbrio com os mais experientes. Saber tratar o jovem da forma boa como ele sempre trata, mas falta saber também tratar os experientes”, declarou.
Edilson admitiu que a relação com Ceni era ruim e revelou uma tentativa frustrada de reconciliação. O experiente ainda detalhou o episódio polêmico envolvendo Thiago Neves e o treinador ocorrido na partida de volta contra o Internacional, pela semifinal da Copa do Brasil, vencida pelos gaúchos por 3 a 0, no Beira-Rio.
Na ocasião, o treinador não contava com Orejuela, titular da lateral direita, e optou por improvisar Jadson a escalar Edílson na posição. Ainda no campo, Thiago Neves reclamou das escolhas de Ceni. O Cruzeiro acabou eliminado da competição com placar agregado de 4 a 0.
“Nossa relação não foi muito boa. Isso foi falado ali. Eu não iria reclamar por não estar jogando. Claro, todo jogador quer jogar, ser titular, mas há um respeito muito grande por quem está melhor ou quem está jogando no momento. Sempre falei muito bem isso. A maior briga do grupo, não só do Thiago como os outros experientes, é que eu tivesse no vestiário e estivesse mais junto com elenco, pois sabiam do meu papel de liderança e sabiam do meu respeito que eu tinha com todos do elenco. Esse foi um dos papéis que mais me deixaram chateado. Ele praticamente quis me excluir e não me deixar participar nem de ir aos jogos. Isso que me deixou mais chateado", ressaltou.
"Eu fui bem claro depois do jogo contra o Inter, que ele não me colocou para jogar. Meu clima com ele estava horrendo, porque eu praticamente não estava nem com vontade de treinar, estava muito difícil. Cheguei para ele e falei: ‘Rogério, vamos deixar tudo que passou para trás e vamos seguir em frente. Vamos pensar no Cruzeiro, que eu tenho certeza que é muito maior do que todas as coisas que estão acontecendo no clube. A gente vem vivendo um momento difícil, e eu quero poder ajudar. ‘Eu me preparei e quero poder ajudar. Eu estava muito bem fisicamente naquela época. Ele falou que achava que não tinha errado em nada. Eu falei: ‘Eu errei, de repente você errou também, mas vamos esquecer tudo’. A partir daí foi a gota d'água para que a gente não pudesse mais conversar", concluiu.
Passagem de Ceni pela Toca
A passagem de Rogério Ceni pelo Cruzeiro durou menos de dois meses. Foram apenas oito jogos, com duas vitórias, dois empates e quatro derrotas. No curto período à frente da equipe, o treinador deu oportunidade a quatro jogadores recém-promovidos: o zagueiro Cacá (cinco partidas, quatro como titular), o lateral-esquerdo Rafael Santos (uma partida, como titular), o volante Éderson (cinco partidas, três como titular) e o meia Maurício (duas partidas, nenhuma como titular, e um gol).
Rogério assumiu o Cruzeiro sucedendo Mano Menezes, treinador do clube por mais de três anos - entre julho de 2016 e agosto de 2019. Os problemas de relacionamento de alguns atletas, como Dedé e Thiago Neves, já haviam sido apontados como pontos determinantes na saída de Ceni.
Após a demissão de Ceni, Abel Braga e Adilson Batista ainda comandaram o Cruzeiro na temporada 2019, mas não conseguiram evitar o inédito rebaixamento celeste à Série B do Campeonato Brasileiro.
Edilson no Cruzeiro
Contratado ao Grêmio em negociação que envolveu os meias Alisson e Thonny Anderson, no início de 2018, Edilson não conseguiu cair nas graças dos torcedores. Apesar de ter se sagrado campeão da Copa do Brasil e do Campeonato Mineiro (2018 e 2019), o lateral-direito alternou bons e maus momentos, sendo por várias vezes substituído em sua posição pelo volante Lucas Romero. Com a camisa celeste, anotou três gols em 75 jogos.