O Cruzeiro é um dos poucos clubes rebaixados que começou o ano indicado pela imprensa como favorito ao título do Campeonato Brasileiro. Talvez a única vez em que isso tenha ocorrido anteriormente foi com o Internacional, em 2016.
Hoje, o elenco cruzeirense é um dos três mais caros do Brasil, atrás apenas de Palmeiras e Flamengo.
O clube celeste começou o ano vendendo um dos seus principais jogadores, o meia Arrascaeta, ao Flamengo, por 18 milhões de euros (R$ 79,5 milhões na cotação da época). Desse valor, o clube ficou com 13 milhões de euros (R$ 55,25 milhões).
Reforços vultosos
A diretoria agiu rápido e contratou o armador Rodriguinho, do Pyramids, do Egito, por cerca de 4 milhões de euros, cerca de R$ 15 milhões na cotação da época, para suprir a saída do uruguaio. Outro atleta de meio-campo que chegou foi Marquinhos Gabriel, do Al-Nasr.
A diretoria foi além e reforçou a lateral direita com Orejuela. Ele chegou por empréstimo do Ajax. Para a lateral esquerda, a Raposa trouxe Dodô. O clube celeste desembolsou cerca de R$ 900 mil no início do ano. Mas a conta vai sair muito mais salgada.
O Cruzeiro terá de desembolsar ainda este ano R$ 1,3 milhão à Sampdoria, da Itália, por 90% dos direitos econômicos de Dodô. Além disso, o time celeste precisará quitar com o camisa 18, ao longo do novo contrato de quatro anos, a partir de janeiro de 2020, luvas no valor de R$ 10 milhões.
Para completar a lista de reforços, o Cruzeiro acertou com o atacante Pedro Rocha. A Raposa pagou 750 mil euros (cerca de R$ 3,2 milhões na cotação da época) ao Spartak Moscou, da Rússia, pela cessão do atleta até o fim desta temporada.
Derrocada
Apesar de tanto investimento, o Cruzeiro terminou o ano rebaixado. Em campo, a Raposa começou o ano bem, conquistando o Campeonato Mineiro sobre o maior rival, o Atlético. Na Copa Libertadores, o time terminou a primeira fase com a segunda melhor campanha. Na Copa do Brasil, chegou até a semifinal, quando foi eliminado pelo Internacional.
A campanha no Brasileiro é que desandou. Primeiro, pela prioridade dada às Copas. Depois, por diversos fatores, como crise política, falta de pagamentos, desgaste com técnicos, lesões, mau momento técnico e confiança abalada dos jogadores. O Cruzeiro terminou a Série A na 17ª colocação.
Elenco caro do Inter
Dos grandes times que foram rebaixados no futebol brasileiro, o Internacional em 2016 era o único com elenco caro. “Era um folha alta. O salários do Anderson estava na casa dos R$ 500 mil”, relembra o jornalista Rafael Pfeiffer, da Rádio Guaíba.
O Colorado conseguiu repatriar o volante Anderson, que pertencia ao Manchester United, e era ídolo do maior rival, o Grêmio. Ele, contudo, não rendeu o esperado. Antes do início da Série A, o time do técnico Argel era considerado um dos favoritos ao título.
O Inter chegou a liderar o Campeonato Brasileiro. Na 8ª rodada, o clube gaúcho venceu o Atlético por 2 a 0, no Beira-Rio, e assumiu a ponta da competição.
Na sequência do torneio, o Inter caiu drasticamente de rendimento e acabou rebaixado. Foram 11 vitórias, 10 empates e 17 derrotas.
O Colorado tinha outros atletas de renome no elenco, como o ídolo Alex, os atacante Nico López e Eduardo Sasha e a revelação Valdívia.
Grêmio caiu duas vezes
O Tricolor caiu em duas oportunidades: 1991 e 2004. Na primeira oportunidade, o Grêmio tinha um time razoável. Os gaúchos ficaram na terceira posição do Campeonato Brasileiro de 1990. Para o ano seguinte, Evaristo de Macedo deixou o clube para assumir o Cruzeiro. Cláudio Duarte chegou para dirigir a equipe. Já com o campeonato em andamento, Dino Sandi tentou salvar o clube.
A equipe tinha bons jogadores, como Donizete Oliveira e Assis no meio-campo e Maurício e Nilson no ataque. Tanto é que aquele time foi vice-campeão da Copa do Brasil de 1991, com dois empates contra o Criciúma na decisão (1 a 1, em Porto Alegre, e 0 a 0, Criciúma). Perdeu o caneco por causa do gol qualificado fora de casa.
No Campeonato Brasileiro, o Grêmio mostrou incompetência. Naquele torneio, apenas os dois últimos eram rebaixados. O time gaúcho ficou na penúltima posição, com 12 pontos: três vitórias e seis empates em 19 partidas.
Em 2004, o Grêmio montou um elenco bem abaixo da sua história. Tanto é que os sinais vieram no Campeonato Gaúcho. O time foi eliminado pelo Ulbra na semifinal com derrota por 3 a 1. A campanha do Brasileiro foi vexatória. O Grêmio terminou na última posição, com 39 pontos em 46 jogos. A queda veio com três rodadas de antecedência.
Medalhões no Atlético
Quando caiu em 2005, o Atlético tinha um time com muitos medalhões. O goleiro era o experiente Danrlei, ídolo do Grêmio. Faziam parte do elenco o badalado Rodrigo Fabri, com passagens por Real Madrid, Sporting e Atlético de Madri; os ídolos Marques e Cáceres; e os atacantes Euller e Luís Mário, entre outros. Nem o técnico Tite, hoje na Seleção Brasileira, conseguiu fazer o time jogar.
Paulistas sem grandes investimentos
Quando caíram para a Segunda Divisão, Palmeiras e Corinthians não tinham grandes investimentos. O Palmeiras foi rebaixado em 2002 e 2012. Na primeira queda, o Verdão mesclava atletas experientes (o lateral Arce e o meia Zinho) com outros sem grife, como os atacantes Muñoz e Lopes.
Já em 2012, o Verdão conseguiu vencer a Copa do Brasil, mas não resistiu e caiu no Campeonato Brasileiro. Felipão dirigiu o time durante quase toda a campanha. A folha do Verdão não era das mais altas, mas tinha algumas estrelas, com o ídolo Valdívia, o zagueiro Henrique, o volante Marcos Assunção e o atacante Barcos.
Em 2007, o Corinthians vivia uma crise financeira depois da saída do investidor Kia Joorabchian. Dois anos antes, o time paulista venceu o Campeonato Brasileiro com um elenco recheado de atletas badalados, como Mascherano, Carlos Alberto, Roger, Tevez e Nilmar. Sem dinheiro, o Timão montou um elenco limitado. Os principais jogadores eram o goleiro Felipe, o experiente volante Vampeta e os atacantes Finazzi e Dentinho.
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