O Cruzeiro planeja construir em no máximo seis anos um novo centro de treinamento com estrutura para abrigar o departamento de futebol profissional e todas as categorias de base. O local já está em fase de estudo por parte da diretoria do clube celeste. Seria em uma área de 500 mil a 1,5 milhão de metros quadrados situada nas proximidades da BR-040, no limite de Belo Horizonte com Nova Lima. Muitos jogadores do grupo principal residem nos bairros Belvedere e Santa Lúcia, na capital, e Vila da Serra, no município vizinho, o que facilitaria o deslocamento. Hoje, para chegarem à Toca da Raposa II, esses atletas dirigem até 28 quilômetros. O trajeto pode durar mais de uma hora.
“A gente tem um grande desejo de conseguir esse terreno para o lado do Rio de Janeiro. Antes do Posto Chefão (posto de combustível localizado no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima). Isso porque 80% dos jogadores do Cruzeiro gastam duas horas para ir treinar. Uma para ir e outra para voltar. É difícil. Se você consegue fazer para aquele lado ali, o jogador fica a 20 minutos do CT. Ele economizaria uma hora e meia por dia de logística”, explicou o vice-presidente do Cruzeiro, Itair Machado, em entrevista exclusiva ao Superesportes.
Além de proporcionar conforto maior aos jogadores, que gastariam menos tempo até o espaço de trabalho, uma grande Toca da Raposa possibilitaria melhor observação das categorias de base. Nesse cenário, seria mais fácil lapidar uma joia que, em longo prazo, viesse a gerar receita milionária aos cofres celestes.
“É uma coisa que você ganha muito se tiver os dois centros de treinamentos juntos. Nosso projeto é de colocar o júnior com o profissional, eles já treinam lá (na Toca da Raposa 2), mas não dá para colocarem eles morando no hotel por causa de logística, de construção. Um dos grandes desejos como dirigente é ter um terreno que abrigaria as duas Tocas. E estamos nesse caminho. Estamos trabalhando, estudando a viabilidade de terreno. O Cruzeiro precisa disso. Você vê o Flamengo, que vendeu alguns jogadores aí e equalizou a dívida. O torcedor não gosta de vender, mas você ter alguns jovens para vender por 40, 50 milhões de euros, é o que vai zerar nossa dívida. Aí depois que o Cruzeiro zerar, vai evitar ter que vender novos talentos”, frisou o dirigente.
Itair Machado explicou que nas Tocas da Raposa I e II não há espaço físico para expansão de campos e construção de alojamentos. Para abrigar toda as equipes de futebol, o Cruzeiro necessitaria de uma dependência com no mínimo oito campos de futebol.
“Não, porque não cabe. O terreno não comporta. Você teria que ter, no mínimo, oito campos de futebol. Teria que ser um terreno maior. A gente estuda a viabilidade de um outro terreno, que tem uma localização boa, para que em um futuro bem próximo a gente possa ter um centro de treinamento da base e do profissional juntos. Como eu gosto de dizer, o São Paulo, que tem dois grandes CTs, não é junto. São poucos os clubes que têm isso junto. Acho que seria muito importante para o futuro do clube, a gente ter isso. O Cruzeiro está investindo hoje no Sub-11, Sub-12. Inclusive, vale a pena fazer uma matéria da safra no Brasil. Safra que a gente fala é da qualidade de jogadores. Daqui cinco, seis anos, o Brasil vai voltar a ser aquela potência que foi no passado. Acompanho e é assustador a qualidade. No próprio Cruzeiro, se fala muito do Estevão, mas não é só ele. Vários outros jogadores lá que têm tudo para brilhar no Cruzeiro”.
Mas o que seria feito das Tocas da Raposa I e II? Na visão de Itair Machado, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro poderia, por exemplo, aprovar permutas dos terrenos para a construção de empreendimentos imobiliários. Em 2013, o América cedeu o antigo clube de lazer à Direcional Engenharia, que construiu apartamentos de um, dois e três quartos. O clube embolsou 22,5% do valor geral de vendas dos imóveis.
“Tem que estudar. Criar uma comissão. O Cruzeiro pode fazer grandes empreendimentos imobiliários. Pode fazer permuta, mas quem decidiria é o Conselho Deliberativo. Acho que deveríamos conseguir o terreno sem se desfazer da Toca I e da Toca II. Depois que conseguir o outro terreno e tiver construído, o Conselho é competente para sentar e dar destino aos outros dois terrenos. É muito importante um projeto de formação de atleta que esses dois centros de treinamentos sejam juntos”.
Como deverá ser o novo CT do Cruzeiro
- Área de 500 mil a 1,5 milhão de m² (espaço cinco a 10 vezes maior que as Tocas I e II juntas);
- No mínimo oito campos oficiais;
- Alojamento para profissional e base (júnior, juvenil, infantil, pré-infantil e mirim);
- Proximidade com bairros de classe alta de BH, onde residem vários jogadores;
- Projeto com expectativa de consolidação em até seis anos (2024)
- Opções de terrenos: Vale do Rio Doce e Prefeitura de Belo Horizonte
- Opções de terrenos: Vale do Rio Doce e Prefeitura de Belo Horizonte
Fichas técnicas dos centros de treinamento do Cruzeiro
Toca da Raposa II
Inauguração: março de 2002
Área: 83 mil m²
Área edificada: 4,3 mil m²
Localização: Rua Adolfo Lippi Fonseca, 250, Bairro Trevo, Belo Horizonte
Estrutura:
- Quatro campos de futebol;
- Piscina térmica;
- Academia;
- Quadra poliesportiva;
- Solarium;
- Restaurante;
- Hotel com 26 apartamentos
- Salão de jogos;
- Sala de cinema;
- Escritórios administrativos;
- Departamentos de nutrição e médico, composto por consultórios de clínica geral, ortopedia, odontologia, fisioterapia, fisiologia e sala de raio X.
Toca da Raposa I
Inauguração: 1973
Área: 60 mil m²
Localização: Avenida Otacílio Negrão de Lima, 7.100, Bandeirantes (Pampulha), Belo Horizonte
Estrutura:
- Quatro campos (dois de tamanho oficial);
- Academia;
- Departamentos médico, de nutrição, análise de desempenho e laboratório de fisiologia;
- Escritórios administrativos;
- Biblioteca;
- Refeitório;
- Alojamentos;
- Vestiários;
- Escolas de ensino fundamental, médio e língua estrangeira (parceria com Colégio Rui Barbosa e UPTIME)
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