“O cara sabe quando a coisa está ruim, o torcedor cobra. Eu entendo a parte da torcida que está acostumada a jogar Libertadores, brigar por títulos e depois ver a equipe em 16º lugar! O pior é ouvir dentro do clube: ‘acho melhor a gente não jogar a Libertadores. Jogar a Copa do Brasil que é um caminho mais fácil. Porque o Cruzeiro é copeiro e terá mais facilidades’. Você fica pensando: tem alguma coisa errada. Eu prefiro não falar nomes, quem comentou isso. “, disse, em entrevista ao Programa Bastidores, da Rádio Itatiaia.
Relação com o grupo
A convivência com Roger e o ex-treinador Cuca também foi alvo das declarações do armador. “Eu não sou amigo do Roger. Como não sou amigos de tantos. O Cuca me cobrava isso: ‘você não é meu amigo’. Eu falava com ele que eu não era seu amigo, eu era seu jogador, seu funcionário. Eu tenho amigos. Fiz grandes amigos e perdi grandes amigos no futebol. Mas o Cuca me cobrava e eu falava que eu não ia me abrir. Eu não era obrigado a abrir a minha vida pessoal. Talvez, se fosse o Adilson, eu conversaria. Mas com o Cuca e o Roger era a mesma coisa.”, afirmou Gilberto, que aproveitou para comentar a situação que resultou em sua saída da Toca.
“Eu conheço o Roger não é de hoje. A gente jogava futsal no Rio de Janeiro. Desde os 11 anos, que eu conheço ele. Não foi por isso (Roger) que eu saí do Cruzeiro. Nós até temos amigos em comum. Talvez , na cabeça do Dimas (ex-diretor de futebol), ele pode ter entendido que eu não tinha um ambiente bacana. Politicamente, ele (Dimas) deve ter entendido que para o grupo era importante o Gilberto sair. Porque tinha um salário alto. Não estava jogando todas as partidas por causa de uma lesão no tendão. Acharam que o Roger era mais importante para o clube”, frisou.
Nada de jogar na lateral...
Outro episódio que rendeu na segunda passagem de Gilberto pelo time estrelado foi a posição em campo. Contratado para ser armador, o atleta atuou em algumas oportunidades na lateral esquerda, inclusive na campanha da Libertadores, e demonstrou insatisfação com a mudança de função.
“Eles queriam que eu jogasse de lateral-esquerdo, mas eu entendia que não era mais a fase de jogar assim. Eu me lembro que o Joel tinha saído, e o Émerson me chamou e disse que me utilizaria na meia. Nós fomos jogar contra o Palmeiras e ele comentou que contava comigo, mas eu vinha de lesão e seria difícil jogar os 90 minutos”, disse Gilberto, antes de explicar o motivo que o fez pensar em encerrar a carreira, depois de um duelo contra o Verdão, pelo Brasileiro de 2011.
“O Émerson comentou que jogaria com três meias, comigo, o Roger e o Montillo. Quando ele fez a segunda substituição, eu pedi para sair porque que estava cansado. Aí, o Gabriel Araújo machucou e quem foi para a lateral: ‘eu’. Nada contra ele (Émerson Ávila), mas aquilo ali me deu vontade de parar de jogar. Eu converso uma coisa com o ‘cara’ (técnico) e ele faz outra. Terminei o jogo onde não queria, o árbitro marcou um pênalti que não foi. Por isso, eu disse que queria parar”.
Polêmica no aeroporto
A série de resultados ruins do Cruzeiro fez com que o empate contra o Palmeiras culminasse com uma explosão nos bastidores do grupo. No desembarque de alguns atletas, o meia conversou com a imprensa e pediu que a cobrança fosse compartilhada com todo o elenco.
“Depois do jogo, ninguém queria voltar para Belo Horizonte. Apenas eu, Leo, Leandro Guerreiro e o Fábio, depois. O resto queria ir para o Rio e São Paulo. Na sessão de fotos, o torcedor me xingou, falou que eu queria ir para o Rio. Aí eu respondi: ‘você só cobra de mim’. Cobre também do Fábio, do craque da galera (Roger), por causa da promoção e a imprensa distorceu de uma forma maldosa”, lamentou.
Por que não deu certo?
Depois da saída de Adilson Batista, que ficou três temporadas na Toca da Raposa, o Cruzeiro demonstrou dificuldades em acertar o comando técnico. Cuca, Émerson Ávila (como interino), Joel Santana, Vágner Mancini passaram pelo clube para tentar recuperar a confiança e trazer bons resultados, mas apenas o primeiro teve números efetivos, com o título Mineiro e aproveitamento elevado na competição continental. Só que a queda na Libertadores, em casa, para o Once Caldas, e o início ruim do Nacional’2011, resultaram na saída de Cuca.
Para Gilberto, o grande problema do Cruzeiro foi a falta de reposição das peças que deixaram o plantel.”O Cruzeiro tinha uma espinha dorsal com o Adilson que foi desfeita. Quando eu cheguei, Wagner e Ramires já tinham saído. Eu entrei no lugar do Wágner, mas o time não perdeu muito. Quase ficou líder, mas perdeu pontos bobos e terminou em quarto. Depois saiu o Thiago Ribeiro, Gil, Kléber, Jonathan e o clube não contratou jogadores do mesmo nível. Aí fica difícil porque tem uma torcida que cobra. Tem jogador que comenta que eu falo demais, mas eles não entendem o peso da camisa”, completou Gilberto. Porém, o meia elogiou a chegada do volante Tinga.
“A contratação do Tinga foi maravilhosa. Excelente jogador, pessoa. Pode chegar lá e arrumar a casa. É um cara que não rende polêmicas, só joga futebol”, elogiou.
Rescisão de contrato
O armador reclamou que acordo feito com a diretoria sofreu atrasos.”O contrato da minha rescisão foi dividido em parcelas. A primeira foi quitada em dia, mas as outras atrasaram. Eu acho falta de respeito. Tem certas coisas que você pode compor. Tem que viajar com a mala do clube, mas eu não posso viajar com a minha mala e o meu tênis. São coisas de quem passou três anos e meio na Alemanha, e você sabe que pode compor isso. Para que eu vou usar uma coisa da Reebook, se a empresa não me dá nada. Para o Fábio é interessante, ele era patrocinado pela Reebook. Chegou ao ponto que achei que era melhor sair”, finalizou.